Woloszyn – Os perigos das Ideologias Extremistas


André Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos e
Membro de Núcleo de
Estudos de Segurança da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. 

Ideologias Extremistas –

Os Paradoxos Parte 1 Link
Os Perigos    Parte 2 Link

 
 

Vimos anteriormente, na primeira parte, que as ideologias extremistas sobrevivem de  realidades imaginadas que estudiosos não têm conhecimento de que possam ter ocorrido em nenhuma grande sociedade na história ou mesmo, que as tentativas de impor tais ideologias tenham obtido nada mais do que vitórias enganadoras. 

No início dessa década, o fenômeno da radicalização foi ampliado, em especial, com a eficiente e massiva propaganda de recrutamento do Islamic State of Iraq and Syria (ISIS)  na internet, por meio das redes sociais aceitando, inclusive, criminosos em seus quadros, ansiosos para demonstrar mais militância dentro dessas organizações, desde que dispostos a lutar pela causa.

Como refere Amin Maalouf, é dessa forma que é plantado os germes do dogmatismo e da intolerância que em certas pessoas se espraiam, em outras, permanece latente. Seu argumento mostra-se racional pois do contrário, não teríamos tantos simpatizantes e recrutados dispostos a participarem em todos os continentes.

Por outro lado, o extremismo político, em muitos países, carecendo de maior dinâmica e agressividade em seus mecanismos de pressão, seguiu o mesmo rumo, fomentando a criminalidade e facilitando a infiltração de integrantes de organizações criminosas que, protegidos pela legislação, utilizam-se dos verdadeiros adeptos pela expertise, para instrumentalizar a violência enquanto buscam objetivos delituosos ou vantagens pontuais. A única discrepância comparada aos primeiros, é que a participação dos últimos  não se dá pela ideologia, tampouco há interesse na militância.

Essa inserção deliberada é extremamente nociva pois acarretou em deformação de alguns movimentos sociais que, sem perceberem, se aproximaram de adendos criminais, perdendo parte de sua legitimidade e credibilidade como defensores de direitos fundamentais. 

Por óbvio que, classicamente, isso não tem a menor importância uma vez que a rebelião das massas (Ortega y Gasset) é considerada apenas um meio para atingir os fins, o que Chomsky classificou em situação semelhante como rebanho assustado que é conduzido a um futuro que são  incompetentes demais para antever por sí mesmos. Aqui, novamente presente as emoções e os impulsos manipulados psicologicamente.

Não há dúvidas de que esta situação levanta um ponto importante para as democracias a exemplo do que ocorre na França. Como identificar movimentos legítimos, de insurgentes  criminosos? Por causa disso, tem havido muita controvérsia em torno das manifestações sociais, desorientando as autoridades pelo temor de críticas de segmentos da mídia que apoiam incondicionalmente tais movimentos e pela possibilidade de serem considerados, aos olhos da opinião pública, antidemocratas.   

É preciso dizer, que esta conjuntura ainda que não isolada, tem possibilitado o crescimento e fortalecimento de diversos movimentos irregulares de cunho extremista que surgem  paralelamente aos movimentos sociais e se apoderam de uma determinada ideologia apenas por conveniência. Comparado ao crime de lavagem de dinheiro, cujo objetivo é transformar uma transação financeira ilegal em um negócio legalizado, se pode afirmar que utilizam-se de um motivo legal e democrático para a prática de ações ilegais, criminosas, um novo tipo de business intelligence.

A problemática se intensifica por adquirirem expressivo poder de mobilização capaz de paralisarem os países em que atuam e onde os governos parecem não ter ideia de como lidar com esse fenômeno mundial.
 
Referências:

MAALOUF, Amin. O Mundo em desajuste: quando nossas civilizações se esgotam, tradução Jorge Bastos, Rio de Janeiro, DIFEL, 2011.
 

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