A Terceira Guerra Mundial

Nelson During

Editor-Chefe DefesaNet

Ao introduzir um comentário,  no seu discurso de posse como Comandante da Marinha do Brasil,  o Almirante-de-Esquadra Ilques Barbosa, quando saudava os representantes da Marinha Americana pesentes, afirmou:  

“Menciono a presença do representante do almirante John Richardson, chefe de operações navais da Marinha dos EUA, e do almirante Sean Buck, comandante da quarta esquadra e forças navais do comando do sul dos EUA. Estivemos juntos em três Guerras Mundiais e é essa parceria que estamos dando continuidade”. (A íntegra do discurso como preparado pode ser acessado Link)

Ao final do evento, o Alm Esq Ilques explicou aos jornalista, que se referia à Guerra Fria ao falar em “Terceira Guerra Mundial”.

"Eu não disse isso. Eu disse do ponto de vista histórico. A história diz que nós passamos a 1ª Guerra Mundial […] a Marinha participou em apoio aos aliados. Na 2ª Guerra Mundial, a Marinha do Brasil, o Exército brasileiro e a Força Aérea Brasileira, nós combatemos do lado dos aliados, em prol da democracia contra a tirania. E durante a Guerra Fria, nós estávamos de um lado", respondeu ao ser questionado sobre a que se referia.

O comandante da Marinha disse ainda: “Nós somos o mundo ocidental". "E é importante nós termos laços de amizade e profissionais tanto do ponto de vista da Marinha, como do Exército e da Força Aérea, com a Marinha dos Estados Unidos da América, com a França, com a Alemanha, com a Inglaterra, com a Itália, com Espanha, com Portugal.”

Ele mencionou “a magnitude das riquezas do Brasil. Na Amazônia Azul, que corresponde a 52% da nossa área continental, temos imensuráveis bens naturais e complexa e ampla biodiversidade. Nos espaços oceânicos retiramos 85% do petróleo e 75% do gás natural e por onde é transmitida praticamente toda a comunicação do Brasil através de cabos submarinos”, discursou o comandante.

 

 

Imprensa pautou a menção do Almirante Ilques da 3ª Guerra Mundial

“Em tempos de guerra e paz, é imperiosa uma rigorosa prontidão no sistema de defesa, o que envolve tanto as Forças Armadas quanto os demais segmentos da sociedade brasileira, de modo a ser alcançado o contínuo fortalecimento de todas as vertentes da soberania nacional”, disse.

O almirante afirmou que os programas prioritários da Marinha são o nuclear, o desenvolvimento de submarinos, a aquisição de corvetas da classe Tamandaré, a construção de navios-patrulha, o sistema de gerenciamento da Amazônia Azul, além do pessoal, "o nosso maior patrimônio”.

Em seu discurso na cerimônia de posse, no Clube Naval de Brasília, o almirante disse que o país precisa ser defendido de “ameaças”, as quais não especificou.

A terceira Guerra Mundial existiu?

Em 2001, semanas após os ataques terroristas de 11 SET 2001, DefesaNet publicou uma série de 4 artigos especiais do Prof Fernando Sampaio. Com clarividência e antecipando o futuro Sampaio expôs:

 "Cada Era tem sua formas de peculiares de guerra e tem que ter, portanto, sua própria Teoria da Guerra. Quem quiser compreender a guerra deve analisar argutamente sua própria época".

É por causa destas considerações de Clausewitz, entre outras, que podemos afirmar que começou a 4ª Guerra Mundial e esta guerra é uma Guerra de Excluídos contra os Incluídos (apocalípticos contra integrados, como diria Humberto Eco, em seu livro de 1965) e a primeira guerra global, no sentido que ela será travada em todos os lugares, de forma não convencional (ou se preferirem, dentro de outro tipo de convenções e incluirá um combate múltiplo, entre classes, etnias, religiões e tradições culturais.

Todos sabemos que a 3ª Guerra Mundial, que começou mais ou menos em 1948 (Bloqueio de Berlim, etc.), já terminou com a Queda do Muro e a subseqüente extinção do Império Soviético (1991).

Uma guerra que foi conhecida como "Fria", travou-se por um domínio ideológico, centrado numa doutrina herética de origem ocidental, o Comunismo, que se apresentou como religião leiga, de fundo salvacionista e milenarista, propondo a construção de uma Utopia e o desenho de um homem novo".

A estratégia adotada pelos Estados Unidos nesta guerra foi a de cercar o inimigo na zona chamada de Rimland ou Anel Interior (Spykman e outros, doutrina Truman, guerra periférica] e por procuração), impedindo que ele extravasasse do Heartland e ao mesmo tempo esgotando seus recursos, fazendo-o correr uma série de pontos de fricção em sua enorme periferia. Coréia, Indochina-Vietnã, mas também Líbano, Oriente Médio, Balcãs, Turquia, todos eram pontos de atrito, de desgaste, onde o Império Soviético tinha de desdobrar forças, recursos, gente, para fazer frente a uma coalizão bem orquestrada, muito mais rica e adiantada, científica e tecnologicamente, até que se chegou ao ponto de ruptura e o Bloco Comunista (ou do "socialismo real") deixou de existir.

Nota 1 – Terror Global . A 4ª Guerra Mundial   Publicado em 2001 republicado em 2004.

Aconselhamos os leitores a lerem as 4 Notas Estratégicas produzidas pelo Prof Fernando Sampaio, com os links indicados no box abaixo.

 

Notas de Geopolítica e Estratégia

pelo Prof. Fernando G. Sampaio©

Conferencista e Professor de Pensamento Geopolítico e Estratégico, Escola Superior de Geopolítica e Estratégia (ESGE)

Terror Global – A 4ª Guerra Mundial

Textos publicados originalmente em Outubro de 2001

Nota 1 – Terror Global . A 4ª Guerra Mundial

Nota 2 – O Cenário da Guerra

Nota 3 – Os Antecedentes da Guerra

Nota 4 – O aspecto Religioso da Guerra

(X) Conferencista e Professor de Pensamento Geopolítico e Estratégico, Escola Superior de Geopolítica e Estratégia, Porto Alegre/RS – Brasil

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