Exército Brasileiro reafirma capacidade operacional na Amazônia durante a Operação Atlas 2025

Paraquedistas, defesa antiaérea e unidades DQBRN demonstram prontidão estratégica no extremo norte do país

Boa Vista (RR) — O Exército Brasileiro realizou, nos primeiros dias de outubro, uma série de operações combinadas no âmbito da Operação Atlas 2025, o maior exercício conjunto das Forças Armadas neste ano.

A atividade, conduzida na região amazônica, reuniu tropas paraquedistas, unidades de defesa antiaérea e elementos de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN), evidenciando a integração entre tecnologia, doutrina e preparo humano para atuar em cenários operacionais complexos.

Infiltração aeroterrestre marca início das ações

Na manhã de segunda-feira (6), militares da Força-Tarefa Afonsos executaram um salto tático sobre a região de Boa Vista (RR), em mais uma etapa da Operação Atlas. O objetivo foi exercitar técnicas de infiltração aeroterrestre para conquistar uma Cabeça de Ponte Aérea atrás das linhas inimigas, permitindo o avanço de forças ofensivas no interior do território simulado.

A ação começou ainda na madrugada, com os 80 integrantes — provenientes do 25º Batalhão de Infantaria Paraquedista e de módulos da Brigada de Infantaria Paraquedista — realizando preparação e equipagem na Base Aérea de Boa Vista. Após inspeções individuais conduzidas por mestres de salto e briefing conjunto com precursores e tripulação, as tropas embarcaram em duas aeronaves C-105 Amazonas, que realizaram quatro passagens sobre a zona de lançamento.

O salto foi conduzido no modo semiautomático, a partir de 1.000 pés (cerca de 304 metros). Com o acionamento automático dos paraquedas RZ-21, os militares mantiveram espaçamento regular e sequência controlada de saída, aterrando no ponto previsto e reorganizando-se para o cumprimento da missão.

A atividade evidenciou o alto nível de adestramento e a capacidade de projetar poder de combate por meio de infiltrações aéreas táticas, um dos diferenciais da Infantaria Paraquedista brasileira.

Defesa antiaérea testa integração de sensores e armamentos

Paralelamente, em 5 de outubro, a Artilharia Antiaérea do Exército foi empregada para testar a prontidão e integração de sistemas de defesa contra ameaças aéreas de baixa altura. A atividade reuniu militares do 5º Grupo de Artilharia Antiaérea de Selva, unidade subordinada ao Comando de Defesa Antiaérea, com emprego do Radar SABER M60 e seções de mísseis RBS 70.

O exercício iniciou com o deslocamento das frações até a área designada, seguido da ocupação do terreno e instalação dos sistemas. As armas foram então integradas ao Centro de Operações Antiaéreas (COAAe) — “o cérebro” da defesa —, estabelecendo uma posição de defesa antiaérea completa. Cenários progressivos de ameaça permitiram testar a detecção e o engajamento de aeronaves hostis, além da coordenação entre sensores, armamentos e comando.

Os resultados confirmaram a eficácia do sistema antiaéreo de baixa altura na proteção de tropas e infraestruturas estratégicas, reforçando a capacidade dissuasória da Força Terrestre e gerando importantes lições para o aprimoramento de comando e controle.

DQBRN garante proteção das tropas em ambiente hostil

Um dos destaques tecnológicos da Operação Atlas foi a atuação da Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN), que desempenhou papel crucial na proteção das tropas. O 1º Batalhão DQBRN, sediado no Rio de Janeiro, foi deslocado para a Amazônia com equipamentos de ponta para garantir a continuidade das operações mesmo diante de ameaças contaminantes.

Segundo o Tenente-Coronel Bifano, comandante da unidade, a missão inclui verificação e descontaminação de eixos de progressão, portos fluviais e estruturas de apoio às tropas. “Simulando uma situação de combate em que o inimigo tenta negar acesso a essas áreas, a defesa QBRN verifica se existe contaminação e atua para descontaminar locais e militares”, explicou.

O ambiente amazônico impôs desafios adicionais, como alta umidade e temperatura, que afetam o desempenho dos combatentes equipados com roupas de proteção pesadas. A atuação DQBRN também tem caráter estratégico: além de sua importância no exercício militar, prepara a tropa para a COP 30, que será realizada em Belém (PA), reunindo dezenas de Chefes de Estado e demandando uma resposta especializada para cenários de ameaça QBRN.

Para ampliar a capilaridade da defesa, o Exército conta ainda com a Companhia DQBRN em Goiânia (GO) e Pelotões de Resposta Inicial distribuídos por todo o país, além do Comando de Defesa QBRN, que coordena nacionalmente essa capacidade.

Prontidão e dissuasão no extremo norte

A Operação Atlas 2025 reafirma o compromisso do Exército Brasileiro com a defesa do território nacional, unindo alta tecnologia, doutrina aplicada e efetivo adestrado em ambiente real. As ações combinadas de paraquedistas, defesa antiaérea e unidades DQBRN demonstram uma força terrestre moderna, capaz de enfrentar ameaças múltiplas e preservar sua capacidade de combate em qualquer cenário.

Ao integrar planejamento, interoperabilidade e inovação tecnológica, o Exército fortalece sua postura de prontidão e dissuasão, elementos centrais para a defesa do Brasil no século XXI.

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