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Major Curió, combateu a Guerrilha do Araguaia e comandou Serra Pelada

Equipe DefesaNet

 

O tenente-coronel reformado do Exército Sebastião Rodrigues de Moura, mais conhecido como Major Curió, morreu na quarta-feira (17AGO2022), em Brasília, aos 87 anos.

Pode-se fallar de tudo de Curió menos que não seja polêmico e se arrisque. Com participação nas campannhas do Araguaia, e  depois comandou o garimpo de Serra Pelada. Curió trabalha para o Serviço Nacional de Informações o SNI.

As notas publicadas na imprensa sobre o Major Curió são caregadas de erros e ódio com palavras que não correspondem aos fatos e pouco entendem o que foi o assasssinato de jovens idealistas, urbanos, enviados para criar uma Guerrilha na Floresta. Um delirio dos lídere do PC do B (então como agora filiados à República Popular da China).

Menção que a União Soviética seguindo os acordos gerados pela Crise dos Mísseis não patrocinou luta armada no Brasil.

Para uma leitura sobre os movimentos guerrilheiros na Amazônia indicamos os excepcionais artigos do então Cel Álvaro Pinheiro, publicados originalmente na revista americana Miitary Review.

 

Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro

Parte 1 O Passado Link

Parte 2 A Guerrilha do Araguaia Link

Parte 3 A Experiência do rio Traíra Link

DefesaNet menciona que o fato mais notável da carreira de Curió foi o conrole de Serra Pelada. Um aglomerado humano de que praticamente, zero pessoas, passou para 116.000, em menos de um ano todos contaminados pela “febre do ouro”.

A atividade garimpeira na região começou em 1979, quando o agricultor Genésio Ferreira da Silva descobriu uma pepita de ouro de 13 quilos em suas terras.

Cinco semanas depois da descoberta, 3 mil pessoas foram para a região, em busca de fortuna. No primeiro semestre de 1980, Serra Pelada já contava com 5 mil mineiros vindos de todas as partes do Brasil, especialmente do Nordeste.

O Major Curió tornou-se popular entre os garimpeiros, a ponto de se eleger deputado federal e prefeito de Curionópolis, cidade batizada em sua homenagem, e de liderar uma revolta contra o governo.

Mineiro, nasceu em 1934 em São Sebastião do Paraíso, numa família de pequenos comerciantes. Influenciado por um primo que lutou na Segunda Guerra, decidiu seguir carreira militar na adolescência.

Foi aprovado na Escola Preparatória de Cadetes, que o colocou na unidade de Fortaleza. No Ceará, ganhou o apelido de Curió —não pelo canto do pássaro, mas por outra característica, ser um animal pequeno e briguento. De lá, passou na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

Após a graduação, serviu em diversas cidades, como Francisco Beltrão, no Paraná. Em maio de 1973, já agente do SNI (Serviço Nacional de Informações), foi enviado a Araguaína, no atual estado do Tocantins, com a identidade falsa de Marco Antonio Luchinni, técnico do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). De início, sua missão era coletar informações sobre a guerrilha, a operação Sucuri.

Em serra Pelada buscou disciplinar o caos com mão de ferro. Cercou a jazida, eliminou o pagamento de porcentagem do ouro retirado, controlou o preço dos alimentos, combateu a criminalidade, cadastrou os garimpeiros, proibiu a entrada de mulheres e abriu uma agência da Caixa Econômica Federal para combater o contrabando.

Carismático, conquistou a devoção de milhares de garimpeiros. Sua fama também aumentou graças a entrevistas para inúmeras reportagens sobre Serra Pelada. O grupo de humor Os Trapalhões chegou a gravar um filme no local, em que o personagem-herói de Didi ganhou o nome de Curió.

O próximo passo foi a incursão na política. Em 1982, elegeu-se deputado federal com 59 mil votos, pelo Partido Democrático Social. No Congresso, defendeu os garimpeiros e conviveu com o ex-guerrilheiro do Araguaia José Genoino (PT), capturado e torturado antes do período mais violento.

No novo papel, colocou-se ao lado dos trabalhadores de Serra Pelada quando a então estatal Vale do Rio Doce agia para assumir a exploração. Em desafio a Figueiredo, mobilizou milhares de garimpeiros, que destruíram casas de funcionários da Vale e cercaram Carajás, a jazida de ferro. O governo recuou.

Mesmo após 1985, Curió manteve algo de seu prestígio. Em 2000, foi eleito prefeito de Curionópolis, surgida a partir dos bordéis que funcionavam fora do perímetro de Serra Pelada.

Foi reeleito em 2004, mas acabou cassado antes do fim do mandato por corrupção. Em seguida, mudou-se para Brasília. Um movimento para mudar o nome da cidade fracassou, mas o estádio da cidade, o Curiozão, foi rebatizado de Beija-Flor. Nas últimas décadas, parentes de guerrilheiros mortos, o Ministério Público Federal e a Comissão Nacional da Verdade (CNV) tentaram responsabilizar Curió por possíveis crimes cometidos no Araguaia, mas, protegido pela Lei da Anistia (1979), morreu sem ser julgado.

O Tenente-coronel reformado do Exército Sebastião Rodrigues de Moura, mais conhecido como Major Curió e Família, recebido pelo Presidente Jair Bolsonaro.

Numa de suas últimas aparições em público, em maio de 2020, ele, de cadeira de rodas, foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. No dia seguinte, nota da Secretaria de Comunicação Social da Presidência chamou de "heróis do Brasil" os militares que combateram a Guerrilha do Araguaia.

O desagravo oficial ao militar reformado que foi criticado por ONGs de direitos humanos e levou a PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão), órgão ligado à PGR (Procuradoria-Geral da República), a abrir uma investigação por apologia de crimes contra a humanidade.

O velório de Curió ocorreu em Brasília, na quarta (17). O corpo será enterrado nesta quinta (18) em São Sebastião do Paraíso (MG), onde nasceu. Filho do militar, o empresário Sebastião Curió Filho disse que, apesar das críticas, o pai deixa um legado exemplar aos familiares.

"Fica um ensinamento, sem falar de política. Uma pessoa que nuca mudou o seu pensamento, que sempre teve uma diretriz. A história um dia vai contar: ele deixou um legado de honestidade, lealdade, amizade. Para nós, fica essa grande forma de viver que ele teve. Sempre foi uma pessoa, para alguns, errado, e para outras, exemplar."

 

Bolsonaro ligou para os filhos de Curió durante a manhã. "Ele transmitiu solidariedade, o sentimento dele, mandou abraço a família. Nada mais", completou o empresário.

O militar reformado deixa ao menos seis filhos, de diferentes relacionamentos.

"Quem eu sou?", disse Curió ao repórter Leonencio Nossa, após se aposentar da carreira política. Ele mesmo respondeu: "Um homem forte que participou da derrota dos comunistas e controlou 80 mil no garimpo. Um homem com medo da solidão. Triste o fim, né?".

 

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