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Forças Armadas, Audiências Públicas no Senado

Paulo Ricardo da Rocha Paiva
                                                                                  Coronel de Infantaria e Estado-Maior


As audiências públicas da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Senado estão levantando vulnerabilidades estratégicas sem precedentes. Para que se tenha idéia, foi debatido em painel“O Papel das Forças Armadas: Missão Constitucional e Atividades Operacionais; Função Social; Serviço Militar Obrigatório ou Voluntário”. A dimensão de assunto de importância vital para a sociedade brasileira não tem motivado os senadores. Com certeza, a grande maioria deles está sempre atarefadissima “trabalhando muito mais” junto às bases eleitorais nos estados federação do que propriamente no Congresso. Aliás, só uma lupa para se conseguir divisar alguma “prima dona” senatorial, seja da base carcomida do governo, seja da panelinha perdida da oposição, na programação da referida comissão durante este ano.

De qualquer forma, o preparo e a lucidez revelados nas exposições dos especialistas, neste painel, todas praticamente convergindo para conclusões em acordo, deixaram a impressão de que ainda existe uma núcleo de pensadores no País capaz de diagnosticar as nossas possibilidades e limitações, os problemas que temos capacidade para resolver e as ameaças que fogem ao nosso controle com os meios disponíveis no tempo presente.

A franqueza preocupada com que um general se manifestou, para o público que se ligou na TV SENADO em anoitecer melancólico, foi de forma a impressionar a todos os presentes. E o militar não usou de meias palavras, foi quase que um desabafo. Entre outras coisas, com relação à missão das Forças Armadas, no referente à sua destinação constitucional para a defesa da Pátria, o profissional das armas, membro da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, praticamente em tom de denúncia, alertou: que estas instituições nacionais chegaram ao seu limite; que hoje, na situação de penúria em que se encontram, elas simplesmente “não estão em condições de defender a Pátria, sua missão principal”. Disse, também, que só um submarino nuclear não basta para garantir o entorno do pré-sal, sendo necessária no mínimo uma flotilha destes submergíveis. Quanto a esta verdade, que se esclareça: tão somente a propulsão nuclear não adianta em nada. Será que somos tão “crédulos de carteirinha” ? De que valeria somente a submersão por mais tempo e fugir com maior velocidade e autonomia? Há que se dispor destas belonaves com a capacidade de retaliar, de disparar mísseis, mesmo que convencionais, na situação de submersas.

Infelizmente não dá para discorrer sobre todos os fatos concretos alertados pelo militar, entretanto, quando em uma imagem no “power point” foi mostrada a situação periclitante da nossa fronteira norte, quase toda ela delimitada por reservas indígenas descomunais, a ficha caiu para o Senador Fernando Collor, presidente da dita comissão e maior autoridade no encontro. A “área yanomany”! Sua imagem desabou como uma bomba no colo de quem procurou justificar o injustificável. A nacionalidade um dia ainda vai cobrar do político inconseqüente este desatino. Decididamente, estamos a caminhar em túnel sem saída. Aonde vamos parar com este senhor presidindo, simplesmente não dá para acreditar, a Comissão de Defesa no Senado da República? O aposentado “caçador de marajás” vai se dignar a ouvir especialistas militares? Sim porque na época em que ocupava a suprema magistratura do País não lhe faltou o assessoramento de quem sabe das coisas. Mas, convenhamos, pior do que ele ainda só mesmo o colegiado senatorial que, tal qual um grupelho de mentecaptos, sem nenhum compromisso com a realidade, o alçou a função de tamanhas magnitude e importância. Enfim, para tranqüilidade de todos, a audiência chegava ao seu final. Já eram aproximadamente oito horas da noite, quem sabe algum parlamentar até já tivesse chegado a Brasília para o ”batente” da semana de três dias, quem sabe?

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