Venezuela – EUA processam Maduro por narcoterrorismo e oferecem US$ 15 milhões por sua prisão

Nota DefesaNet

Para maiores detalhes da ação americana acesse em inglês:

US Government charge Maduro and more 14 Venezuelan Officials Link

O Editor

O Estado de S.Paulo

26 de março de 2020

Atualizado 26 de março de 2020 20h49

NOVA YORK – Os Estados Unidos indiciaram nesta quinta-feira, 26, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, por narcotráfico e ofereceram US$ 15 milhões por informações que possam levar à sua prisão. Autoridades americanas acusam Maduro de liderar um cartel de drogas que inclui outros 13 membros do governo venezuelano.

Além de Maduro, os EUA colocaram um preço de US$ 10 milhões pela cabeça de Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Constituinte e número dois do chavismo; Hugo Carvajal, ex-diretor da inteligência do Exército; Clíver Alcalá, general reformado; e Tareck El Aissami, vice-presidente para a área econômica.

 

Mapa apresentado pelo Secretário da Justiça dos Estados Unidos, William Barr.

“Eles são acusados de terem participado de uma associação criminosa que envolve uma organização terrorista extremamente violenta, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), e de um esforço para inundar os EUA com cocaína”, disse hoje o secretário de Justiça, William Barr, que calcula que até 250 toneladas de cocaína tenham sido enviadas sob a proteção do governo venezuelano para o mercado americano.

Em resposta, o governo venezuelano afirmou que os EUA estão tentando aplicar uma nova modalidade de golpe. "A Venezuela denuncia uma nova modalidade de golpe de estado com acusações miseráveis, vulgares e infundadas que tentam minimizar o alto reconhecimento que a Venezula possui na luta contra o narcotráfico", disse o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, em um comunicado transmitido pela TV estatal. 

Mais cedo, Maduro respondeu, acusando os EUA e a Colômbia de tentarem mergulhar a Venezuela “na violência”. O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, disse que o indiciamento mostra que o governo americano está “desesperado”. “A decisão de oferecer uma recompensa pela captura de Maduro mostra a obsessão dos EUA com a Venezuela”, disse Arreaza.

Na prática, a medida não tem efeitos imediatos, explica Vinicius Rodrigues Vieira, professor de relações internacionais da FAAP, mas do ponto de vista diplomático é um passo importante. "Temos uma escalada por parte das ações dos EUA", disse. "Sinaliza para a oposição e os partidários de Juan Guaidó (presidente autodeclarado) que os Estados Unidos continuam dispostos a derrubar o Maduro".

No início, os EUA optaram por sanções individuais contra autoridades. Depois, em medidas mais amplas que bloquearam a Venezuela do sistema financeiro dos EUA. Além disso, um embargo ao petróleo venezuelano no ano passado tirou de Caracas sua maior fonte de moeda forte.

 

A acusação surge no momento em que a oposição venezuelana, comandada por Guaidó e apoiada pela Casa Branca, vem perdendo força, especialmente após o surto de coronavírus retirar as pessoas dos protestos nas ruas.

Embora incomum, acusações de envolvimento de chefes de Estado com o narcotráfico não são novidade. Juan Orlando Hernández, presidente de Honduras, é investigado por lavagem de dinheiro e narcotráfico – ele teria recebido milhões de dólares em subornos de traficantes. Seu irmão, Antonio, ex-deputado, está preso nos EUA, onde está sendo julgado por homicídio e tráfico de drogas.

O presidente do Suriname, Desi Bouterse, foi condenado a 11 anos de prisão na Holanda, por traficar 474 quilos de cocaína. Ele seria líder do chamado “Surikartel”, que envia drogas do Brasil para a Europa. A Europol mantém um mandado de prisão contra ele, que não teria imunidade diplomática em razão de o crime ter sido cometido antes de ele virar presidente.

No passado, os casos mais conhecidos são de Manuel Noriega, ex-ditador do Panamá, que se envolveu com os cartéis colombianos e acabou derrubado após uma operação militar americana, em 1989, e do general boliviano Luis García Meza, colocado na presidência em 1980 após uma manobra conhecida como “Golpe da Cocaína”.

Após assumir, seu ministro do Interior, Luis Arce Gómez, começou a libertar contrabandistas e narcotraficantes da cadeia, que se juntaram aos esquadrões da morte comandados por Klaus Barbie, o “Carniceiro de Lyon”, ex-diretor da Gestapo, que vivia foragido na Bolívia.

Secretário da Justiça dos Estados Unidos Willian Barr

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