Gen Ex Pinto Silva – As Teorias e a Crise no Brasil

AS TEORIAS E A CRISE NO BRASIL

Carlos Alberto Pinto Silva.[1]

A história ensina que quem mais perde com essa disputa política, inconsequente, para a derrubada do governo e a tomada do Poder, é a sociedade como um todo.

1.  GENERALIDADES.

1.1 TEORIA DO CAOS

A ideia central da teoria do caos estabelece que fatores insignificantes e distantes podem, eventualmente, produzir resultados catastróficos imprevisíveis e absolutamente desconhecidos no futuro.

Dessas circunstâncias surge a figura do caos, da desestabilização e a desagregação da máquina do Estado, e como os dedos do caos são compridos, muitas vezes não conseguimos perceber precisamente o que ele nos traz, fazendo com que a dúvida e a insegurança dominem todas as ações e a capacidade de indignar-se e reagir.

No caos as manifestações e ações dos políticos, da justiça, e das organizações da sociedade parecem espontâneas. Disso vem sua força. Entretanto, quase cada detalhe de tudo é muito bem pensado e planejado.

O objetivo das ações é dividir a sociedade, polarizar o enfrentamento, e obrigar o poder a se curvar.

“Especialistas ligados às ciências humanas identificam o “dedo do caos” em revoluções políticas, em transformações econômicas e na modificação da sociedade, costumes e regras morais. 

Um exemplo atual é o uso, pelos opositores [2], do caos causado pela Pandemia, como arma política para desestruturar e desacreditar o Poder Executivo.

1.2 TEORIA CONSPIRATÓRIA

“As teorias da conspiraçãoaumentam em períodos de ansiedade generalizada, incerteza ou sofrimento, como durante guerras e depressões econômicas e após desastres naturais como tsunamis, terremotos e PADEMIAS”. [3]

“O fenômeno sugere que o pensamento conspiratório é impulsionado por um forte desejo humano de conferir sentido a forças sociais relevantes, significativas e ameaçadoras” .[4]

A teorização da conspiração resultante deriva de um senso coletivo de ameaça ao grupo, cultura, estilo de vida e assim por diante[5].

Como exemplo é tentar passar para a população que a “Operação Lava Jato” trabalhou para tornar Lula inelegível e favorecer a eleição do Bolsonaro.

1.3 TEORIA DO LAWFARE

“Podemos entender lawfare (guerra jurídica)da seguinte maneira: uso ou manipulação das leis como um instrumento de combate a um oponente, desrespeitando os procedimentos legais e os direitos do indivíduo que se pretende eliminar”. [6]

“Em termos ainda mais gerais pode ser entendido como o uso das leis como uma arma para alcançar uma finalidade político social, essa que normalmente não seria alcançada se não pelo uso do lawfare.”

“A professora Susan Tiefenbrun explica que:“lawfare é uma arma projetada para destruir o inimigo usando, maltratando e abusando do sistema legal e da mídia, a fim de levantar um clamor público contra aquele inimigo” (2010).”

A imprensa tem papel fundamental na aplicação do lawfare, especialmente como instrumento para afetar a imagem de determinada pessoa.

Na realidade brasileira, para viabilizar a desestabilização e o descrédito do governo, são constantes as ações na justiça de partidos políticos, grupo de intelectuais, organizações sociais, tentando o uso das leis como arma para alcançar objetivos políticos. [7]

2. A CRISE NO BRASIL.

Um dos elementos-chave para resolver uma crise é o reconhecimento de que ela existe.

2.1 RISCOS À GOVERNANÇA

Entre os riscos aos processos para as condições de governabilidade pode-se destacar:

– Falta de planejamento estratégicos e avaliação na formulação e execução de políticas públicas.

– Agenda legislativa conflitante, sem priorizar as necessidades do governo, e sujeita a oscilações.

– Aparelhamento e desprofissionalização da administração pública federal.

– Prevalência de altos níveis de corrupção na política e na administração pública.

– Protagonismo do Poder Judiciário.

– Atuação do crime organizado.  A relação das organizações criminosas com o mundo lícito é parasitária, ou seja, o crime organizado não atua no sentido de dominar ou destruir a estrutura social, mas sim de aproveitar-se dela. O crime organizado caminha para ser parte e parcela do sistema político e econômico  8].

2.2 RISCOS À DEMOCRACIA

A democracia corre muitos riscos, sobretudo quando ocorre uma aliança de fatores, que, mesmo que aparentemente desassociados, são otimizados e sutilmente aproveitados por seus inimigos, como o que ocorre atualmente:

– Aumento das diferenças sociais e da pobreza;

– Concentração de poder devido à falta de contrapesos políticos horizontais havendo disputa entre os Poderes da República;

– Preponderância do Poder Judiciário;

– “Pós verdade” usada para situações em que os fatos objetivos são ignorados na argumentação, declaração ou persuasão;

– Concentração de poder por falta de contrapeso na mídia, organizações empresariais e da sociedade civil; e

– Concentração de poder devido à falta de contrapesos políticos verticais (Governo Federal, Estados e Municípios).

3.  CONCLUSÃO.

A democracia pressupõe, ao mesmo tempo, um grau de estabilidade política e da aceitação das mudanças ordenadas e legitimas do Poder, caso contrário, o chamado regime democrático de direito, mergulha em um agitado período de crise e disputa política.

A luta não é ideológica e sim pela vida, por liberdade, pela defesa de instituições republicanas, e pela democracia.


[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Buda Inf. Sol, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.

[2] Imprensa, parte do judiciário e do legislativo e das organizações da sociedade.  

[3] Professor Scott A. Reid, do Departamento de Comunicação da Universidade de Califórnia, nos Estados Unidos.

[5] O historiador norte-americano Richard Hofstadter – https://www.ecycle.com.br/8941-teoria-da-conspiracao.html

[6] Lawfare: o que esse termo significa? –  https://www.politize.com.br/lawfare/

[7] Partidos de oposição, alguns com pouca representatividade no Congresso, têm conseguido impor os maiores reveses sofridos pelo Palácio do Planalto no Supremo Tribunal Federal (STF). https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,oposicao-aciona-supremopara-impor-derrotas-a-bolsonaro,70003584997

[8] Crime organizado, estado e segurança internacional – https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-85292011000200005#nt

Nota DefesaNet

 

O Gen Ex Pinto Silva tem nos brindado com análises fundamentais para o entendimento e os riscos à Democracia Nacional e à integridade Nacional, tanto Territorial como Social.

Recomendamos a leitura dos seguintes artigos (listados por data de publicação):

Gen Ex Pinto Silva – Uma Luta Contínua pelo Poder

Desestabilização: a atual ameaça à ordem pública brasileira

O Governo Mundial Através da Guerra Política Permanente

Excepcionalismo Americano e Francês

O Brasil e o Antagonismo Internacional

Importância da População para a Defesa da Amazônia

Manipulação da Opínião Pública Nacional e Mundial para a Desestabilização do Governo Jair Bolsonaro

 

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