Gen Ex Pinto Silva – Uma Vitória sem Disparar um Tiro?

UMA VITÓRIA SEM DISPARAR UM TIRO?

Carlos Alberto Pinto Silva[1]

Nossos oponentes estão ganhando as mentes e os corações do nosso povo para a causa da internacionalização Jurídica da floresta Amazônica, através de uma campanha midiática da imprensa nacional e internacional?

GENERALIDADES:

“Segundo se noticia, de um lado, China, Rússia, Irã e Coreia do Norte e, de outro, EUA, Israel, Reino Unido e França dispõem de meios cada vez mais sofisticados para obter informações de governos e de empresas, para influir na vida das pessoas e destruir a infraestrutura e objetivos estratégicos.

Na última década estes países desenvolveram e experimentaram, com crescente capacitação, técnicas para alterar informações e sistemas em outros países. Por anos, conduziram espionagem cibernética para recolher inteligência e colocar em risco a infraestrutura de outras nações”[2]. (Embaixador Rubens Barbosa – O Estado de São Paulo).

DESAFIOS:

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que está “em aberto o debate sobre a internacionalização Jurídica da floresta amazônica”.

– WASHINGTON– Um grupo de 11 senadores americanos do Partido Democrata pede o adiamento das negociações de um acordo de livre comércio com o Brasil até que o governo brasileiro resolva a questão do desmatamento na Amazônia.[3]

– O deputado democrata Peter DeFazio propôs uma lei para barrar a importação de carne, soja, couro, madeira, açúcar, tabaco, papel, milho e petróleo do Brasil. O texto menciona também proibir que o representante de Comércio americano leve adiante negociações de um acordo de livre comércio com o país, devido à “falha do governo do Brasil em combater agressivamente os incêndios na Floresta Amazônia e o desmatamento”.[4]

GUERRA INFORMACIONAL:

A ideia é de implodir o Estado via convulsão social, com o auxílio de uma oposição radical, na luta para desestabilizar o governo, desacreditar autoridades, e criar o caos na sociedade, sucedendo-se a crise política.

– “Nós falhamos na comunicação. Esse é o ponto mais importante. A comunicação das ações, daquilo que estava sendo feito e tudo mais. A comunicação podia ser melhor e, agora, vai ter de ser melhor. Isso é algo que a gente precisa reconhecer, é um fato.[5] Ricardo Salles – Ministro do Meio Ambiente.

“Para 75% dos brasileiros, o interesse internacional na Amazônia é legítimo e a floresta está correndo riscos. A gestão de Jair Bolsonaro (PSL) no combate ao desmatamento e a queimadas, por sua vez, é vista como ruim ou péssima por 51%”[6]. Esses são alguns achados de pesquisa do Datafolha realizada nos dias 29 e 30 de agosto 2019.

Nossos oponentes estão ganhando as mentes e corações do nosso povo para a causa da internacionalização Jurídica da floresta Amazônica,através de uma campanha midiática da imprensa nacional e internacional[7]. Uma vitória parcial sem disparar um tiro.

REAÇÃO.

Mobilização da Sociedade.

– Num momento em que as pessoas estão mais fiéis aos interesses de grupos ou partidos do que aos nacionais, é necessário que o governo apresente ao povo o objetivo político da Defesa de Soberania na Amazônia, as estratégias para a defesa do nosso território, bem como a Política Ambiental do país e as ações para sua execução.

Coesão Nacional.

“Caminho é aquilo pelo qual as vontades de governante e governado são unidas. Em outras palavras o caminho é o ideal, o princípio orientador ou o meio de atingir metas coletivas, aquilo que subentende a ordem e o moral de uma Nação. Sem essa coesão fatores puramente políticos, econômicos, sociais e militares não são considerados garantias suficientes de uma vitória; é por isso que o caminho é considerado de maneira determinante, até no que pareceria ser uma questão estritamente política entre governantes. É o relacionamento coletivo ou individual existente entre os homens que frequentemente determina o desfecho dos conflitos, daí a importância da confiança mútua e da coesão”[8].

– É preciso buscar e manter a harmonização dos três Poderes em assuntos de defesa e política externa.

Participação da Sociedade.

– É imprescindível a atenção e a participação da sociedade no momento de crise  política e de defesa da nossa soberania, para que as ações contra o Brasil, seu governo e seu povo não possam passar despercebidas na busca de seus objetivos, e provavelmente adquirir uma posição política vantajosa antes que sociedade possa enxergar que os ataques são contra toda a nossa terra e nosso povo, e não contra o governo Bolsonaro.

– O momento exige que todos os brasileiros sejam “RELEVANTES: isto é, serem capazes de criar, comunicar e difundir ideias e valores. Valores são vínculos que despertam nas pessoas um senso de orgulho de ser brasileiro, de pertencer a um grupo, de defender os interesses nacionais, de filosofia de vida, de padrão de caminhos a seguir.

CONCLUSÃO.

– É de suma importância novas estratégias de Defesa, justamente porque a nova realidade da Guerra Política Permanente[9] na defesa de interesses de Estados não se alinha com as antigas fronteiras de relacionamento de poder existente, alterada com a mudança de foco dos conflitos com o surgimento da Guerra de Nova Geração com ações de Guerra Híbrida.[10]

– A Defesa das nossas riquezas e da nossa Soberania na Amazônia não é um problema de governo, oposição, parlamento ou judiciário, é um problema da SOCIEDADE que no atual estágio sente falta de lideranças para orientá-la e guiá-la.

 


[1] Carlos Alberto Pinto Silva / General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste, do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres, Ex-comandante do 2º BIS e da 17ª Bda Inf Sl, Chefe do EM do CMA, Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.

 

[7] Guerra Informacional.

[8] Sun Tzu – Resumo retirado do livro “A Arte da Guerra I e II”

[9] “O uso de todos os meios de disponíveis de uma nação para alcançar objetivos nacionais sem entrar em guerra”. É uma Guerra Política Permanente na Guerra de Nova Geração.

 

[10] Guerra Híbrida: Muitos estudiosos passaram a chamar a Guerra de Nova Geração de Guerra Híbrida após a intervenção Russa na Criméia, que é composta de uma guerra política ("O uso de todos os meios de disponíveis de uma nação para alcançar objetivos nacionais sem entrar em guerra”), informacional e de atividades híbridas, e deve ser secreta pelo maior tempo possívelUm conflito no qual os atores, estado ou não-estado, exploram vários modos de guerra simultaneamente (guerra financeira, guerra cultural, guerra midiática, guerra tecnológica, guerra psicológica, guerra cibernética, o amplo espectro do conflito, empregando armas convencionais avançadas, táticas irregulares, tecnologias agressivas, terrorismo e criminalidade visando desestabilizar a ordem vigente)

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