Força Aérea usará aviões não tripulados na segurança da Copa do Mundo de 2014

Aiuri Rebello

A FAB (Força Aérea Brasileira) irá utilizar aviões não tripulados no auxílio das ações de segurança e vigilância durante a Copa das Confederações no ano que vem e na Copa do Mundo de 2014. O Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado), ou ARP (Aeronave Remotamente Pilotada), como a aeronave é conhecida, é um pequeno avião pilotado por "controle remoto" utilizado no Brasil desde 2011 em missões de reconhecimento e inteligência nas áreas de fronteira. Em outros países, como Israel, a ARP é utilizado também em missões de ataque com mísseis, mas os modelos da FAB não carregam armas, apenas equipamentos de vigilância.

Hoje o Brasil possui três ARPs israelenses do modelo Hermes 450, dois da FAB e um da Polícia Federal. As aeronaves são equipadas com sistemas eletro-ópticos capazes de localizar e acompanhar alvos tanto de dia quanto de noite. São câmeras infravermelhas, equipamento de visão noturna, rastreamento e filmagem em alta definição coloridas, com grande capacidade de aproximação do solo nas imagens capturadas. É possível, por exemplo, filmar pessoas à noite ou escondidas sob a copa de árvores. Outra vantagem é que a aeronave pode fazer isso a uma distância onde se torna impossível de ser vista ou escutada.

O Hermes 450 pesa 450 quilos, tem seis metros de comprimento e 10 metros de envergadura (da ponta de uma asa à outra). Voa a 110 quilômetros por hora e chega a 5,5 mil metros de altitude. A aeronave aguenta 150 quilos de carga e pode embarcar vários sensores simultaneamente.

Rio+ 20

De acordo com a FAB, as ARPs podem cumprir missões de busca, controle aéreo avançado, reconhecimento e Garantia da Lei da Ordem, dentre outras. As ARP têm autonomia para voos de até 16 horas e as tripulações em terra, além de não ficarem expostas às ameaças, podem se revezar durante as missões. Os dois aviões da FAB foram adquiridos por R$ 48 milhões, valor que inclui também uma estação de pilotagem em solo, sensores e apoio logístico.

Avião não tripulado localiza pista clandestina em missão na Amazônia

A utilização da ARP no auxílio da segurança em grandes eventos foi testado pela primeira vez no país durante a Rio+20, conferência sobre o meio ambiente que reuniu chefes de Estado do mundo inteiro no Rio de Janeiro, em julho deste ano. Na ocasião, a aeronave realizava voos de vigilância sobre o centro de convenções que abrigava os eventos. A FAB repassava as imagens e informações colhidas à central que coordenava todas as ações de segurança do evento.

Segundo o Ministério da Defesa, os aviões podem ser utilizados durante a Copa das Confederações, no ano que vem, e na Copa do Mundo de 2014. A aeronave deve ser utilizada, por exemplo, para ajudar na vigilância nas cidades-sede em dias de jogos importantes, com a presença de chefes de Estado, em partidas de abertura e nas finais dos campeonatos, além de eventuais ações de contraterrorismo.

Em tempo real

A FAB repassará em tempo real as imagens e informações obtidas pela aeronave ao Centro Integrado de Comando e Controle, que coordenará as ações de segurança entre Forças Armadas, polícias estaduais e federal e outras instituições durante a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014. Na Copa do Mundo, serão 12 centros de controle, um em cada cidade-sede, além de um nacional.
 
De acordo com a assessoria de imprensa da FAB, o uso da ARP durante a Rio+20 foi considerado um sucesso e as aeronaves estão prontas para prestar apoio à realização de qualquer outro grande evento. A FAB informa que a missão original do equipamento são missões de defesa do território nacional, como vigilância das fronteiras. E que o deslocamento da aeronave para o apoio nas competições futebolísticas depende de requisição formal do governo federal, que ainda não foi oficializada. Apesar disso, oficiais da FAB ligados ao assunto afirmam que o uso das ARTs nestes eventos está garantido.

Foi criada uma equipe específica para a operação dos aviões não tripulados, o Esquadrão Hórus, em Santa Maria (RS). Segundo a FAB, há planos para que novas unidades sejam adquiridas e esquadrões criados nos próximos anos em bases aéreas nas regiões Norte e Centro-Oeste. O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacional também desenvolve, em parceria com a empresa Avibrás, um projeto nacional de ARP.

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