Notas Estratégicas BR – Quem está assessorando o Presidente?

Fiel Observador

 

 

A viagem do presidente Jair Messias Bolsonaro à Rússia, marcada para meados de fevereiro é perigosa e pode representar uma decisão que pode ser um grande erro estratégico do Brasil.

A Rússia concentra tropas nas fronteiras e ameaça invadir a Ucrânia. O mundo vive seu momento mais perigoso desde a Crise dos Mísseis de Cuba. A questão ucraniana é o assunto mais discutido e que tem preocupado a comunidade diplomática mundial. Uma visita oficial a Moscou neste momento tão sensível envia uma mensagem equivocada para o resto do mundo.

A Rússia está ameaçando destruir o Sistema Internacional vigente desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Estão em jogo os valores sagrados que regem o concerto das nações: o respeito à soberania, a inviolabilidade territorial, a autodeterminação dos povos e a resolução pacífica dos conflitos.

O mundo quer saber a posição do Brasil nesta grave crise. Seguindo a tradição da política externa brasileira essa reposta seria fácil. Entretanto, a visita de Bolsonaro a Putin neste momento não ajuda, é totalmente descabida, inoportuna e pode envolver o Brasil numa séria crise internacional, destruir a já capenga política externa e minar os esforços do país nos processos de cooperação para construção da paz internacional.

Mais grave, a Rússia pode preparar um “kompromat” (ação de inteligência e comprometimento), uma especialidade russa e , invadir a Ucrânia justamente durante a visita oficial de Bolsonaro e colocar o Brasil como coadjuvante na crise. A imprensa russa vai dizer que os dois mandatários discutiram o assunto antes da invasão. Imagine Jair Bolsonaro em Moscou enquanto os tanques atravessam a fronteira. Foto de capa dos principais jornais do mundo.

O Brasil estaria avalizando a agressão militar russa. A situação colocaria o país no olho do furacão, no centro de uma perigosa e sangrenta crise internacional de final incerto e na contramão do resto do mundo, maculando para sempre nossa imagem de nação pacífica. As consequências disso seriam inimagináveis.

Ao justificar sua viagem à Rússia porque Vladimir Putin é Conservador, Bolsonaro mostrou que a missão não tem interesse econômico, como se pensava, apenas viés ideológico. Bolsonaro quer assumir o lugar de Nicolás Maduro como o fantoche de Putin no continente americano? Isto é muito perigoso. Acreditamos que isso não interessa a ninguém, muito menos ao Brasil.

Quem será o responsável por um desastre geopolítico: Chanceler Carlos França (MRE), Almirante Flávio Rocha (SAE), Ministro Braga Netto (MD), Comandantes das Forças Armadas, General Augusto Heleno (GSI)?

A ligação do secretário de Estado Anthony Blinken ao Chanceler França, em pleno domingo (ver twitter acima), véspera de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU mostra a relevância do asssunto e a tensão internacional.

 

Sabemos a arena onde estamos entrando e as possíveis consequências? Como nossos principais parceiros internacionais vão nos enxergar depois disso? Podemos suportar um provável embargo nos nossos principais projetos militares e também na exportação de  produtos de defesa e até de aviões civis? Como fica nossa relação com Estados Unidos, Europa e até a ssempre enigmática China, nossos principais parceiros comerciais?

São muitas perguntas para respostas difíceis.

 

Nota DefesaNet

IMPORTANTE

Enquanto a redação de DefesaNet editava a matéria do Fiel Observador recebemos a informação de que o Primeiro-Ministro da Hungria Viktor Orban estava em vôo, na manhã de 31JAN2022, com direção de Moscou, para encontrar-se com Vladimir Putin.

O objetivo oficial annunciado por Orban é de aumentar o fornecimento de gás russo para a Hungria.

A viagem do presidente Bolsonaro tem uma visita a Viktor Orban.

O editor 

O objetivo de ser um player diplomático internacional é charmoso, porém quem assessora o presidente tem todas as variáveis devidamente identificadas e avaliadas?     

Neste momento, a questão-chave é saber quem está assessorando o Presidente. Dependendo do que vai acontecer, essa resposta vai ser cobrada.

Sessão do Conselho de Segurança 31 Janero 2022, que trata da questão Russo-Ucraniana.

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