As dificuldades da Base Industrial de Defesa em exportar e avançar no mercado internacional
Nelson During
Editor-chefe DefesaNet
Atualizado 15:16
1 – Indústria de Defesa move-se para o Paraguai?
As principais empresas da chamada Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS), produção de armamento e munição do Brasil começam a olhar e planejam deixar o país e mudar para o Paraguai.
O motivo não seria somente a energia barata e impostos mais baixos além de uma lei trabalhista mais branda. Segundo um importante gestor do setor, as empresas estão simplesmente embretadas em uma batalha surda, sutil e quase sadomasoquista, mas mortífera nos gabinetes de Brasília.
O campo de batalha, em um jogo no qual as empresas estão perdendo contratos duramente conquistados por não estarem recebendo licenças de exportação do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Mesmo apresentando documentos e certificados de usuários finais (End User), as exportações estariam sendo atrasadas ou embargadas pela burocracia do governo brasileiro e os clientes internacionais cancelando os contratos. “Viajamos pelo mundo, participamos de feiras e promovemos nossos produtos. Quando conquistamos um importante negócio não conseguimos trabalhar”.
2 – Indústria de Defesa move-se para o Paraguai?
Outro ponto que após conseguir a licença de exportação é a obtenção de garantias bancárias. Nas negociações de defesa há a troca de garantias, tanto de quem compra como para o que vende.
Aqui não importa o cadastro bancário da empresa, mas sim as “compliances” das entidades financeiras. Não importa o VP Geraldo Alckmin declarar apoio e o primeiro nível do BB, BNDES, etc. jurarem apoio pois o terceiro escalão boicotará firmemente. Tudo em nome de uma entidade “limpinha” e “imaculada”.
3 – Indústria de Defesa move-se para o Paraguai?
Após ter folego jurídico, político e financeiro, para completar esta maratona a análise no MRE a Secretaria de Assuntos Multilaterais Políticos (SAMP), com o Departamento de Assuntos Estratégicos, de Defesa e de Desarmamento (DDEF)
Sim, deveria ser esse, o roteiro final, mas agora surge o Monte Olimpo, siga a nova trilha:
a – após o DDEF o assunto sobe à Secretaria Geral do MRE;
b – depois ao próprio Gabinete do Ministro, e no caso atual,
c – a decisão última vai ao Palácio Planalto com o Conselheiro Internacional Celso Amorim e certamente o próprio Presidente Lula (que já vetaram operações de interesse das Forças Armadas).
Final – Haja Fôlego ou é melhor ir para Assunção?
Afinal o mote da Tecnocracia de Brasília é de não vender equipamentos de Defesa ou Segurança para países ou regiões que tenham conflitos.
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