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Rússia e EUA estão à beira de uma nova guerra fria

Natalia Kovalenko

Os russos mudaram a sua atitude positiva para com os EUA após o escândalo de espionagem com Edward Snowden, enquanto os americanos se opõem às tentativas de Moscou no sentido de apaziguar os ânimos belicistas de Washington na solução do conflito sírio. Assim chegou ao fim a euforia que surgira após a queda da “cortina de ferro”, reputam peritos.

O número dos russos, cientes de que entre Moscou e Washington pode eclodir mais uma nova guerra fria, cresceu 9%. Conforme as recentes publicações avançadas pelo Centro Nacional de Inquérito à Opinião Pública (CNEOP), 45% dos interrogados admitem tal cenário pessimista.

Os resultados do monitoramento feito pela mídia social (internet-fóruns, blogues e diários) têm sido mais impressionantes. A agência Socialnye Seti (Redes Sociais) afirma que cerca de 80% dos usuários da internet mais ativos não excluem a probabilidade de guerra fria que talvez já tenha iniciado. Com isso, salienta-se que a quantidade dos russos de ânimos pró-americanos dos EUA não mudou. Isto significa que os “hesitantes” acabaram por definir suas posições desfavoráveis em relação aos EUA, constata Olga Kamenchuk, diretora do serviço das relações públicas do CNEOP.

"Nos últimos tempos, nas relações russo-norte-americanas têm havido muitas divergências. Tal diz respeito ao caso Snowden e ao conflito sírio. Isto, claro, não acrescentou motivos para as avaliações otimistas. Assim, por exemplo, no caso Snowden, a maioria dos russos acreditava que a posição assumida pela Rússia teria agravado as relações com os EUA. No entanto, apenas 15% vieram protestar contra seu asilo político. O mesmo acontece com a Síria. Os russos compreendem que o posicionamento russo tem vindo a complicar as relações com os EUA, mas, apesar disso, se pronunciam pelo enfoque independente do governo nessa questão."

Os americanos têm revelado uma atitude análoga. Segundo a Gallop, pela primeira vez desde 2000, aumentou a percentagem dos que se opõem à Rússia. A quebra do ranking dos EUA coincidiu com o incidente ocorrido a Snowden, enquanto os americanos “deixaram de amar” a Rússia após os enérgicos passos, empreendidos por Moscou para regularizar a crise síria.

Todavia, a questão não se limita a simpatias ou antipatias dos cidadãos comuns. Em ambos os países existem grupos de seguidores da política rígida e quando alguma alteração do rumo escolhido não vai encontro dos seus interesses, põem-se a empreender ataques recíprocos mediante a mídia, opina o politólogo, dirigente das pesquisas intelectuais do portal Terra America, Kirill Benediktov.

"Nos EUA existe um “partido de guerra”. Em contrapartida, na Rússia há um grupo de pessoas que preconiza a via de desenvolvimento independente e a saída da economia russa do controle internacional. Este conflito é capaz de virar uma premissa de nova guerra fria. Falamos dos sinais de hostilidade atuais, enquanto não espirou o mandato presidencial de Barack Obama.

No caso de chegada ao poder de um candidato pelo partido republicano, inclinado mais para a confrontação com a Rússia, os sementes da guerra fria podem vir a brotar e crescer. Nesse caso, nos encontraremos perante uma situação semelhante à da década de 60-70 do século passado."

Dito de outra forma, vão passando os sentimentos eufóricos que surgiram após a queda da “cortina de ferro”, o desmoronamento da URSS e a assinatura do Tratado de Limitação dos Armamentos Estratégicos Ofensivos. Para o primeiro plano passam as contradições relativas ao futuro destino do sistema mundial. Os cidadãos notaram que os apertos de mão dos seus líderes vêm sendo acompanhados com sorrisos cada vez menos largos.

Mas para agir em comum não é necessário amar um a outro ou travar amizades. Basta manter as relações de parceria leais. Por isso, aqueles questionados russos que não gostam muito dos EUA, salientam ser preciso juntar esforços para alcançar êxitos no combate ao terrorismo e na solução de outros problemas mundiais da atualidade.

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