Brasil e Colômbia fortalecem cooperação bilateral com ênfase na proteção da Amazônia

O ministro da Defesa, Celso Amorim, e seu colega colombiano, Juan Carlos Pinzón, anunciaram ontem (02/05), em Bogotá, na Colômbia, novas medidas para fortalecer a cooperação entre os dois países na área de defesa, com ênfase na proteção de um bem comum: a Amazônia.

Os dois ministros se reuniram na capital colombiana para tratar de cooperação militar, integração regional e base industrial de defesa, entre outros assuntos. O encontro foi realizado às vésperas de uma reunião da Unasul que acontece nestas quinta e sexta-feira, em Cartagena, também na Colômbia.

Durante a reunião bilateral, Brasil e Colômbia assumiram o compromisso de criar, possivelmente junto com o Peru, um centro integrado para intercâmbio de informação regional, com foco na troca de dados de inteligência – a ser acessado pelas Forças Armadas dos três países. E confirmaram a realização de uma reunião tripartite de chefes de Estado-Maior nos próximos dias 29 e 30 de maio.

Celso Amorim e Juan Carlos Pinzón propuseram também a realização, em Manaus (AM), de uma conferência entre ministros de Defesa do Pacto Amazônico, com o intuito de fazer análises prospectivas e partilhar pontos de vista sobre a segurança da região.

“Quanto mais trabalharmos em conjunto (na defesa da Amazônia), melhor”, afirmou Amorim a jornalistas, após o encontro. “Trata-se de um grande patrimônio comum que temos. E que é muito vulnerável, pelas características que tem.” Segundo ele, os ministros da Defesa podem atuar, inclusive, no âmbito dos mecanismos que já existem, como o Tratado de Cooperação Amazônica.

Lanchas de patrulha

Na conversa com jornalistas, Celso Amorim anunciou a compra, pelo Brasil, de um lote inicial de quatro lanchas de patrulha fluvial desenvolvidas pela empresa colombiana Cotecmar. A iniciativa, segundo o ministro brasileiro, constitui um sinal da política de integração em matéria de defesa.

“Não é uma compra ocasional. É um exemplo prático de algo que estamos dizendo, que queremos construir uma base para a indústria de defesa sul-americana.” Segundo Amorim, os países da região têm capacidade de produção nesse setor e podem utilizá-la reciprocamente. “Por que buscar na Europa, nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar quando podemos comprar aqui?” Para ele, essa questão não está embasada apenas em razões econômicas ou comerciais. “É também uma visão estratégica de longo prazo”, garantiu.

Os dois ministros anunciaram ainda o interesse de Brasil e Colômbia construírem juntos um navio-patrulha para a Amazônia, cujo projeto deve se tornar realidade até dezembro de 2014. Para Pinzón, a proposta é “da maior importância estratégica”, haja vista o interesse colombiano de proteger seus “recursos naturais, a Amazônia e nossa fronteira comum.”

Celso Amorim também demonstrou entusiasmo com o projeto. “Hoje mesmo está no Brasil uma missão colombiana e dentro de poucos dias uma missão do Brasil estará aqui. Já completamos os requisitos comuns para depois passar à construção do navio com o objetivo de, talvez em 2014, já ter essa embarcação”, previu.

Amorim e Pinzón reafirmaram, por fim, a importância de fortalecer a cooperação fronteiriça, por meio de reuniões bilaterais e impulso à atuação da Comissão Binacional de Segurança Fronteiriça (Combifron), criada para tornar mais efetivo o combate aos crimes transnacionais e permitir que haja um maior desenvolvimento econômico na região.

Os dois ministros também renovaram a disposição de ambos os países em continuar a debater formas de intensificar a vigilância e combater delitos na fronteira comum, de 1.644 quilômetros.

Nesse sentido, o ministro brasileiro fez um convite para que os colombianos visitem o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), com a participação de representantes de todas as forças militares colombianas. O convite foi aceito por Pinzón, que prometeu agendar a visita para a segunda quinzena de junho.

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