Militares enfrentam desafios nos primeiros dias de curso de sobrevivência na selva

Tenente Iris Vasconcellos

Você já imaginou sair de uma cidade, passar quase dez horas em uma embarcação voltada para o transporte de maquinário pesado e acordar de repente em um ambiente de selva? Essa foi a situação pela qual os 28 alunos do Curso de Adaptação Básica ao Ambiente de Selva (CABAS) passaram no início desta semana (20/06). O curso é realizado todos os anos pelo Esquadrão Harpia (7º/8º GAV), sediado em Manaus (AM), para preparar militares que sobrevoam a floresta amazônica.

Eles foram transportados em uma balsa da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA) para a área do acampamento localizada no município de Novo Airão (distante cerca de 80 km de Manaus). O objetivo foi ambientar os alunos ao cenário que um sobrevivente de acidente aéreo encontraria em caso de sinistro na selva amazônica.

Já na chegada os militares têm um teste de fogo. Literalmente, pois fazer fogo é um dos aspectos mais importantes para a instrução de pernoite isolado, na qual cada militar do grupo tem que passar uma noite sozinho no meio da floresta.

Os alunos chegam para o pernoite com alguns itens, como rede de selva, kit de sobrevivência, ração operacional (como é chamado o alimento de combatentes e que compõem kits de sobrevivência), facão, etc. E têm que construir uma área de acampamento com diversos itens que são avaliados posteriormente. Eles recebem algumas instruções da equipe de coordenação no início.

“O objetivo de nós instrutores é passar antes dessa atividade os conhecimentos de sobrevivência na selva, especialmente para os tripulantes que sobrevoam muito essa área”, disse o Suboficial da Reserva Paulo Henrique. Ele é nativo da região e destaca esse como um dos aspectos positivos do CABAS. “Nós crescemos na Amazônia e aprendemos como sobreviver com o passar dos anos”, complementa. O militar, ainda, dá uma dica. “Para fazer fogo tem que ter paciência”, destaca.

O primeiro desafio é a chuva. Assim que são deixados sozinhos começa a chover no local. “Acho que a maior dificuldade vai ser fazer o fogo agora que está tudo molhado”, destacou o Tenente Médico Fábio Queiroz Teixeira no início da instrução.
 
Após algumas horas, a chuva cessa. Já com fogueira feita, rede armada e alguns outros itens encaminhados, o médico muda o discurso. “O maior desafio vai ser passar essa noite sozinho na selva. Nós não reconhecemos alguns barulhos e fica tudo muito escuro, mas faz parte da instrução”, destacou.

No dia seguinte, um dos alunos, o Tenente Matheus Protásio do Nascimento, do Esquadrão Arara (1°/9° GAV) , fez um balanço da atividade. “Foi difícil ficar com privação de água. Nós recebemos um litro de água, mas ainda assim não foi suficiente. Porém, o corpo acostuma”, afirmou.

Busca por resgate – Entre as instruções, os alunos aprendem a como sinalizar para um eventual resgate utilizando tanto meios artificiais, como fumígenos e espelhos; quanto naturais, como fumaça nas folhas.

Para tornar o sinal mas fácil de ser visto do alto, os alunos aprendem a escalar árvores através da técnica da peconha. Uma espécie de corda, que pode ser feita com diversos materiais, para auxiliar na subida.

A técnica exige mais jeito do que força. No primeiro momento nem todos os alunos conseguiram, mas o Sargento Fabiano Martins chegou ao topo. “É difícil, você quase desiste no meio, mas se sente motivado para conseguir chegar até o fim”, conta o militar carioca que está vivendo a primeira experiência na selva amazônica. “Tem sido um desafio”, finaliza.

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