RIO2016 – Correm risco patrimônios religiosos nacionais

 

Júlio Ottoboni
Especial DefesaNet

Tardiamente o governo do presidente Michel Temer revisará as medidas de segurança para os jogos olímpicos no Rio de Janeiro após o atentado na cidade de Nice, no sul da França, no qual morreram 84 pessoas e 100 ficaram feridas. Assim como foi a lentidão dos governos do PT para aprovarem um projeto sobre terror que circulavam pelo Congresso Nacional há mais de uma década e só em 16 de março deste ano, a lei 13.260 estabeleceu o que é considerado ato terrorista no país.

O Rio de Janeiro é tremendamente mais vulnerável a um ataque devastador que a França, além de guardar condições atípicas para favorecer atentados que nenhuma outra cidade que já abrigou os jogos.  Essa tem sido a grande reclamação e preocupação das agências de inteligência dos países que participarão das competições, com cobertura maciça da mídia mundial atingindo mais da metade da população do planeta.

Seu potencial para atentados é imenso, vai desde monumentos como imensa visitação turística como o Cristo Redentor, até favelas com algo alto poder de retenção da polícia e soldados, rotas de fuga dificílimas de serem seguidas e, principalmente, um poderio de armamentos leves invejável para muitos exércitos.

Na cidade existe uma vasta rede de corrupção ligando os quatro facções do tráfico, o crime organizado que traz as drogas e armamentos, e boa parte da polícia e políticos. Além de máfias que controlam taxistas, serviço de vans, segurança privada até pontos de venda de ingressos. E nada disto foi solucionado ao longo dos anos, desde que o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar os jogos. A propósito, a situação só piorou depois da escolha.

Apesar de uma imensa ajuda internacional, das agências de Inteligência de 80 países, com treinamentos de agentes brasileiros no FBI e na CIA. Os próprios militares brasileiros reconhecem que no Rio de Janeiro a melhor de rede de informantes é a pertencente ao tráfico de drogas, nem a polícia militar consegue ter a velocidade e o volume de informações que os olheiros do tráfico e os assaltantes de rua, que também pertencem a grupos de criminosos.

A má avaliação do potencial de ataques e o leque imenso de alternativas no Rio de Janeiro têm se alertado a todo instante, mas colocado como exagero por autoridades cariocas, que ainda confiança que “Deus é brasileiro e o povo brasileiro, principalmente o carioca, é da paz e suas praias formam a maior democracia do mundo”.

“A própria prefeitura não queria que tivéssemos uma visibilidade ostensiva para não prejudicar o turismo, inclusive que minimizássemos ao máximo nossa presença no Cristo Redentor e em outros pontos turísticos para não espantar os visitantes”, comentou um dos militares envolvidos na operação olimpíadas.

Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, General-de-Exército Sergio Etchegoyen, depois do ataque em Nice deixou claro que o objetivo é identificar lacunas nos dispositivos de segurança a fim de aprimorá-los. “Com essa revisão, haverá incrementos como mais postos de controle e barreiras e interdições no trânsito. Ele destacou que a população precisa entender que "vai trocar um pouco de conforto por muita segurança".

“Estamos ainda sob o efeito do choque da tragédia que atingiu a França. Desde aquele momento, o Ministério da Justiça, Ministério da Defesa e o Gabinete de Segurança Institucional estão trabalhando para que se possa garantir que continuemos no mesmo nível de segurança para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Isso exige uma série de revisões, de novas providências e trabalho intenso daqui para a frente para que mantenhamos o nível de segurança. Obviamente, nossas preocupações subiram de patamar”, disse Etchegoyen.

Mas o potencial de uma tragédia provocada pelo terrorismo, seja por grupos paramilitar ou por lobos solitários, no qual se inclui os franco atiradores (snipers) e os atentados com drones carregados de explosivos, não se restringem apenas ao Rio de Janeiro. Todo local de grande movimentação turística está sob risco, desde o Amazonas, onde já houve ameaças de explodir o aeroporto e portos de Manaus, o aeroporto de Brasília, os aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

As principais estradas do país, como a Via Dutra também são alvos preferenciais. Assim como os metrôs de São Paulo e Rio de Janeiro, os túneis, as próprias favelas se transformando em bunkers de defesa dos terroristas numa associação com o tráfico de drogas e de armas. (Veja essas informações mais detalhadas na próxima reportagem)

Monumentos religiosos

O Santuário Nacional de Aparecida, exatamente situado entre as capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, está sob prontidão há 15 dias quando o próprio exército brasileiro informações sobre o enorme potencial de um atentado, pois em seu interior está o maior centro de peregrinação das Américas e um dos cinco maiores templos religiosos do mundo cristão.

A Basílica de Aparecida é o maior tempo cristão já erguido com 145 mil metros quadrados, superando a Basílica de São Pedro, no Vaticano, em quase 3 mil metros quadrados, além do santuário ter o maior estacionamento a céu aberto do mundo com 285.000 metros quadrados, que pode ter 2 mil ônibus e 3 mil carros, além de um grande shopping em seu espaço. O melhor hotel da cidade, onde ficará boa parte da delegação da Rússia, pertence à igreja. A preocupação são os ataques vindos de chechenos, que já atuaram em ações recentes na Europa, e travam uma batalha com os russos no campo do terrorismo.

A cidade de Aparecida, apesar de pequena e muito mal distribuída por uma área acidentada e as margens da Via Dutra, abriga uma enorme comunidade árabe – muitos deles tradicionalistas. Mas a atenção maior é para a Basílica, que cabem bem acomodadas 45 mil pessoas e sua capacidade total alcança a casa dos 60 mil, pois nos períodos de agosto e setembro começam as grandes peregrinações.

Outro aspecto importantíssimo neste momento dentro dos limites da basílica é a quantidade de volumes esquecidos por romeiros nos pátios e no interior da igreja e até mesmo carros e ônibus que passam várias horas estacionados enquanto seus donos visitam a cidade. Tanto que o santuário tem um prédio especial para ‘achados e perdidos’.

O santuário conta com 200 agentes de segurança, com reforço da polícia militar, e mais de 50 câmeras e rondas permanentes. Os visitantes estão sendo orientados a informar sobre qualquer atividade suspeita, inclusive na Passarela da Fé, que liga as duas basílicas do lugar, a antiga e a nova, e na Torre Brasília, com seus 107 metros de altura.

Ao lado de Aparecida há outro centro de peregrinação católica, a cidade de Guaratinguetá, terra do primeiro santo brasileiro, Frei Galvão. Esse também é outro ponto de preocupação, pois possibilita ações pontuais embora sequenciais.

Símbolo do Brasil, o Cristo Redentor é o que mais preocupa os militares e envolvidos na segurança da cidade. Situado no Corcovado, a estátua com 30 metros de altura e a mais de 700 metros de altitude é um dos alvos mais cobiçados para uma ação terrorista. A estátua do país mais católico do mundo tem um valor sentimental e simbólico muito maior que as Torres Gêmeas do WTC e é a grande referência do Rio de Janeiro e está sendo explorado nas imagens das Olimpíadas.

Dentro dos planos de prevenção ao monumento não se descarta abater drones que circulem esse espaço aéreo e uma fiscalização rígida aos visitantes, além de bloquear as várias trilhas por meio da mata que levam até o lugar. Como há vários garotos das favelas vizinhas que fazem esse tipo de atividade, mediante a pagamento, o rigor será redobrado.

A Igreja Nossa Senhora da Penha de França, conhecida como Igreja da Penha é um outro marco católico localizado no bairro da Penha, no Rio de Janeiro. Erguida no alto de uma pedra, é famosa pelos 382 degraus da escadaria principal, onde muitos fiéis pagam promessas, subindo a pé ou de joelhos. O lugar também pode ser visitado por bondinho, recentemente reformado, com capacidade para transportar cerca de quinhentas pessoas por hora, gratuitamente.

Como São Paulo receberá os jogos de futebol no estádio do Corinthians, na zona leste, ( que também corre sérios riscos) a Catedral da Sé, no centro da cidade também será protegida por fiscalização remota e por alguns agentes da inteligência da polícia militar. Em São Paulo o que assusta é o número de imigrantes de origem, tanto da África como do Oriente Médio, de doutrina mulçumana, vários deles com passagens policiais em seus países por terrorismo.

Hoje, esses grupos criaram imensas gangues que tomam conta do centro velho da cidade e coordenam assaltos, furtos de telefones celulares e o tráfico de armas. Em sua maioria são nigerianos, mas já surgem células de haitianos e angolanos com o mesmo tipo de atividade criminosa. Há menos de um ano a polícia federal desmontou um grupo no bairro do Pari que desviou 50 milhões de dólares para o Estado Islâmico a partir do Brasil. Grande parte destes novos mafiosos está em situação irregular no país.

(http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/09/policia-federal-descobre-rede-de-apoiadores-do-estado-islamico-em-sao-paulo.html)

Reação

Etchegoyen ainda disse que o suposto brasileiro que pertenceria ao Estado Islâmico e estaria planejando um atentado contra a delegação francesa na Olimpíada, Raul Jungmann disse que não recebeu nenhuma informação de ameaça potencial. “Pela primeira vez, haverá um centro internacional de inteligência. Temos um centro integrado contra o terrorismo”, garantiu.

Ainda de acordo com o ministro, haverá uma campanha de sensibilização sobre potenciais suspeitos de ataque terrorista. Ele ressaltou que dezenas de milhares de pessoas foram capacitadas para lidar com ameaças terroristas e que há um compartilhamento de informações com o país europeu.

Uma cartilha está sendo distribuída no Rio de Janeiro para a população, mas que para boa parte dos militares brasileiros é algo ineficaz. Pois ela é baseada em ações do terror na Europa e a cidade do Rio de Janeiro abre possibilidades tão maiores e mais eficientes que essas operações seriam secundárias dentro do perfil da cidade. Um detalhe importante que o comitê das Olimpíadas e o governo do Rio de Janeiro pouco comenta, desde o anúncio da cidade como sede mais 40 mil pessoas foram rejeitadas para qualquer tipo de atividade junto as ações que envolvem os jogos.

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