O Grupo de Combate do Pelotão de Infantaria Mecanizada

Alex Alexandre de Mesquita – TC
Comandante do Centro de Instrução de Blindados
com a colaboração do 2° Sgt Rangel Panichi Flôres – Monitor

No ano de 2010, o Exército Brasileiro criou   a   Brigada   de   Infantaria   Mecanizada[1], uma   Grande   Unidade   organizada   a   três Batalhões de Infantaria Mecanizados (BI Mec), um Regimento de Carros de Combate (RCC) sobre   Rodas,   um   Grupo   de   Artilharia Autopropulsado (GAC AP), um Batalhão de Engenharia de Combate Mecanizado (BE Cmb Mec) e demais elementos de uma brigada de Infantaria.

Aproximando o foco do texto para os Pelotões de Infantaria Mecanizados (Pel Inf Mec), temos estas frações organizadas em um Grupo de Comando e três Grupos de Combate (GC), e esta Escotilha do Comandante (nota Defesanet: série de artigos publicados pelo CI Bld) enfatizará o estudo sobre o GC Fuz Mec.

Cada GC Fuz Mec utiliza uma VBTPMR 6X6 GUARANI, que possui capacidade de transportar o grupo até uma posição vantajosa do terreno, fornecendo proteção blindada frente a estilhaços de granadas de Artilharia, morteiro e fogos de armamentos leves, durante a progressão embarcada.

A VBTP oferece, também, meios de observação noturna/diurna, comunicações e comando e controle por meio do Sistema de Gerenciamento do Campo de Batalha (GCB).

O Cmt GC, quando embarcado, é o responsável pela condução da VBTP de forma a garantir seu melhor emprego. Ainda não há ideias conclusivas a respeito do armamento do GC, se o Canhão UT 30 ou o Reparo REMAX .50.

O Grupo de Combate de Fuzileiros Mecanizados é comandado por um 3°Sargento e possui 8 (oito) homens distribuídos em duas Esquadras (Esq). Cada Esq é comandada por um Cb Aux e possui mais 3 (três) Soldados.

A organização do GC Fuz Mec é a seguinte:


Um debate muito comum a respeito do GC, que ainda persiste, é o fato de uma VBTP dotada de armamento complexo e de alta performance, necessitar de mais um sargento na guarnição, para comandar a viatura e um atirador especialista no sistema de armas, impondo a redução do GC, por falta de espaço na VBTP[2].

A respeito do debate sobre o efetivo ideal para um GC, existe um texto interessante de 2013, publicado pela RAND Arroyo Center, intitulado Understanding Why Ground Combat Vehicle That Carries Nine Dismounts is Important to the Army[3].

O referido trabalho faz uma análise histórica desde a II Guerra Mundial, abordando a influência que um GC ideal tem no desenvolvimento das viaturas de combate de Infantaria do Exército do Estados Unidos da América (EUA).

No estudo, são eleitos quatro pilares fundamentais do GC: capacidade de
liderança[4], habilidade para atirar e manobrar com o GC, letalidade e resiliência. Os GC do Exército dos EUA sempre foram organizados considerando a capacidade de atirar e manobrar com as esquadras, a famosa marcha do papagaio.

O conceito de resiliência do GC está ligado à capacidade de manter-se operacional mesmo com a perda de parte do seu efetivo e está diretamente relacionada à letalidade. Este último pilar guarda significado com o tipo de armamento disponível (fuzil, armas anticarro, lançadores de granada etc).

Diversas organizações foram testadas: GC com 11 militares, retirada do fuzil metralhadora das Esq, redução do efetivo etc.

Ao final, concluiu-se que o efetivo atual, de 9 militares, é o ideal. Outro paradigma que, por vezes, é apresentado como alternativa é a organização do GC da Infantaria Blindada alemã, a Panzergrenadier. Contudo, estas frações não realizam as missões típicas da Infantaria do EB, como por exemplo a manutenção do terreno[5].

Desta maneira, pode-se concluir que a organização dos GC da Inf Mec está adequada ao conceito dos quatro pilares. Entretanto, a adoção de armamento moderno na VBTP impõe militares mais especializados.

Pensar sobre o efetivo ideal da célula mater da Infantaria parece ser um dilema de menor importância, contudo é um assunto de vital interesse para os Comandantes da Infantaria Brasileira.
 

-x-

Notas:

[1] Port Nr 038 e 041 – EME – Res, de 8 e 9 JUL 10 e Port Nr 092 – EME – Res, de 31 AGO 10.

[2] O Guarani transporta 11 militares: motorista, Comandante e o GC com 9 militares.

[3] Entendendo porque o veículo de combate que transporta nove homens a pé é importante para o Exército http://www.rand.org/pubs/research_reports/RR184.html, acessado em 9 de abril de 2015.

[4]  Número de militares comandados pelo Cmt GC

[5] Como estas frações não têm a missão de manter o terreno, um GC com efetivo inferior a 9 militares não traz prejuízo ao seu emprego. Os GC utilizam a Viatura Blindada de Combate Fuzileiro (VBC Fuz) Marder, que além de transportar o GC de 7 militares, tem uma guarnição com o motorista,com o Comandante da Vtr e com o atirador do canhão 30 mm.

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