07 de Setembro – Dilma em defesa de Amorim

Paulo de Tarso Lyra
ESTADO de MINAS

O primeiro Sete de Setembro do governo Dilma Rousseff servirá para coroar o esforço da presidente em aproximar o ministro da Defesa, Celso Amorim, dos comandantes militares das três forças. Há quase um mês no posto, Amorim tem sido constantemente prestigiado pela presidente. Ela fez questão de participar da primeira solenidade de troca da bandeira ao lado de Amorim, no último domingo, na Praça dos Três Poderes. Também foi ao Rio de Janeiro acompanhar a cerimônia de entrega de espadins aos novos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).

Além desses gestos políticos, também houve um gesto econômico. O orçamento da pasta para 2012 aumentará em 42,5%, sobretudo para a aquisição de submarinos. Diante de um orçamento contido pela pressão vinda da crise internacional, é de se destacar o aumento nos recursos para o setor. Fontes militares ouvidas pelo Estado de Minas, no entanto, afirmaram que os novos números não foram ainda completamente analisados, já que a peça orçamentária foi encaminhada ao Congresso na quarta-feira passada.

O desfile em comemoração à Independência do Brasil, amanhã, não terá nenhum formato diferente do adotado nos anos anteriores. Não haverá a presença de chefes de Estado estrangeiros. O único convidado será o nadador César Cielo, que assistirá à parada civil e militar no palanque presidencial.

De acordo com pessoas próximas a Amorim, o relacionamento do ministro com os militares atravessa um momento de completo distensionamento. Quando seu nome foi anunciado, em substituição a Nelson Jobim, comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica demonstraram insatisfação. Ex-chanceler do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Amorim era visto como um ideólogo de esquerda e perigoso simpatizante de regimes como os de Hugo Chávez, da Venezuela, e de Mahmoud Ahmadinejad, do Irã.

BUENOS AIRES
No discurso que fez no dia da posse de Amorim, Dilma deu o primeiro sinal para que os militares deixassem de alimentar essas preocupação. "A lógica do Ministério da Defesa é a disciplina, a competência e a dedicação. A ideologia do Ministério da Defesa é o respeito à Constituição e a subordinação aos interesses nacionais. O partido do Ministério da Defesa é a pátria. Os senhores sabem disso, o novo ministro sabe disso", afirmou em 8 de agosto. De lá para cá, o novo ministro também tem se esforçado para vencer as resistências. Foi pessoalmente a encontros com os comandantes militares, visitou diversos quartéis no país e, ontem, estava em um encontro sobre defesa em Buenos Aires.

Memória

O 7 de Setembro na Esplanada na gestão petista

2003
No primeiro desfile do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cargo, a organização do evento teve de fazer malabarismo para distribuir os assentos dos convidados do camarote presidencial.

2004
Lula aproveitou os bons resultados da economia para tentar criar uma forte sensação de patriotismo na população e convidou a todos para participar da comemoração. Assinado pelo publicitário Duda Mendonça, o desfile na capital federal teve custo estimado de R$ 1 milhão.

2005
O escândalo do mensalão estava recente. Evitando os holofotes, poucos políticos compareceram ao evento, comemorado de forma burocrática. O público vaiou Lula, que ficou cabisbaixo durante quase todo o desfile e trocou apenas algumas palavras com o presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, convidado para a cerimônia.

2006
Um ano após as vaias, Lula voltou a ser recebido com aplausos. Mesmo assim, o governo optou por fazer uma festa discreta. Como era ano eleitoral, o presidente não queria ser acusado de autopromoção pelos oposicionistas.

2007
Para evitar constrangimentos – o ex-presidente Lula havia sido recebido sob vaias na abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio – o cerimonial decidiu deixar somente os convidados nas arquibancadas próximas ao camarote presidencial.

2008
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi convidada especial para a cerimônia. Ela estava em Brasília para, entre outros assuntos, discutir um empréstimo do BNDES para empresas brasileiras comprarem equipamentos argentinos.

2009
A presidente Dilma Rousseff, já escolhida por Lula para ser sua sucessora, teve lugar de destaque no camarote presidencial. O presidente francês Nicolas Sarkozy foi convidado, por ser o Ano da França no Brasil. Ao final, a apresentação da Esquadrilha da Fumaça teve de dividir atenções com uma manifestação contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

2010
O último 7 de setembro do ex-presidente Lula no cargo foi desanimado, apesar dos 30 mil presentes. Somente 18 dos 37 ministros compareceram. Nem o presidente do Senado, José Sarney, nem o então vice-presidente, José de Alencar, já doente, assistiram ao desfile.

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