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Venezuela – Ex-chefe de espionagem de Maduro denuncia bases russas na Venezuela

 Gen Padrino com uma maquete do Bombardeiro Estratégico Tu-160, quando de visita a Venezuela

Por David Alandete
abc.es
18 de Janeiro de 2022

Em plena crise entre Rússia e Estados Unidos por conta da possível invasão da Ucrânia, o homem que foi chefe da espionagem venezuelana até sua deserção em 2019 circulou uma declaração de seu exílio norte-americano para afirmar que o Kremlin já opera confortavelmente na América sob a asa do chavismo com duas bases já instaladas em território venezuelano.

Essas revelações, de alguém que começou a cooperar com o governo dos EUA quando foi para o exílio, vêm apenas alguns dias depois que o próprio governo russo alertou implicitamente sobre a possibilidade de um destacamento russo em Caracas e Havana visando Washington como resposta à crescente apoio dos EUA ao governo ucraniano.

O general Manuel Cristopher Figuera diz na carta de duas páginas, assinada, na data 16JAN2022, e distribuída a vários meios de comunicação, que existe na Venezuela duas Bases Russas.

Carabobo – Valência – 41ª Brigada Blindada

Miranda – Manzanares – Base de Guerra Eletrônica

A “Base Militar Russa criada dentro da 41ª Brigada Blindada na cidade de Valência, estado de Carabobo” e “há uma em Manzanares, estado de Miranda, onde funciona a Base Militar Russa para Guerra Eletrônia e Comunicações (ELINT/COMINT)”.

Este militar acrescenta sobre essas instalações russas que “seu único objetivo é ameaçar a segurança nacional dos Estados Unidos”. Até agora, vários meios de comunicação, incluindo este, haviam revelado a presença de soldados russos na Venezuela, reforçada depois que Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino com apoio dos EUA, em 2019.

Entre outubro e abril daquele ano, o general venezuelano dirigiu o Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) e tem abundantes informações sobre a liderança do chavismo e seus vínculos com o regime cubano. Ele participou do pronunciamento, de 30ABR2019, para forçar o voo de Nicolás Maduro para Cuba, que falhou. Mais tarde, a Casa Branca suspendeu as sanções anteriormente emitidas contra ele.

A Casa Branca cumpriu assim a promessa de lhe oferecer um salvo-conduto se manobrasse a favor da mudança na Venezuela. O general partiu em 02MAIO2019,  por estrada para a Colômbia e depois se estabeleceu em Bogotá, onde já havia começado a cooperar com a inteligência americana. De lá, viajou para os Estados Unidos.

Cristopher Figuera afirma em sua carta que “a rendição da soberania é tal que o governo russo, valendo-se de um direito cassado, recentemente, na mesa de negociações geopolíticas mundiais diante da crise na Ucrânia, gerada pela Rússia para frear a suposta avanço da OTAN em territórios da Europa Oriental, ameaçou colocar mais infra-estrutura e meios militares de alto nível na Venezuela.

Com efeito, na quinta-feira passada, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Riabkov, disse em entrevista ao canal RTVI, quando questionado sobre um reforço militar russo em Cuba ou na Venezuela: “No contexto da situação atual, a Rússia pensa em como garantir sua Segurança própria.

Silêncio de Caracas

Segundo o general venezuelano no exílio, “é evidente que o regime ditatorial e criminoso de Nicolás Maduro é uma ameaça não apenas à segurança dos Estados Unidos, mas também à região latino-americana e ao resto do mundo livre. Visto que é sede de operações de grupos narcoterroristas irregulares do crime organizado, grupos extremistas islâmicos, terreno fértil para a exportação do terrorismo e do crime internacional; que teve a cumplicidade de potências estrangeiras e de outros países com vasta experiência em tiranias; com a de organizações internacionais como a União Europeia e a Organização das Nações Unidas e até o próprio Vaticano».

Depois de chegar aos EUA, o general Cristopher Figuera deu poucas entrevistas à mídia, incluindo a ABC, e manteve um perfil extremamente discreto enquanto cooperava com as autoridades americanas. Ele geralmente se comunica com declarações assinadas em sua própria caligrafia, como a emitida em 16 de janeiro. Sobre a localização dessas bases russas não há mais confirmação do que as declarações do general no exílio. O regime venezuelano não fez uma declaração direta sobre o assunto.

Nessa declaração, Figuera também critica duramente Vladímir Padrino López, militar venezuelano que é ministro da Defesa desde 2014. referindo-se, por exemplo: a equipamentos e meios militares adquiridos da Rússia, China, Irã e até Cuba; sucata majoritariamente recondicionada e que só se constituiu como negócio para criar interesses e, assim, promover uma falsa defesa da pátria, por outros países que realmente zelam por seus interesses na área, pois pouco se importam com a realidade de cidadãos venezuelanos”, diz ele.

A verdade é que nos últimos anos, bombardeiros russos Tu-160 com capacidade nuclear chegaram a Caracas, e Moscou e o regime chavista assinaram acordos para que navios de guerra do Kremlin usem portos venezuelanos. Além disso, o sistema de mísseis de longo alcance S-300 que Hugo Chávez comprou da Rússia foi recalibrado e consertado, e que, segundo análises de inteligência dos EUA, estava em um estado quase inutilizável antes da última intervenção de Moscou.

O Ministro da Defesa da Venezuela General Vladimir Padrino segura a maquete do Tu-160 Blackjack como um trofeu. Salvará o regime Bolivariano?

Nota DefesaNet

O General Manuel Cristopher Figuera omite uma série de informações. Talvez para uma próxima oportunidade.

Ficaram em aberto:

1 – As ações das PMC russas no apoio e segurança ás explorações de garimpo de ouro e pedras preciosas no chamado “Arco Minero”.

2 –  Os equipamentos avançados como sistema de de Defesa Antiáreo S-300 além da manutenção e apoio dos russos, são também operados por estes? Ou estes têm a palavra final de disparo ou não?

3 – A mesma questão para todo o guarda-chuva de defesa antiaérea?

4 – Os russos apoiam as ações da agência SEBIN na inteligência e repressão interna?

5 – Quais as ações de influência têm sido feitas nos grupos políticos dos estados brasileiros do Arco Norte (Amazônia, Roraima, Amapá, Pará, Rondônia e até o Maranhão)?

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