TFBR – O descompasso do Chanceler Carlos França

O descompasso do Chanceler Carlos França

Especial DefesaNet

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Um evento recente demonstra o quanto a chefia do Itamaraty está fora de sintonia com as diretrizes do Presidente Jair Bolsonaro. O Chanceler Carlos França agiu nos bastidores para evitar que o nome de Marcos Degaut, Secretário de Produtos de Defesa (SEPROD), do Ministério da Defesa e indicado por Bolsonaro para chefiar a Embaixada em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, fosse incluído na rodada de 7 sabatinas que a Comissão de Relações Exteriores do Senado realizará no dia 11/5.

Cedendo a pressões corporativistas e à ala esquerdista do Itamaraty, que vê em Degaut (cuja indicação foi avalizada pelo setor produtivo e não foi objeto de ataque nem mesmo de senadores de esquerda) um “outsider” e alguém muito próximo do Presidente, o Chanceler e seus assessores mais próximos fizeram gestões junto à CRE e ao Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para que a sabatina do indicado para a Embaixada em Abu Dhabi fosse deixada de fora do “pacote”, que foi divulgado sexta-feira (06MAIO).

Pacheco, aliás, ainda não leu nem despachou a Mensagem Presidencial que indica Degaut como Embaixador do Brasil nos Emirados Árabes. O ato foi publicado no Diário Oficial da União, de 20 de abril, juntamente com a Mensagem que indica o diplomata Juliano Féres como Representante Permanente do Brasil junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, em Lisboa. O Presidente do Senado leu e despachou o ato de indicação de Féres, que será sabatinado pela CRE em 11 MAIO.

Comenta-se, no Itamaraty, que a ação de França para minar a indicação de Degaut não é motivada por antipatia do Chanceler pelo indicado, e sim por uma estratégia de “seguro de carreira” do atual chefe do Itamaraty: ao ceder às pressões corporativistas e assim contrariar as linhas da política externa do Presidente Jair Bolsonaro, França estaria antecipando a possibilidade de retorno do PT ao poder, buscando “ficar bem na fita” com o possível alto escalão de um Itamaraty petista.

Tempos estranhos estes em que o órgão constitucionalmente responsável pelo assessoramento do Presidente da República em matéria de política externa age, na pessoa de seu diplomata mais graduado, precisamente para sabotar as diretrizes presidenciais.

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