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Deni Zolin
Diário SM
08 Julho 2021

 
A fabricante alemã Krauss-Maffei Wegmann (KMW), que tem filial em Santa Maria (RS), entrou na disputa no edital do Exército Brasileiro que definirá quem vai fabricar e fornecer a nova Viatura Blindada de Combate de Cavalaria (VBC Cav 8×8) para reforçar e modernizar as unidades de Cavalaria Mecanizada do país.

O Programa VBC Cav 8×8 tem como objetivo de substituir a Viatura Blindada de Cavalaria EE-9  Cascavel 6×6. Produzidos pela ENGESA nas décadas de 70 e 80, tanto para o Exército Brasileiro e inúmeros clientes estrangeiros. São equipados com canhão de 90 mm.

A consulta foi aberta em março deste ano e, no final de maio, foi divulgado o relatório da primeira fase. Segundo informações extraoficiais, diversos fabricantes do mundo entraram na disputa, mas a KMW tem uma vantagem competitiva por já estar instalada no Brasil, com sede na cidade.

Claro que um dos principais quesitos, que devem ser levados em consideração é a qualidade dos blindados, além de suas funcionalidades e custos, já que o Exército pretende comprar de 93 a 226 unidades da nova viatura blindada. De acordo com o edital, esses blindados serão sobre 8 rodas, por isso, o termo 8×8. As empresas concorrentes, segundo o relatório do Exército, apresentaram veículos blindados com torres com canhões de 105 mm e 120 mm.

Este projeto VBC Cav 8×8 é um dos principais estímulos para a unidade de manutenção de blindados da KMW em Santa Maria ser ampliada. Se a empresa vencer a disputa, fará investimento milionário para ampliar sua sede e passar a montar as viaturas blindadas aqui em Santa Maria, gerando centenas de empregos. Atualmente, a empresa tem contrato de manutenção dos Carros de Combate Leopard 1A5, dos Gepard 1 A2 (bateria antiaérea) e respectivos simuladores, comprados pelo Exército Brasileiro.

Nesta nova concorrência, a KMW vai disputar com o blindado Boxer (na foto), que é fabricado em parceria com a alemã Rheinmetall. Só para se ter uma ideia, elas fecharam recentemente uma venda bilionária para o Reino Unido, que vai comprar 500 unidades do Boxer por um valor total de 2,6 bilhões de euros (o equivalente a R$ 16 bilhões). É um contrato muito importante também porque o blindado alemão venceu a disputa com concorrentes do próprio Reino Unido. Em 2018, a Austrália comprou 225 blindados Boxer.

No caso do Brasil, o Exército ainda não definiu quantos blindados irá comprar: o mínimo previsto é de 93 unidades, e o máximo, de 226 blindados. A previsão é de primeiras entregas em 2026. A exemplo do valor pago pelo Reino Unido, a compra feita pelo Exército Brasileiro também deve prever um contrato bilionário.

Outra vantagem importante do Boxer, da KMW

Além da vantagem de a KMW estar instalada no Brasil, outro grande ganho competitivo do blindado Boxer é ser o único do mundo que permite uso em múltiplas funções (modularidade). O módulo traseiro do Boxer pode ser trocado em 30 minutos, retirando o módulo que estiver na base e instalando um módulo de ambulância, torre 30mm, carro escola ou um módulo de transporte de tropas – ou seja, a parte frontal da viatura, onde ficam o motor e o motorista, é a mesma.

Apesar de o Exército estar focando agora na compra de um blindado com canhão de 105 mm, se escolher o Boxer poderá ter grande economia futura se adotar essa família de blindados, já que, com a compra de módulos, poderá ter veículos para diversos tipos de operações. A decisão da vencedora pode sair em 2021 ou 2022.

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