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A Força Tarefa SU no investimento seletivo em área edificada

Fabiano Dall’Asta Rigo – Cap Inf

Instrutor do CI Bld

Carlos Alexandre Geovanini dos Santos – Ten Cel

Comandante do CI Bld

No ano de 2018, como coroamento do Estágio Tático de Blindados sobre Lagartas e do Estágio Tático do Pelotão de Exploradores, foi realizada uma operação na cidade de Silveira Martins – RS.

Silveira Martins é uma cidade dominada por elevações que permitem seu monitoramento, possui as ruas largas e paralelas, não possui prédios altos, tem uma área de aproximadamente um quilômetro quadrado e uma população amistosa à presença da tropa.

Essas características tornam a cidade uma “localidade escolar”, atendendo perfeitamente ao objetivo proposto no estágio. Acompanhando a tendência mundial, a equipe de instrução se propôs a realizar uma operação alinhada aos conflitos atuais.

Com exceção de poucos combates no Oriente Médio, atualmente as cidades não são evacuadas, o que leva a guerra para o meio do povo. Com isso, foi proposto um exercício com ênfase no aspecto humanitário e atendendo fielmente os preceitos do direito internacional dos conflitos armados.

Para tanto, a operação deveria ser realizada em uma localidade não evacuada e os objetivos deveriam ser conquistados causando o mínimo de danos colaterais. Para tanto, foi criada uma situação de exercício, na qual a cidade seria ocupada para o estabelecimento do posto de comando (PC) de uma brigada blindada.

Na localidade, havia pequena presença inimiga e uma fábrica de munições em processo de desmobilização. A Força-Tarefa (FT) Unidade Blindada deveria reconhecer a cidade, eliminar as resistências inimigas e manter a localidade até achegada da companhia de comando da brigada blindada para a montagem do PC.

Desta forma, a operação foi dividida em três fases:

– 1ª Fase: Reconhecimento;

– 2ª Fase: Isolamento e investimento;

– 3ª Fase: Manutenção.

Na primeira fase foi empregado o Pelotão de Exploradores (Pel Exp). O Pel ocupou as elevações que dominam Silveira Martins, estabelecendo postos de observação. Dessas posições, levantaram os dados necessários para as fases seguintes.

Figura 2: Calco de Operações – 1ª Fase

Fonte: O Autor

Na segunda fase, o isolamento da localidade foi simulado por uma subunidade fictícia e o investimento realizado pela Força-Tarefa Subunidade Blindada (FT SU Bld). Essa última também foi a peça de manobra empregada para a terceira fase. No presente artigo, a partir de agora, será apresentado com maiores detalhes o investimento na localidade.

Para o exercício, foi imposto a realização de um investimento seletivo. Em nossos manuais, pouco se aborda a respeito desse tipo de investimento. Realizando-se uma pesquisa em artigos nacionais e estrangeiros, chegou-se a “uma solução da casa” de como proceder nesse tipo de manobra.

Figura 3: Calco de Operações – 2ª Fase

Fonte: O Autor

De acordo com a pesquisa realizada, verificou-se que o investimento seletivo é atualmente o mais utilizado no mundo; é indicado para uma localidade não defendida ou fracamente defendida; deve ser preferencialmente utilizado quando a população civil não foi evacuada; quando se deseja imprimir maior velocidade à manobra; e quando se deseja conquistar objetivos específicos no interior da uma área edificada.

Ao ser escolhido esse tipo de investimento, deve-se ter em mente que a velocidade deve ser fator preponderante em relação à segurança. Após a decisão pelo emprego do investimento seletivo, o próximo passo será a marcação do objetivo.

Normalmente, uma FT SU Bld tem condições de conquistar apenas um objetivo no interior da localidade. Se for necessária a marcação de mais objetivos, a manobra deve ser faseada, de forma a permitir à SU a conquista de um objetivo por vez e, somente após sua consolidação, partir para o próximo.

Marcado o objetivo, deverão ser designados eixos de progressão, em número de dois para a FT SU Bld. É importante sempre a marcação de dois eixos, tendo em vista a grande probabilidade de um deles ter o movimento interrompido.

Além dos eixos, devem-se estabelecer linhas ou pontos de controle a fim de coordenar a ação no objetivo, evitando o fratricídio. Outras medidas de coordenação e controle devem ser estabelecidas, horários devem ser judiciosamente marcados e pontos de referência devem ser designados no interior da área edificada.

Após o rompimento da linha de partida, a ação não deve ser interrompida até a conquista do objetivo, evitando-se paradas desnecessárias, atingindo o objetivo o mais rápido possível. Para a execução, o comandante (Cmt) da FT SU Bld deve planejar muito bem o emprego de seus meios blindados, aproveitando ao máximo suas potencialidades.

Ao Cmt, cabe planejar e coordenar toda a ação, sendo o responsável pela sua sincronização. O início do investimento deve ser simultâneo nos dois eixos, buscando a surpresa e empregando a mobilidade, proteção blindada e ação de choque, características primárias do emprego de blindados.

O carro de combate (VBCCC), quando possível, deve liderar o movimento nos eixos de progressão, seguidos de perto pelas viaturas blindadas de transporte de pessoal (VBTP) dos fuzileiros blindados, embarcados sempre que possível, tendo em vista aumentar a velocidade de progressão.

Quando for impeditivo o emprego das VBCCC no interior da cidade, essas viaturas devem ocupar pontos na orla da localidade em que possam apoiar o movimento dos fuzileiros utilizando seus optrônicos e tiros precisos se for permitido, conforme verifica-se na figura 1.

Os fuzileiros blindados, sempre que possível, devem atuar embarcados durante o deslocamento nos eixos de progressão, desembarcando somente quando necessário (identificação de arma anticarro, obstáculo intransponível pela VBTP, etc.) ou para a conquista do objetivo.

apoio de fogo de morteiro ou artilharia, normalmente limita-se ao tiro iluminativo e emprego de fumígenos, além de previsão de concentrações ou barragens nas vias de acesso fora da localidade.

O apoio de engenharia, embora não seja orgânico da FT SU Bld, torna-se essencial para garantir a mobilidade. Dentro das cidades, cada vez mais se verifica a utilização de dispositivos explosivos improvisados (IED), tornando-se uma das maiores ameaças nos conflitos atuais.

Além deles, as áreas edificadas são locais em que facilmente se constroem obstáculos para viaturas, tais quais barreiras de entulhos, fossos anticarro, entre outros. Com relação a logística da SU, os maiores impactos serão na manutenção das viaturas blindadas e transporte de feridos.

Os ressuprimentos ocorrerão antes do início do movimento e após a conquista do objetivo, não trazendo impactos para a operação.

Assim, os meios logísticos da FT SU Bld inicialmente permanecem embarcados, fora da localidade, e após a conquista dos objetivos e estabelecimento da segurança, esses meios desdobram no interior da localidade, aproveitando-se, quando possível, dos recursos locais.

Figura 4: Calco de Operação – 3ª Fase

Fonte: O Autor

No exercício realizado na cidade de Silveira Martins, todos esses preceitos abordados foram ensinados e executados pelos estagiários, que atingiram o êxito da missão.

É evidente que estudos mais aprofundados, assim como experimentações doutrinárias devem ser realizadas por tropas adestradas e com uso de meios modernos de simulação para que essa “solução” seja testada e confirmada.

No momento, o CI Bld cumpre seu papel mantendo-se atualizado na doutrina de emprego das tropas blindadas, atento ao que vem ocorrendo no conflitos atuais e disposto a colaborar na especialização dos nossos quadros e com a evolução da doutrina militar terrestre.

 

AÇO, BOINA PRETA, BRASIL!

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