Polícia varre a Rocinha e encontra arsenal capaz de derrubar helicóptero

Renata Mariz

Somente ontem, de acordo com o último balanço divulgado pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), 29 fuzis foram apreendidos na favela da Rocinha. Dezenove deles estavam escondidos em uma casa na localidade conhecida como Roupa Suja. Os policiais encontraram uma metralhadora calibre .30, duas espingardas calibre .12, duas pistolas, nove granadas e 123 carregadores de fuzil.

Havia também, no mesmo local, coletes à prova de bala, fardas camufladas, fogos de artifício e material de endolação de drogas. A metralhadora apreendida surpreendeu o tenente Tiago Matos, que coordenou a ação na comunidade pacificada desde domingo. “Essa arma tem um poder de fogo enorme. Poderia inclusive derrubar um helicóptero”, disse o policial.

Os militares chegaram ao esconderijo das armas por meio de denúncias da população. Para se ter uma ideia, nos primeiros 14 dias de novembro, o Disque-Denúncia do governo estadual recebeu 673 informações relacionadas à Rocinha e ao Vidigal — 30 vezes mais que no mesmo período de 2010, que registrou apenas 22 ligações. Entre domingo e segunda-feira, foram 308 chamadas, enquanto a média da região era de quatro ligações por dia, aos domingos e segundas-feiras.

O auxílio da comunidade é considerado fundamental. “A polícia não conhece tão bem quanto os moradores o que está acontecendo lá”, destacou o coordenador do Disque-Denúncia, Zeca Borges. O saldo, até agora, é de 72 fuzis apreendidos desde o início da operação. Muitos deles ficavam escondidos em lajes de residências e debaixo de pisos de concreto.

A chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, esteve durante a manhã de ontem na comunidade do Vidigal, acompanhada do secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Ela destacou que a perseguição aos traficantes fugitivos das favelas continua. “A Polícia Civil está atenta a todo o estado do Rio de Janeiro, não apenas à Rocinha, ao Vidigal e à Chácara do Céu.

O importante é silêncio e trabalho”, disse Martha Rocha. A difícil ocupação da Rocinha foi decidida 45 dias antes da operação, em 20 de setembro, dia da posse do novo comando da PM. A escolha da data foi em consequência do feriado de ontem, visto que muitos moradores, especialmente os vizinhos das favelas dos bairros nobres, estariam viajando. Havendo uma reação do tráfico, os riscos de bala perdida seriam menores, bem como de distúrbios no trânsito da cidade.

Lixo
No segundo dia de limpeza nas comunidades ocupadas, 147 toneladas de lixo foram recolhidas. Como as ações policiais de pacificação paralisaram os serviços nas favelas durante o fim de semana, os resíduos se acumularam. Foram necessárias quatro pás mecânicas, 14 caminhões basculantes, cinco caminhões compactadores e uma varredeira, entre outros equipamentos, para fazer a limpeza do local. O trabalho mais complicado, porém, começa hoje.

A Coordenadoria-Geral de Conservação, que contará com cerca de 60 funcionários, vai priorizar a recuperação do sistema de drenagem, por meio da limpeza e desobstrução de galerias pluviais, caixas e ralos. O asfalto também deverá ser recuperado, assim como escadarias e grades, e implantação de meio-fio na Auto-Estrada Lagoa Barra, na saída do Túnel Zuzu Angel, que corta a Rocinha. A Rioluz pretende reparar o sistema de iluminação pública das favelas — substituindo e limpando equipamentos danificados.

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