Doze jovens e um único sonho: fazer parte da primeira turma de aspirantes mulheres da Escola Naval, da Marinha do Brasil. A mais antiga instituição de ensino superior do Brasil realizou nesta quarta-feira (02) um encontro com a imprensa para mostrar o dia a dia das marinheiras.
Elas, as futuras sentinelas do mar, estão determinadas a cumprir a missão de servir o Brasil. São meninas de 18 a 22 anos, que cumprem juntos com homens, cinco horas por dia de aula, educação física à tarde e estudo noturno.
Para o comandante da Escola Naval, almirante Antonio Carlos Soares Guerreiro, o ingresso das aspirantes deu novos ares à instituição. Ele acredita que o convívio entre os gêneros ajuda na maturidade e na formação militar.
Nem o toque de despertar às 6 horas da manhã tira a vaidade e o ânimo das meninas, que ainda arrumam tempo para se maquiar. “A roupa tira um pouco da feminilidade, então é importante que a gente esteja bem cuidada. Não deixamos de ser mulher aqui dentro”, diz Thaís Affonso (foto), de Cabo Frio (RJ).
Para receber as novas aspirantes, as instalações da instituição passaram por adaptações como banheiros femininos, alojamentos e segurança. O ingresso foi cuidadosamente planejado pela Marinha, que realizou obras, inclusive, na enfermaria. Além disso, houve a inclusão de três oficiais do sexo feminino no Comando do Corpo de Aspirantes.
Natascha Fernandes (foto), de 22 anos, tem o sonho de alcançar os postos do almirantado. “Meu pai sempre quis ser militar, sempre escutei dizer que é uma carreira promissora, de alguma forma estou realizando o sonho dele também.”
As sentinelas do mar passaram num concurso disputadíssimo. Cerca de 3 mil mulheres se inscreveram no certame inédito, do ano passado, que deu oportunidade à ala feminina na Escola Naval.
Vale lembrar que o primeiro passo em prol da igualdade entre os gêneros foi realizado em 1981, com o ingresso das mulheres na Marinha do Brasil. Em 2012, a Força Naval confirmou seu pioneirismo promovendo a primeira mulher ao cargo de oficial general no Brasil.
Bem-vindas a Bordo
No dia 12 de janeiro, doze mulheres, aprovadas no concurso público de admissão à Escola Naval (CPAEN), ingressaram na instituição, iniciando o período de adaptação. Nesta fase, durante três semanas, as candidatas foram apresentadas aos primeiros ensinamentos da doutrina militar e da futura rotina do curso de formação, seja por meio de atividades físico-militares ou pelo ensino acadêmico.
Em fevereiro, iniciou-se o ano letivo da Escola Naval. As aspirantes foram distribuídas entre as companhias do Corpo de Aspirantes. Elas convivem com outros 258 aspirantes homens.