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Rússia: Defesa do país leva a sucessos políticos, afirma projetista de Iskander–M

O projetista-chefe dos sistemas de mísseis Okae Iskander-M, Serguei Nepobedimy, entrevistado pela emissora Voz da Rússia, realçou que um elevado nível de habilitações académicas e o trabalho competente com os especialistas jovens constituem uma condição sine qua nonpara o desenvolvimento de tecnologias de armamentos e o reforço da defesa nacional.

Convém assinalar que ao longo da carreira profissional no período soviético o nome de Serguei Nepobedimy era  mais do que confidencial. Foi-lhe proibido sair do país. As suas fotos nunca apareceram em edições periódicas especializadas. Até eram cortadas das fotografias coletivas. Corriam rumores de que fosse um alvo de perseguições da parte da CIA que tinha organizado a caça ao engenheiro lendário, procurando conhecer, ao menos, as suas aparências.

Serguei Nepobedimy é autor dos complexos de mísseis Maliutka, Igla, Tochka e Oka que eram muito popular em vários países sem ceder em popularidade à famosa submetralhadora AKM. Todavia, foi impossível, por razões óbvias, pôr em relevo o nome do projetista.
 

Serguei Nepobedimy nasceu em 1921 na cidade russa de Riazan. Enquanto jovem, tomou interesse pelos equipamentos técnicos, percorrendo, de mãos dadas à ciência nacional, um longo e difícil caminho do seu desenvolvimento. Começou trabalhar em oficinas e ferrarias rurais, acabando por chefiar prestigiados Centros de Projeção.

“Tinha cinco anos quando comecei a trabalhar em ferrarias locais. Gostava de contemplar o processo de forjadura e soldagem. O ferreiro forja peças de ferro quente que depois se juntam como que soldadas. Com o andar do tempo, à nossa aldeia chegaram primeiros tratores que, verdade seja dita, me impressionaram muito ao ponto de eu começar a projetar e montar alguns utensílios e veículos.”

Ao terminar o curso de escola secundária em 1938, Nepobedimy ingressa na Escola Técnica Superior N.E. Bauman. Quando deflagrou a Grande Guerra Pátria, decide ir defender o país. Todavia, a intenção terá sido impedida pela portaria governamental a proibir o serviço militar dos alunos de 3º, 4º e 5º anos, encarados como uma elite intelectual indispensável para garantir a vitoria.

Não obstante, como os outros companheiros, Nepobedimy foi enviado para a zona próxima à frente da batalha a fim de abrir trincheiras para destacamento de infantaria. Mas não chegou a participar em ações militares, tendo visto na realidade carros blindados e aviões em ação. Até hoje, considera ser a sua principal invenção o complexo de mísseis Oka, posto em serviço em 1980.

“O lança-granadas tem um alcance de tiro limitado. Disparando gasta toda a energia. A granada se lança com a determinada velocidade, perdendo-a devido à frenagem. Por isso, se torna impossível aumentar o alcance. Decidi experimentar um mecanismo diferente em que o míssil se lança, mas o movimento de propulsão se efetua no processo de voo, o que permite aumentar o raio de alcance. Então, foi assim que acabei por inventar o Oka, considerado-o melhor sistema de mísseis sem análogos com o alcance de tiro igual a 400 km.”

Em 1989, no âmbito da implementação do START, os complexos Oka foram desmantelados embora, em termos formais, não tivessem sido abrangidos pelo Tratado. Foi naquela altura que Nepobedimy tomou a decisão de abandonar o cargo de projetista-chefe do Centro de Projeções de Máquinas (KBM). Todavia, antes de sair, criou projeto de um sistema de mísseis Iskander-Mque veio substituir o Oka e ganhou fama em todo o mundo.

Os círculos políticos não deixam de apontar para o imperativo de desarmamento. Dizem que o século XXI deve vir a ser uma época de paz. Serguei Nepobedimy se manifesta menos otimista. Acredita que as reduções devem ser realizadas, antes de mais, no domínio de armamentos ofensivos sem afetar os sistemas de defesa. Sendo uma pessoa que se dedicou à criação de um escudo seguro que proteja o seu país, continua convencido que tal proteção poderá garantir êxitos na arena política internacional.

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