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Pressionado, Exército do Paquistão desconta em jornalistas

IGOR GIELOW

Sob críticas por não ter visto Osama bin Laden debaixo do nariz de sua mais prestigiosa academia militar, em Abbottabad, o Paquistão parece recuperar o tempo perdido com os jornalistas.

Desde o sábado, não se pode chegar perto da casa em que Bin Laden foi morto no bairro de Bilal Town, distrito rural da cidade -chamada na mídia ocidental de pequena, ela tem 1 milhão de habitantes e é bem desenvolvida para os padrões locais.

Na verdade, o bloqueio começa antes, na principal rodovia que dá acesso à cidade: 5 km antes da entrada, policiais param quaisquer carros com não paquistaneses a bordo, coletam passaportes prometendo devolvê-los ao fim da visita e obrigam o preenchimento de formulários. Tudo sob mira de fuzis.

Uma vez na cidade, que é fervilhante, fábricas de munição, hospitais militares e o centro de formação do Exército, a Academia Militar de Kakul, dominam o ambiente.

E como Bin Laden estava perto: sete minutos de carro, indo devagar pelas ruazinhas tortuosas de Bilal Town, passando pela escola pública que tem na fachada uma metáfora involuntária, com o gato Tom e o rato Jerry estudando juntos um livro.

O distrito, diga-se, tem várias casas que poderiam ser chamadas de "mansões" ou "complexos". O tamanho está longe de ser exceção. Portões de ferro são uniformes, da casa de Bin Laden à de Anuar Khan, jovem de 19 anos vizinho do bunker.

"O que chamava a atenção era o arame farpado no muro e sua altura, mas ninguém soube de nada até a manhã seguinte", afirmou ele.

Sete testemunhas ouvidas pela Folha contaram histórias semelhantes, e há dúvidas em uníssono sobre a operação. "Acho que não mataram ninguém, foi uma farsa", diz o vendedor Usmani.

Jornalistas que tentam roubar uma foto simples que seja são impedidos com ameaça de tiro, ainda que o soldado, depois de um pouco de conversa, admita: "Não sei o que estamos fazendo aqui, está tudo fechado e disseram que só vão liberar no dia 1º de junho". A casa deverá ser demolida. (IG)

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