Amorim manda punir 100 oficiais da reserva

Evandro Éboli
Gerson Camarotti

O ministro da Defesa, Celso Amorim, determinou ontem que sejam punidos os cem oficiais da reserva que assinaram manifesto com críticas ao governo e à criação da Comissão da Verdade. Em conversa com os três comandantes militares, Amorim combinou que os oficiais da reserva que assinaram o manifesto "Alerta à Nação – eles que venham, aqui não passarão" sofrerão uma reprimenda de suas forças. A punição pela indisciplina depende do regulamento de cada arma, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, e pode ser aplicada mesmo a militares da reserva.


Texto foi represália a outro vetado pelo governo
Ontem, a presidente Dilma Rousseff voltou a manifestar irritação com o comportamento dos militares. Em conversas no Planalto, ela chegou a cogitar a prisão de um oficial como efeito demonstrativo para os demais. Mas acabou avaliando que a punição poderia agravar ainda mais a situação.

No texto divulgado na última terça-feira, os militares da reserva criticaram a interferência do governo no site do Clube Militar e o veto a um texto ali publicado que criticava a presidente Dilma Rousseff e duas ministras. Nesse "Alerta à Nação", os oficiais afirmam não reconhecer autoridade ou legitimidade de Celso Amorim". "Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do Manifesto publicado no site do Clube Militar, a partir do dia 16 de fevereiro, e dele retirado, segundo o publicado em jornais de circulação nacional, por ordem do ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade", diz o documento.

Como no manifesto vetado no site do Clube Militar, o documento de ontem também critica a criação da Comissão da Verdade. "A aprovação da Comissão da Verdade foi um ato inconsequente, de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo."

O texto publicado e retirado do site do Clube Militar atribuía às ministras Maria do Rosário e Eleonora Menicucci declarações que estariam a serviço do que os signatários classificaram de "minoria sectária", disposta a reabrir feridas do passado.

O primeiro manifesto polêmico foi assinado pelos presidentes do Clube Militar, Renato Cesar Tibau Costa; do Clube Naval, Ricardo Cabral; e do Clube da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista, todos já na reserva.

Ataques a Maria do Rosário e Eleonora Menicucci
No texto, diziam que Maria do Rosário vem apregoando a possibilidade de apresentação de ações judiciais para criminalizar agentes da repressão, enquanto Menicucci teria usado a cerimônia de posse – em 10 de fevereiro – para tecer "críticas exacerbadas aos governos militares", sendo aplaudida por todos, até pela presidente.

O texto dos oficiais da reserva dizia ainda que o Clube Militar não se intimida e continuará atento e vigilante, e destacava que as Forças Armadas são a instituição com maior credibilidade junto à opinião pública.

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