Pompeo visita imigrantes venezuelanos em Roraima para pressionar Maduro

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, se reuniu com imigrantes venezuelanos em um centro de refugiados na capital de Roraima, nesta sexta-feira, na terceira parada de uma viagem a países sul-americanos para aumentar a pressão pela destituição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Pompeo culpou Maduro por uma “crise criada pelo homem” de proporções sem precedentes na Venezuela e chamou o presidente venezuelano de “traficante de drogas” em comentários a repórteres em uma base militar em Boa Vista.

“Eles (venezuelanos) querem o que todos os seres humanos querem –dignidade. Eles querem uma Venezuela democrática, pacífica e soberana para chamar de lar, onde eles e seus filhos possam encontrar trabalho e viver com essa dignidade. Nós –Estados Unidos e Brasil– os apoiamos”, disse Pompeo.

Segundo ele, os EUA estavam anunciando mais 348 milhões de dólares para ajudar os refugiados venezuelanos, incluindo 30 milhões aos que estão no Brasil, elevando a contribuição total dos EUA para mais de 1,2 bilhão de dólares.

Pompeo também visitou um refeitório que atende imigrantes com o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. Há duas semanas, o governo do presidente Jair Bolsonaro declarou os diplomatas de Maduro “persona non grata”, mas não os expulsou do país.

Pompeo elogiou os esforços humanitários do Brasil para receber 250.000 venezuelanos que cruzaram a fronteira, alguns dos mais de 5 milhões que deixaram seu país devido à turbulência política e econômica.

A fronteira brasileira com a Venezuela está fechada desde 18 de março devido à pandemia de coronavírus, e o fluxo de imigrantes que chega ao Brasil caiu de uma média de 600 por dia para poucos venezuelanos que fazem trilhas para entrar no país.

Pompeo visitou a Guiana e o Suriname antes do Brasil e segue nesta sexta-feira para a Colômbia, todos vizinhos da Venezuela.

A viagem ocorre num momento em que os esforços internacionais para promover uma mudança democrática na Venezuela parecem ter estagnado e Maduro sustentou seu controle no poder.

A embaixada da China no Suriname acusou Pompeo nesta sexta-feira de “difamar” Pequim, depois que o principal diplomata de Washington criticou as práticas de negócios das empresas chinesas durante a primeira parada de sua viagem à América do Sul.

A visita de Pompeo foi duramente criticada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“A visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, nesta sexta-feira, às instalações da Operação Acolhida, em Roraima, junto à fronteira com a Venezuela, no momento em que faltam apenas 46 dias para a eleição presidencial norte-americana, não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa”, disse Maia em nota.

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva foi outro a criticar a presença de Pompeo em Roraima. Para Lula, o secretário de Estado norte-americano esteve no Brasil apenas para “fazer provocação à Venezuela”.

“A Venezuela tem um presidente que foi eleito, gostemos ou não gostemos dele. Quem tem que cuidar do Maduro é o povo da Venezuela, o eleitor venezuelano, não o Mike Pompeo, nem os Estados Unidos, que precisam parar com essa mania de querer ser xerife do mundo”, declarou Lula em entrevista à Reuters.

China critica Pompeo por "arrogância" durante viagem à América do Sul

A embaixada da China no Suriname acusou o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, nesta sexta-feira de “difamar” Pequim depois que o diplomata mais graduado de Washington criticou as práticas de empresas chinesas durante a primeira parada de sua viagem a quatro países sul-americanos.

Em um evento conjunto com o recém-eleito presidente do Suriname, Chan Santokhi, na quinta-feira, Pompeo contrastou “a qualidade dos produtos e serviços de empresas privadas americanas” com os de empresas chinesas, que ele disse nem sempre competirem em uma “base justa e igualitária”.

“Vimos o Partido Comunista Chinês investir em países, e tudo parece ótimo na fachada e depois desmorona quando os custos políticos conectados a isso se tornam claros”, disse Pompeo.

Seus comentários vieram depois de uma série de descobertas de jazidas de petróleo no litoral do Suriname, cujos laços comerciais com a China cresceram no governo do presidente anterior, Desi Bouterse, autocrata militar responsável por um colapso econômico que tentou se reeleger e perdeu para Santokhi no início do ano.

A China fez empréstimos e investimentos de grande porte na América Latina, rica em recursos, durante o boom de décadas das commodities que praticamente chegou ao fim em 2014. O governo Trump tem tentado ressaltar as dívidas pesadas e a deterioração econômica que estas relações deixaram para parceiros comerciais próximos da China, como Venezuela e Equador.

Em seu comunicado, a embaixada chinesa de Paramaribo disse: “Qualquer tentativa de plantar discórdia entre a China e o Suriname está fadada ao fracasso.”

“Aconselhamos o senhor Pompeo a respeitar os fatos e a verdade, a abandonar a arrogância e o preconceito, a parar de difamar e espalhar rumores sobre a China”, disse a embaixada.

Na quinta-feira, Santokhi disse aos repórteres que o relacionamento do Suriname com a China não foi um tema de conversa em sua reunião com Pompeo.

“Não é uma questão de fazer escolhas”, disse.

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