ONU cobra libertação de opositores e investigação de mortes na Venezuela

A Venezuela precisa libertar manifestantes pacíficos que estão presos e autorizar uma investigação rápida e independente sobre as mortes de ao menos 10 pessoas em protestos ocorridos durante o fim de semana, disse nesta terça-feira a principal autoridade de direitos humanos da ONU.

"Estou profundamente preocupado que os líderes de oposição Leopoldo López e Antonio Ledezma tenham sido novamente levados sob custódia por autoridades venezuelanas após a prisão domiciliar deles ter sido revogada", disse Zeid Ra'ad al-Hussein em comunicado.

"Faço um apelo às autoridades para que não tornem a situação já extremamente volátil ainda pior com o uso da força excessiva, incluindo por meio de invasões violentas de residências por forças de segurança que têm ocorrido em várias partes do país".

Líderes de oposição López e Ledezma voltam a ser presos na Venezuela

Os líderes de oposição venezuelanos Leopoldo López e Antonio Ledezma foram levados de casa, onde cumpriam prisão domiciliar, durante a madrugada desta terça-feira, no que críticos do presidente Nicolás Maduro disseram ser um aumento da repressão por parte do que afirmam ser um regime ditatorial.

As prisões ocorrem um dia após os Estados Unidos aplicarem sanções contra o impopular Maduro pela eleição de uma nova Assembleia Constituinte, que foi eleita no domingo em uma votação boicotada pela oposição.

O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, aliado ao governo, disse em um comunicado publicado no Facebook que determinou as prisões porque os líderes de oposição planejavam fugir.

A oposição rebateu afirmando ser mais um sinal de que Maduro busca esmagar os protestos contra o governo que já duram quatro meses.

"A ditadura de Maduro está no ataque", disse a deputada de oposição Yajaira Forero

Lopez, de 46 anos, e Ledezma, de 62, estavam sob prisão domiciliar, o primeiro por sua participação em protestos contra Maduro em 2014 e o segundo por acusações de planejar um golpe de Estado.

Os dois líderes de oposição tinham divulgado mensagens recentemente em apoio às manifestações contra o governo socialista, que já deixaram cerca de 120 mortos.

A mulher de López, Lilian Tintori, e Vanessa Ledezma, filha de Ledezma, disseram em mensagens no Twitter desconhecer o paradeiro dos líderes políticos, e divulgaram vídeos que mostram agentes do serviço de inteligência venezuelano obrigando López a entrar em um veículo e empurrando Ledezma de pijama na porta de sua casa.

"12:27 da madrugada: momento em que a ditadura sequestra Leopoldo em minha casa. Não irão dobrá-lo!", escreveu Lilian em seu Twitter, responsabilizando o presidente venezuelano Maduro "se algo acontecer".

Maduro já havia alertado sobre futuras prisões de líderes de oposição uma vez que fosse realizada no domingo a eleição para a polêmica Assembleia Constituinte, que reescreverá a Constituição e terá poderes especiais sobre as outras instituições do Estado.

Vários países do mundo não reconheceram a eleição, que foi boicotada pela oposição.

A Justiça venezuelana havia concedido no início de julho a prisão domiciliar a López, após mais de três anos em uma prisão militar acusado de instigar protestos contra o governo. Ledezma também recebeu o benefício em 2015, como medida humanitária.

O advogado de López, Juan Gutiérrez, afirmou em mensagem no Twitter que "não existe justificativa legal para revogar a medida de prisão domiciliar".

Maduro acusa a oposição de buscar um golpe contra ele e diz que a Assembleia Constituinte tem o objetivo de restaurar a paz no país.

A principal autoridade da ONU para os direitos humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, pediu nesta terça-feira a libertação dos líderes de oposição e cobrou uma investigação rápida e independente das mortes de ao menos 10 pessoas durante protestos no fim de semana contra a Constituinte.

Secretário-geral da ONU pede "solução política" para crise na Venezuela

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu negociações políticas urgentes entre o governo da Venezuela e a oposição em um esforço para conter a escalada das tensões políticas, disse um porta-voz da ONU nesta terça-feira.

"O secretário-geral faz um apelo a todos os venezuelanos, particularmente aqueles que representam os poderes do Estado, para que façam todos os esforços possíveis para reduzir tensões, evitar mais violência e perdas de vidas, assim como para encontrar caminhos para o diálogo político", disse o porta-voz da ONU Stephane Dujarric em comunicado, acrescentando "o único caminho adiante é o do diálogo político".

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