México reforça militarização e provoca temores entre defensores dos direitos humanos

O governo do México aprovou na Câmara dos Deputados uma reforma que prolonga a participação do exército nas missões de segurança até 2028, uma iniciativa que preocupa as vítimas dos excessos dos militares. Após horas de debate, a reforma constitucional foi aprovada por 339 votos favoráveis, 154 contrários e duas abstenções.

A iniciativa foi estimulada pelo partido Morena (Movimento Regeneração Nacional), do presidente Andrés Manuel López Obrador, seus aliados e o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que desta vez se distanciou do bloco de oposição. A modificação constitucional, já aprovada pelo Senado, aconteceu em pleno escândalo pelo grande vazamento de informações militares confidenciais executado pelo grupo de hackers Guacamaya, que afeta vários países da América Latina.

No México, onde o volume de vazamentos é um dos maiores, a questão provocou uma avalanche de denúncias jornalísticas que revelam a influência dos militares no atual governo. No debate, o deputado Salvador Caro, do opositor Movimento Cidadão, questionou o momento de ampliar a influência das Forças Armadas quando a instituição foi alvo de vazamentos e, segundo as informações reveladas, alguns de seus integrantes estariam supostamente ligados a criminosos.

Os deputados convocaram o secretário de Defesa, Luis Cresencio Sandoval, para explicar o escândalo de Guacamaya, mas ele se recusou a comparecer ao Legislativo e só concordou em receber os parlamentares em seu gabinete na próxima terça-feira.

A reforma constitucional consolida o protagonismo que o presidente Andrés Manuel López Obrador atribuiu às Forças Armadas, com a liderança da segurança pública, mas também à frente de tarefas como a construção de obras de infraestrutura multimilionárias.

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