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Maduro diz que Trump leva EUA a ‘um conflito de alto nível contra Venezuela’

O ditador venezuelano Nicolás Maduro acusou Donald Trump na quarta-feira de levar os Estados Unidos a um "conflito de alto nível contra a Venezuela", após o chefe de Estado americano ter prometido"esmagar" seu governo.

"Donald Trump está liderando os Estados Unidos em um conflito de alto nível contra a Venezuela. Convoco os setores honestos dos Estados Unidos a enfrentarem essa política intervencionista, ilegal e imoral de Donald Trump contra o povo nobre e pacífico da Venezuela", disse Maduro em um discurso transmitido por rádio e televisão.

O dirigente venezuelano disse que Trump havia caído numa "loucura" contra a Venezuela ao apoiar seu "fantoche" Juan Guaidó, o líder da oposição reconhecido por Washington como presidente interino e recebido nesta quarta-feira na Casa Branca.

"Ontem (terça), Donald Trump falou sobre esmagar e destruir a Venezuela. Esmagar um país que é o berço dos libertadores da América? Nunca! A Venezuela não será esmagada por ninguém, a Venezuela está avançando", disse Maduro.

Na terça-feira, Trump prometeu "esmagar" a "tirania" de Maduro em seu discurso anual ao Congresso americanos sobre o Estado da Nação, ao qual Guaidó acompanhou como convidado.

Mais cedo, numa primeira reação oficial ao discurso de Trump, o ministro das Relações Exteriores venezuelano, Jorge Arreaza, leu um comunicado para rejeitar as "ameaças violentas" contra a Venezuela.

Maduro tem medo de mostrar situação na Venezuela, diz CIDH

A recusa da Venezuela em receber uma delegação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) mostra o medo do governo de Nicolás Maduro de que a realidade do país seja conhecida, disseram terça-feira (4), no Panamá, os membros da organização, rejeitada por Caracas.

"Nós interpretamos essa medida do governo (venezuelano) como algo que representa um medo, é típico de regimes autoritários não se abrir ao escrutínio internacional no campo dos direitos humanos", disse à AFP Paulo Abrão, secretário executivo da CIDH.

Ele acrescentou que "se houver uma tentativa do governo de ocultar algo, este não alcançará seus objetivos porque a Comissão acessará esses testemunhos e informações e documentaremos isso".

A Comissão havia planejado uma visita à Venezuela desta terça-feira até o dia 8 de fevereiro, mas o governo Maduro avisou que a delegação não tinha sua autorização.

A presidente da CIDH, Esmeralda Arosemena, Abrão e a relatora para a liberdade de expressão, Edison Lanza, disseram que, quando estavam prestes a embarcar, a companhia aérea panamenha Copa não lhes permitiu embarcar no avião por causa da recusa de Caracas em deixá-los entrar no país.

"Esta é uma situação lamentável" porque a Comissão Interamericana tem o mandato de observar a situação dos direitos humanos "em todo o continente, mas principalmente em países que estão passando por uma crise", disse Arosemena à AFP em um hotel na Cidade do Panamá.

Arosemena disse que a CIDH preparou um "plano B", que consiste na mudança para a cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta para se reunir com organizações venezuelanas nesta quinta e sexta-feira.

O governo Maduro retirou em 2019 seus diplomatas credenciados na OEA, que por sua vez não conhecem a legitimidade do segundo mandato do presidente venezuelano, iniciado em 10 de janeiro de 2019, depois de considerar que sua reeleição não tinha as garantias necessárias.

A recusa de Maduro em receber a delegação da CIDH "envia um sinal muito negativo, porque é uma maneira de dizer que este governo não está aberto a nenhuma saída", disse o comissário Lanza.

"É um sinal muito ruim, porque muitas vezes a comissão foi o ponto de partida para uma saída democrática para situações de crise política, social e humanitária", acrescentou Lanza à AFP.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, repudiou no Twitter a ação, denunciando que tem como objetivo "ocultar e encobrir" múltiplas violações "sistemáticas" aos direitos humanos.

O senador republicano Marco Rubio manifestou na mesma rede social que o governo de Maduro "evidencia mais uma vez sua covardia diante de um órgão internacional" e pediu à comunidade internacional que condene este "atropelo".

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