Bolívia diz que esgotará diálogo com Chile sobre saída ao mar

O presidente boliviano, Evo Morales, disse na segunda-feira que vai dialogar até o limite com o Chile antes de iniciar uma ação judicial internacional contra o país vizinho para conseguir acesso soberano ao oceano Pacífico.

Morales, que está em Lima para participar de uma cúpula de presidentes sul-americanos e líderes de países árabes, havia anunciado no ano passado sua intenção de abrir um processo contra o Chile. "Essa ação (em tribunais internacionais) não está excluída, mas nós queremos esgotar o diálogo, a participação da comunidade internacional", disse Morales em coletiva de imprensa num hotel de Lima.

A intenção da Bolívia de ir ao Tribunal Internacional de Haia provocou reações no governo chileno, que já avisou que irá dificultar a continuidade de um diálogo direto entre os dois países.

A Bolívia perdeu um território de 120 mil km² de acesso ao oceano Pacífico numa guerra em 1879. A área era, à época, rica em guano de aves valiosas e salitre. Agora, o Chile tem importantes minas de cobre lá. No mesmo conflito, o Peru perdeu a região de Arica.

"Não é possível que se desconheça ou se negue este acontecimento histórico e não é possível que não haja alguma política do governo chileno para reparar um prejuízo histórico", disse Morales. "O Chile não é apenas uma ameaça para a Bolívia, mas também para o Peru. O Chile é um perigo para a região, porque estamos em tempos de integração", acrescentou.

As declarações de Morales foram feitas num momento em que o Peru e o Chile têm um caso pendente no tribunal de Haia — uma ação movida por Lima, em 2008, alegando que sua fronteira marítima com Santiago não está definida.

O Chile diz que a questão foi resolvida com a assinatura, em 1952 e 1954, de tratados que para o Peru são apenas acordos de fixação da atividade de pesca na área rica em recursos. A demanda vai entrar ainda este ano na fase de audiências e a decisão deve sair em 2013.

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