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Franco quer mais energia de Itaipu

O presidente paraguaio, Federico Franco, afirmou ontem que seu governo não pretende mais fornecer energia barata ao Brasil e à Argentina, vizinhos sul-americanos com os quais seu país compartilha a operação de hidrelétricas. Segundo ele, a medida seria necessária para estimular a produção industrial paraguaia, mas chama a atenção o fato de ele anunciar sua intenção depois da decisão dos governos brasileiro, argentino e uruguaio de suspender o Paraguai do Mercosul.

Franco tomou posse há pouco mais de um mês, após o ex-presidente Fernando Lugo ser destituído pelo Congresso em um processo de impeachment muito questionado pela rapidez com que ocorreu, considerado por alguns uma forma de golpe disfarçado. Como reação, os três outros membros do bloco sul-americano decidiram, em 29 de junho, suspender o Paraguai até o pleno restabelecimento da ordem democrática.

A retaliação permitiu ainda o ingresso da Venezuela no Mercosul, medida que vinha sendo barrada justamente pelo Paraguai. Menos de uma semana depois da medida, o chanceler uruguaio, Luiz Almagro, causou mal-estar no bloco ao afirmar que o seu país só havia aceitado a entrada da Venezuela após intervenção da presidente Dilma Rousseff.

Ao falar ontem sobre a questão energética, Franco tocou em pontos sensíveis aos governos de Dilma e de Cristina Kirchner. O Paraguai é sócio do Brasil em Itaipu, uma das centrais hídricas mais potentes do mundo, e da Argentina em Yacyretá 2014, mas fornece a maior parte da produção de energia de ambas empresas a seus vizinhos por preços considerados menores em relação aos praticados no mercado, conforme estabelecido em acordos bilaterais.

Nós não estamos dispostos a seguir cedendo, porque o que estamos fazendo é ceder a energia a Brasil e Argentina, nem sequer estamos vendendo, disse Franco em um evento público, no qual apresentou um projeto de política energética. Devemos procurar trazer nossa energia de Itaipu e Yacyretá, criar indústrias para que haja trabalho para nossa gente e para isso a única alternativa é criar condições de segurança para poder industrializar o país, acrescentou. Pouco depois de assumir, o governo de Franco iniciou negociações com a multinacional Rio Tinto Alcan para a instalação de uma fábrica de alumínio, que foram paradas por divergências sobre o preço da energia elétrica que seria fixada.

Segundo Franco, o Paraguai tem 85% do faturamento de energia baseado nas hidrelétricas, mas consome somente 15% porque a maior parte é utilizada por seus vizinhos. O governo deposto de Lugo conseguiu triplicar o montante do valor pago pelo Brasil pela eletricidade e um acordo para a construção de uma linha de transmissão de 500 quilovolts entre Itaipu e Assunção, para que o país utilize mais da energia que lhe cabe na usina.

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