Exército vai às ruas para dar segurança ao leilão de Libra

Osni Alves 
 
Por conta das manifestações cada vez mais violentas que estão ocorrendo no Brasil, a presidenta Dilma Rousseff solicitou ao Ministério da Defesa que o Exército faça a segurança do leilão do Campo de Libra, que acontecerá na próxima segunda-feira (21), às 15h, no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca. 
 
Passeatas com a adesão de grupos organizados, a exemplo dos Black Blocs, têm transformado ruas e avenidas em praças de guerra. "A solicitação da presidenta está tramitando entre o Ministério da Defesa e o Gabinete de Segurança Institucional. O Exército ainda não foi notificado", disse à reportagem o coronel Didio Pereira de Campos. Como de praxe, as instituições citadas não se manifestaram sobre o assunto. 
 
Diretor da Federação Nacional dos Petroleiros, Emanuel Cancella afirma que haverá trabalhadores de todo o Brasil para, "a uma só voz", reclamar a "entrega do tesouro nacional" às companhias estrangeiras. "Hoje faremos uma passeata da Candelária à Cinelândia", disse o organizador, que também é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio. 
 
Cancella explicou que até o momento, mais de 80 entidades de classe já se manifestaram contra o leilão, enviando cartas à presidenta Dilma e aderindo aos movimentos organizados pela Federação. Ele lembrou que, no último leilão de petróleo, a entidade reuniu mais de 800 manifestantes na porta do Windsor. Desta vez, a estimativa é triplicar, por conta do clima de protestos que já impera na ruas. 
 
Para Cancella, além de ser um atentado à soberania da nação, o país está "queimando dinheiro". Isto porque o bônus que as onze empresas pagaram para participar do leilão foi de R$ 15 bilhões. Porém, disse, 15 bilhões de barris de petróleo valem mais de US$ 1,5 trilhão. Hoje, a Petrobras tem 14 bilhões de barris de petróleo de reserva. Com a extração do Campo de Libra, estima-se que o volume salte para mais de 40 bilhões. 
 
O ex-diretor-geral da Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) no governo Lula, Haroldo Lima disse ontem que os protestos organizados contra o leilão são um erro. "As manifestações anteriores também empunhavam a mesma bandeira, de doação às multinacionais", afirmou em entrevista a uma rádio paulista. 
 
Ele disse acreditar que a maior crítica dos que se opõem ao leilão é referente à ingerência do Estado no que seria a liberdade do mercado. Para Lima, o leilão responde de forma muito firme aos interesses do país, "mas isto não significa que não haja espaço para grandes grupos e grandes petroleiras, desde que isso não se dê em detrimento ao Brasil", declarou. 
 
O ex-diretor defendeu os benefícios que o leilão do Campo de Libra proporcionará ao país, com capitalização por meio do Fundo Social do Pré-Sal, que destinará 75% dos royalties para a educação e 25% à saúde. "Dos 41% do óleo excedente, serão pagos imposto de renda e impostos menores, o que, somando com o aluguel de área, significa dizer que aproximadamente 80% do óleo retirado ficarão nas mãos da União", frisou.

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