Comentário Gelio Fregapani – Quando o petróleo, além do dólar, puder ser comprado por outras moedas

Assuntos: Quando o petróleo, além do dólar, puder ser comprado por outras moedas

Contextualizando os fatos.

Ao longo do século XX as “Sete Irmãs” possuíam o controle de mais de 80% das jazidas, principalmente através de tratados com a Arábia que em troca de apoio militar só venderia em dólar. Embora seja uma análise simplista, esta situação tornou o dólar indispensável para quem precisa de petróleo, mas esse controle está sendo desafiado.

Todos viram o que aconteceu quando Saddam Hussein resolveu vender petróleo em euros e quando Muammar Kaddafi planejou lançar um dinar-ouro pan-africano, mas agora é a China que está forçando o utilização de sua moeda e com o arranjo geopolítico dos BRICs, fortalece as reservas petrolíferas russas, capazes de servir de lastro a uma moeda (yuan)que, conversível em ouro nos mercados de câmbio é certo que suplantará o dólar como moeda de reserva internacional concorrente do dólar.

Obviamente os EUA iriam reagir para evitar que o dólar se tornar desnecessário para comprar petróleo. Decidiram então (2012/13), aumentar oferta de petróleo mundial para diminuir poder da Rússia, dependente, em seu PIB, de 50% de suas reservas petrolíferas visando fragilizar a estratégia sino-russa antes que os BRlCs lançassem uma moeda concorrente ao dólar, ancorado em novo banco de investimento. A baixa imposta ao preço do óleo atropelou não apenas a Rússia mas, também a Venezuela, com reservas de 296 bilhões de barris e o Brasil que acabara de descobrir o pré-sal, com reservas estimadas em 174 bilhões de barris.

A Rússia sentiu o golpe, mas a China, a maior consumidora, só foi beneficiada. A Venezuela quebrou. O nosso País também sentiu, a Petrobras balançou, mais por causa da incrível corrupção que corria solta em seus quadros indicados principalmente pelo PT e seus aliados. Essa corrupção desenfreada serviu de pretexto para o grupo político mais entreguista, agora no poder, prosseguir no rumo da desnacionalização desenvolvido pelo FHC.

O grande assalto ao pré-sal

A imprensa silenciou. O povo ficou sem saber que vendemos o que valeria 800 bilhões de dólares por 6,5 bilhões e que isentamos os compradores estrangeiros de impostos, cedemos tecnologia para extração sem cobrar um tostão, emprestaremos R$ 20 bi, pelo BNDES, para eles pagarem o que levarem, mudamos o regime de partilha para concessão e não seremos mais os únicos operadores de nossa própria riqueza.

Talvez ao preço baixo tenham sido acrescentado mais 30 dinheiros como comissão. Haveria quem pensasse que não teria valido a pena trocar um governo (mais) corrupto por um entreguista. Bobagem – apesar de medidas nacionalistas em seu primeiro mandato, a “Presidenta” sentindo a pressão do Establishment financeiro, estava cedendo tudo numa tentativa de se manter no cargo.

Valeu tudo na campanha para a desvalorização dos ativos da Petrobrás, de modo a torná-la barata aos “compradores” externos.

Aproveitando o ataque dos procuradores contra a corrupção, o preço para limpar a barra dos envolvidos passou a ser a privatização da exploração do pré sal. As “Multi” com a lei Serra tornam-se operadoras em 70 por cento das áreas, sendo remuneradas pelo que informam que fazem e não pelo que efetivamente realizam.

O Presidente do Congresso, o senador Renan Calheiros, na época, temeroso, para livrar-se das acusações, aprova o projeto José Serra, entregando a cereja do bolo.

Foi lamentável a entrega do governo, mas há males que vem para o bem. Tudo indica que há a possibilidade de elegermos um nacionalista de verdade para presidente.

O que ainda pode acontecer

Embora improvável, é possível que os EUA iniciem uma guerra, enquanto ainda tem vantagem militar. Este terrível cenário será analisado em outro comentário, mas se o dólar perder o valor ou até se for substituído por outra moeda será impossível aos EUA competir com a mão de obra barata da China, entretanto, garantindo o suprimento de petróleo para si (aí entra o Pré-sal), poderão se fechar em si mesmo, contando só com seu próprio e imenso mercado e continuar progredindo, coisa que poucas nações tem possibilidade. Naturalmente, estreitará suas relações com o Canadá e procurará manter seus interesses em alguns países da América Latina.

No Extremo Oriente a China certamente estreitará suas relações com a Rússia e substituirá comercialmente os EUA no Oriente Médio e em parte na Europa. A China como o Japão necessitará de alimentos e ambos procurarão se debruçar sobre a África e sobre a América Latina.

A África subsaariana tende a ser recolonizada ou semicolonizada.

É difícil enunciar os diferentes rumos que podem tomar as várias nações europeias, isoladamente ou em conjunto, variando entre a aproximação aos eixos Rússia-China e EUA-Canadá, sem abandonar seus interesses na África.

Na América Latina a maioria dos países balançará entre as atrações dos EUA, da China, de países europeus e do nosso Brasil, conforme as nossas atitudes.

O nosso País em tese, também é capaz de sobreviver isolado pois tem alimentos, terras e água em abundância além de petróleo, urânio, ventos, sol, quedas de água e tecnologia em padrão médio, estrutura industrial básica, uma salada mista de minérios e um povo trabalhador. Teria, sem dúvida, as melhores condições de se fechar em suas fronteiras, mas no cenário mundial é inevitável a eclosão de guerras, se não entre potências nucleares ao menos entre alguma destas contra quem não puder se defender para se apoderar de recursos que lhes fazem falta. A necessidade absoluta justifica qualquer coisa, inclusive a guerra, mas é certo que antes da guerra serão tentados métodos menos perigosos e mais baratos como trocas de governantes, separatismos, subornos, chantagens e governos globais (sobre os outros), coisa que já podemos observar hoje mesmo..

Gostemos ou não, o nosso País é o alvo óbvio.

Que o Criador abençoe nosso esforço para melhorar o nosso País e proteja a todos nós.

Gelio Fregapani

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