Dagnino – Corvetas Classe Tamandaré: os Desafios

CORVETAS CLASSE TAMANDARÉ: OS DESAFIOS

 

B.V. Dagnino – CF (Ref.)

 

Corvetas classe Tamandaré, um exemplo da globalização: projeto básico alemão (classe MEKO) da Thyssen Krupp Marine Systems (TKMS), consórcio vencedor formado pela ATECH (Grupo Embraer), Embraer e TKMS.  Sistemas e equipamentos alemães, britânicos, holandeses de empresa com matriz francesa, franceses, americanos, espanhóis, italianos, belgas e nacionais (inclusive subsidiárias de empresas estrangeiras). Certamente, além disso, muitas organizações prestadoras de serviços participarão dessa importante iniciativa da Marinha.

Primeiro desafio: integração operacional de sistemas de tão diferentes origens; como compatibilizar as interfaces entre sistemas de armas de ataque e defesa, sistemas eletrônicos de detecção inclusive radares, contramedidas eletrônicas e direção de tiro, informações e comunicações etc. será sem dúvida um desafio para a ATECH.

 

 

 

 

Segundo desafio: garantia de que cada um desses sistemas e seus equipamentos não provocará nem sofrerá com qualquer interferência eletromagnética que afete, até severamente, seu desempenho (exemplos: Navios-Varredores classe Aratu).

Terceiro desafio: garantia de que toda essa parafernália eletrônica não será atacada por ação externa, nessa era da guerra cibernética cada vez mais sofisticada, com consequências potenciais gravíssimas para a operação do navio.

Quarto desafio: manutenção das assinaturas acústica e magnética dentro dos limites especificados; isso inclui o nível de ruído do sistema de propulsão e o uso de deperming e degaussing para assegurar esses limites, face à sofisticação dos sistemas de detecção, inclusive das minas de influência.

 

 

HMCS Toronto em estação de deperming da Marinha dos EUA

 

 

 

Quinto desafio: complexidade logística decorrente da múltipla origem dos equipamentos e consequente diversidade de peças de reposição; isso envolve extensa e complexa catalogação de partes de reposição.

Sexto desafio: com base nas informações disponíveis nos portais das empresas fabricantes, ao que tudo indica há itens em estágio de desenvolvimento, o que apresenta um risco (exemplo: Submarinos classe Humaitá).

Sétimo desafio: capacidade das empresas brasileiras de cumprir prazos e especificações, inclusive em decorrência da efetiva transferência de tecnologia das empresas estrangeiras, ou melhor, da capacidade de absorção de tecnologia das nacionais (exemplo: Fragatas classe Niterói).

Oitavo desafio: documentação em meio convencional e usando TI para suporte à operação e manutenção dos sistemas e equipamentos (ligado ao desafio seguinte)

Nono desafio: capacitação de pessoal em todos os níveis; certamente cursos de oficiais e de praças terão que ser atualizados para introdução de novas áreas de conhecimento que a sofisticação e a complexidade desses navios exigirão.

Décimo desafio: atualização futura dos navios ao longo do seu ciclo de vida, até o seu descomissionamento, certamente objeto de análise continuada, com o acompanhamento dos últimos desenvolvimentos da tecnologia militar naval e a consideração, desse o projeto, da forma de executá-lo, especialmente quanto aos aspectos ambientais.

 

Porta-helicóptero francês Jeanne d'Arc – 90% reciclado

Décimo primeiro desafio: definição clara das interfaces entre a Marinha, o consórcio através da sociedade de propósito específico, e os demais envolvidos no projeto, de forma a assegurar uma prefeita coordenação das ações de todas as partes envolvidas.

Décimo segundo desafio: acompanhamento diuturno do cumprimento das cláusulas contratuais (desempenho, custo, prazo etc.) em todas as fases do projeto, atuando de forma proativa e preventiva ao menor sinal de violação, bem como prevendo se for o caso penalidades como multas e outros mecanismos.

 

 

Novas fragatas da Marinha Alemã – problema de estabilidade

Conclusão: o projeto das corvetas classe Tamandaré representa um super-desafio tecnológico e gerencial para a Marinha. Para ser bem-sucedido, todos os mecanismos de gestão de riscos já utilizados com o apoio do BNDES e da FINEP por ocasião da seleção do consórcio vencedor do processo licitatório precisam ser mantidos. Além disso, a aplicação do conceito do hélice tríplice convocando a Academia a participar será certamente oportuna. A experiência adquirida, inclusive a mais recente com o PROSUB, deve sempre servir de “lições aprendidas” para garantir o sucesso de tão importante projeto.

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Para uma descrição do Consórcio Águas Azuis acesse:

CCT – EMBRAER e ThyssenKrupp – Finalistas do Programa Corveta Tamandaré

Nota DefesaNet

O Consórcio Águas Azuis tem um site:

https://consorcioaguasazuis.com.br/

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