Guiana denuncia pressão de Caracas

Texto do Correio Braziliense


O presidente da Guiana, David Granger, acusou ontem a Venezuela de tomar “um rumo muito perigoso” com o envio de tropas para a fronteira, em meio à disputa territorial em torno da costa de Essequibo, região de selva nos limites entre os dois países. De acordo com o governo de Georgetown, o presidente Nicolás Maduro “ameaça a integridade” da Guiana com o reforço militar destacado para Essequibo, área rica em minérios.

Falando à imprensa convocada ao palácio, Granger mencionou relatórios oficiais que apontam “aumento considerável” da atividade militar venezuelana na fronteira. “É um comportamento agressivo persistente”, condenou. “A Venezuela aumentou consideravelmente a atividade militar na fronteira, o que afeta a defesa territorial da Guiana. ”

O ministro venezuelano de Defesa, Vladimiro Padrino López, confirmou a movimentação, mas caracterizou-a como “um exercício” no leste do país, cujo objetivo seria a “implantação operacional”. López se recusou, porém, a confirmar a dimensão do efetivo deslocado para a fronteira da Guiana. “Estamos fazendo um exercício no leste do país. ”

Na véspera, a Guiana havia recorrido à Corte Internacional de Justiça, em Haia (Holanda), para pedir arbitragem na disputa pela região de Essequibo. Granger acena com a possibilidade de colocar o tema em questão perante as Nações Unidas, na semana que vem, quando discursará perante a Assembleia-Geral. O litígio em torno da área se acirrou depois de a multinacional petroleira Exxon ter anunciado a descoberta de reservas de petróleo na costa. A região tem reservas de outros minerais valiosos.

Colômbia

A escalada de tensão com a Guiana se segue ao anúncio de um acordo de princípios da Venezuela com a Colômbia para resolver outro contencioso de fronteira. Ao fim de um mês de trocas de acusações, com setores da fronteira fechados pelo governo de Caracas, o presidente Nicolás Maduro acertou com o colega colombiano, Juan Manuel Santos, um acerto que prevê a reabertura progressiva dos postos de passagem entre os dois países e o retorno imediato dos respectivos embaixadores.
A partir do fim de agosto, Maduro decretou estado de emergência em mais de 20 municípios fronteiriços, depois de um incidente entre forças de fronteira e grupos armados irregulares, supostamente infiltrados da Colômbia.

Mais de 1,6 mil colombianos foram deportados e cerca de 18 mil retornaram ao país, temendo represálias das autoridades venezuelanas. O acordo entre os presidentes foi selado em Quito, no Equador, com mediação do anfitrião, Rafael Correa, que preside neste semestre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

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