Reflexões político-estratégicas do seqüestro do general Rubén Darío Alzate em Chocó

Nota DefesaNet

As FARC EP libertaram no domingo (30N)14), o general General Rubén Darío Alzate do Exército Colombiano e outros reféns capturados há 14 dias, uma decisão que abre caminho para retomar a negociação de paz suspensa pelo governo depois do sequestro do militar.

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, suspendeu o diálogo de paz para colocar fim a um conflito interno de 50 anos e condicionou a retomada das conversas à libertação do general Rubén Darío Alzate, uma advogada civil e um suboficial sequestrados no dia 16 de novembro em uma região de selva no Departamento de Chocó.

"Liberados o general Alzate, a advogada Urrego e o cabo Rodríguez em perfeito estado e aguardam condições climáticas para o retorno a suas famílias", disse Santos em sua conta no Twitter.

Outros dois soldados foram libertados pelos rebeldes há cinco dias.

Alzate é o oficial de mais alta patente capturado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na história do antigo conflito armado que já deixou mais de 200.000 mortos.

Tradução: Graça Salgueiro

Catalogado por alguns personagens como “a gota que transbordou o copo”, o seqüestro do general Rubén Darío Alzate no corregimento de Las Mercedes de Quibdó-Chocó, ocorrido em 16 de novembro de 2014 no fim da tarde, o lamentável fato induz a refletir sobre alguns aspectos políticos-estratégicos em torno do desenvolvimento das conversações em Havana, tais como:

1. Continuam erros garrafais de inteligência estratégica que incidem negativamente na inteligência tática, e na inteligência de combate.

A morte de Alfonso Cano no estado do Cauca, somada às folclóricas declarações de um padreco com enfermidade senil em Cali acerca do “pobre velhinho desarmado”, a presença massiva em Havana dos cabeças dos blocos das FARC que delinqüem na zona do Pacífico, a intenção das FARC de se apropriar de Cali, Buenaventura, Tumaco, o estado de Nariño, o sempiterno esquecido político do Chocó, coberto por criminosos de todos os matizes, inclusive os corruptos locais, pareceriam não ser importantes para os estrategistas Juan Manuel Santos e Juan Carlos Pinzón, donos de todos os êxitos das tropas e alheios aos erros dos mesmos.

Desconhecer o Plano Estratégico das FARC e utilizar a inteligência estratégica para outros misteres como espionar os contraditores políticos, seguir jornalistas ansiosos por “furos”, satisfazer o ego publicitário do Promotor Montealegre e o afã publicitário de Santos com seu desejo insubstituível de ser Prêmio Nobel da Paz, incidem em que a informação de inteligência estratégica não coincida com os objetivos políticos do Estado (quase inexistentes neste caso), que o que se conhece em alto nível em Bogotá não chegue às tropas que estão nas áreas de combate, e que não se avalie o que é que as FARC organizam e pretendem fazer, cada vez que os mudos em Havana que acompanham De la Calle vêm à Colômbia se regar como “sargaço na praia”, em cenários publicitários para o Prêmio Nobel de Santos.

Desde há quase dois anos, produto do senso comum, advertiu-se à opinião pública e ao governo Santos de que cada vez que termina uma rodada em Havana, via Manágua, Quito, Brasília, Caracas, Panamá, etc., os cabeças das FARC vão a Cuba para planejar novas ações e métodos de pressão ao governo, para que chegue o ansiado cessar bilateral de hostilidades que tanto promovem os cúmplices desarmados das FARC, para permitir que os terroristas consolidem seus negócios de coca e armas, se armem melhor, se re-equipem e quando estejam prontos voltem a atacar a Colômbia com maior intensidade.

É preciso ser muito ingênuo ou incrédulo frente à realidade para não deduzir que ante as baixas de cabeças que enchem Santos de tanta vaidade, as FARC não estiveram planejando e instruindo suas estruturas armadas para realizar ações tão espetaculares como estas e, por desgraça para a Colômbia, o aparente erro tático das tropas no Chocó conduziu ao seqüestro do general Alzate.

Não avaliar as capacidades de mais provável adoção do inimigo, é o mais grave erro da inteligência militar em todos os níveis. Obviamente é necessário esperar que a investigação esclareça quais foram os possíveis erros que desencadearam este grave fracasso tático com conotações político-estratégicas.

2. A zona pacífica é fundamental para o Plano Estratégico das FARC

A presença de Alfonso Cano na região do Pacífico colombiano não era gratuita, nem obedecia à perseguição que as tropas faziam sobre ele no Sul do Tolima e norte-oriente do Valle. Desde antes de Tirofijo morrer e graças à cumplicidade do governo equatoriano de Rafael Correa, as FARC concentraram esforços político-organizacionais em encher de milícias bolivarianas e seus partidos políticos semi-clandestinos, o litoral Pacífico colombiano desde e até as fronteiras com Equador e Panamá.

Nessa ordem de idéias, Cali, Popayán, Tumaco, Buenaventura, Quibdó e Bahía Solano são epicentros geo-estratégicos para concretizar o projeto narco-terrorista de traficar drogas, seres humanos, armas e consolidar a presença geo-política das estruturas armadas e políticas das FARC, com a finalidade de recrutar mais adeptos e a longo prazo liberar a zona.

Por essa razão, as FARC têm-se mantido ativas em todas as suas estruturas, para dizer ao país que estão vivos e que seus objetivos continuam incólumes, que não estão derrotados e que não são apenas 8.000 bandidos como dizem as fontes oficiais.

Não relacionar a inteligência estratégica que se deriva dos computadores e documentos apreendidos com as declarações dos desertores das FARC e os dados que cada unidade consegue em sua área de operações, fizeram com que se fale uma coisa em Havana, Santos diga outra, e os mudos de De la Calle venham à Colômbia para falar até pelos cotovelos em defesa de Santos, não do que convém à Colômbia.

A cacarejada lei de inteligência foi uma saudação à bandeira. O trabalho da Central Nacional de Inteligência que substituiu o desaparecido DAS, foi muito pobre a respeito. A inteligência operacional esteve no olho do furacão e os principais responsáveis de que isto funcione, chamados Presidente da República e Ministro da Defesa, não se dão por aludidos frente à miopia de inteligência estratégica e visão clara de quem e o que quer o inimigo, senão que sonham em acordo mútuo, um de se vangloriar de ser um sábio em estratégia contra as FARC e o outro em chamá-los bandidos e terroristas, como se presidente e ministro não fizessem parte do mesmo governo. E o mais grave é que as FARC já lhes “mediram o óleo”.

3. Pobreza estrutural do Congresso da República frente ao problema

Dá horror ouvir o camaleônico congressista Roy Barreras, cada vez que desanda a falar sandices acerca das barbaridades das FARC. Porém, este personagem nefasto e vergonhoso para a Colômbia não é a exceção, senão quase a regra dos legisladores em torno ao conflito, ao Plano Estratégico das FARC, à farsa das conversações em Cuba e à desgraça que padecem as tropas, utilizadas por Santos para seus fins pessoais, troféu de um Promotor ansioso de protagonismo, suporte da oposição do Centro Democrático contra os erros dos membros da equipe de Santos, e lenha de árvore caída para jornalistas ansiosos de prêmios do grêmio, sem que nenhum destes personagens analise que o mais prejudicado com tudo isto é o futuro do país, pois derrubadas as Forças Militares, cai o andaime.

E tudo isso pode acontecer porque os congressistas estão empenhados na marmelada, os ódios entre uribistas e santistas, as invejas, as intrigas, as fatias burocráticas, los interesses pessoais ou de grupelhos, e a nenhum lhe ocorreu fazer um controle político sério e profundo do que ocorre em Havana. Pelo contrário, Santos impõe o ritmo do que lhe convém e se inventa com os partidos, ordena Roy Barreras a dizer insensatez, se deixa montar pelo camarada Cepeda, etc. Porém, não importa. Todos felizes comem perdizes como na literatura infantil.

4. As FARC estão em guerra e a paz é mais um passo de sua guerra

Mesmo que haja incrédulos ou iludidos colombianos que acreditam que esta era a única oportunidade para a paz idealista, a realidade é outra. As FARC são o braço armado do Partido Comunista, portanto, são comunistas e estão convencidas até a medula que sua atividade é uma luta de classes para a tomada do poder e a conseqüente imposição de uma oprobriosa ditadura similar à de Cuba ou Coréia do Norte. Não importa que isso já não tenha deixado o trem da história. Esse é seu credo político e ponto.

Nesse sentido, paz para as FARC é tomada do poder e imposição de controles em zonas camponesas, controle absoluto do parlamento, partido único, masmorras para dissidentes, organização de comitês comunistas de apoio à revolução, supressão da propriedade privada, vinculação direta à trama cubana, etc.

Por esta razão seqüestraram o general Alzate. Com este seqüestro, planejado em Cuba durante um dos recessos dos mudos de De la Calle, as FARC querem forçar o cessar bilateral de hostilidades para ficar em plena liberdade de se mover no exterior com a mesa em Havana, onde unilateralmente impõem agenda, tempos, pontos, pausas, etapas e tudo o que lhes dá na telha, enquanto que na Colômbia suas frentes, redes de milicianos e cúmplices políticos se dedicam ao reforçamento do grupo terrorista em todos os campos, para lançar a ofensiva quando o momento político-estratégico lhes indicar.

A isto soma-se a cumplicidade de Santos com o governo venezuelano de Maduro e Cabello, que esconde os cabeças das FARC que até escritório têm no Fuerte Tiuna de Caracas, lhes facilita o fluxo logístico e de pessoal desde Maiquetía até Havana e vice-versa, evita que as Forças Militares colombianas os ataquem em suas guaridas instaladas na Venezuela, etc. Algo similar ocorre com Correa no Equador, porém todos agora são seus novos melhores amigos, mediadores do conflito e honoráveis mandatários. É o mundo ao revés.

Em síntese, pelas razões anteriores tão claras e simples, as FARC seqüestraram o general Alzate, e o que é mais grave: se não se remediar a situação com decisões de fundo e ações radicais nacionais e internacionais, este não será o último dos atos publicitários e político-propagandísticos das FARC contra os generais e almirantes, como prêmio e resposta ao espaço político recebido, e a que em sua imensa estultícia vaidosa, Santos disse a Yamid Amat que tinha para anunciar esta semana outra vergonhosa concessão aos bandidos.

Por desgraça, é provável que logo Santos reverta a decisão de suspender a farsa de Havana, porque a vaidade do Prêmio Nobel da Paz o obnubila, porque sua pobre gestão governamental não lhe deixa muito o que mostrar além das casas presenteadas e porque primeiro estão seus interesse pessoais que os da Colômbia. Entretanto, as FARC voltarão a atentar contra os comandos militares com o argumento de que estão em guerra e, como disse um comunista caviar da Universidade Nacional muito próximo às três óperas bufas que esse centro educacional organizou com a ONU: o general não foi seqüestrado. Ele mesmo chegou lá para prejudicar o processo. São duas forças iguais, e então as FARC também poderão parar as negociações quando lhes capturem ou matem um chefe.

Os bandidos armados e desarmados estão em todos os cenários que rodeiam a farsa de Havana, porém a inteligência estratégica e a difusão da informação estão em outros misteres e, claro, Santos e Pinzón estão pensando nas eleições de 2018. Enquanto isso, o general Alzate continuará seqüestrado, quem sabe até quando. E os demais generais e almirantes calados pra que Santos não os despeça.

Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido

Analista de assuntos estratégicos –

 
Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Exército Colombiano
Analista de assuntos estratégicos
www.luisvillamarin.com
Tradução: Graça Salgueiro

 

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1.Continuam erros garrafais de inteligência estratégica que incidem negativamente na inteligência tática, e na inteligência de combate.

A morte de Alfonso Cano no estado do Cauca, somada às folclóricas declarações de um padreco com enfermidade senil em Cali acerca do “pobre velhinho desarmado”, a presença massiva em Havana dos cabeças dos blocos das FARC que delinqüem na zona do Pacífico, a intenção das FARC de se apropriar de Cali, Buenaventura, Tumaco, o estado de Nariño, o sempiterno esquecido político do Chocó, coberto por criminosos de todos os matizes, inclusive os corruptos locais, pareceriam não ser importantes para os estrategistas Juan Manuel Santos e Juan Carlos Pinzón, donos de todos os êxitos das tropas e alheios aos erros dos mesmos.

Desconhecer o Plano Estratégico das FARC e utilizar a inteligência estratégica para outros misteres como espionar os contraditores políticos, seguir jornalistas ansiosos por “furos”, satisfazer o ego publicitário do Promotor Montealegre e o afã publicitário de Santos com seu desejo insubstituível de ser Prêmio Nobel da Paz, incidem em que a informação de inteligência estratégica não coincida com os objetivos políticos do Estado (quase inexistentes neste caso), que o que se conhece em alto nível em Bogotá não chegue às tropas que estão nas áreas de combate, e que não se avalie o que é que as FARC organizam e pretendem fazer, cada vez que os mudos em Havana que acompanham De la Calle vêm à Colômbia se regar como “sargaço na praia”, em cenários publicitários para o Prêmio Nobel de Santos.

Desde há quase dois anos, produto do senso comum, advertiu-se à opinião pública e ao governo Santos de que cada vez que termina uma rodada em Havana, via Manágua, Quito, Brasília, Caracas, Panamá, etc., os cabeças das FARC vão a Cuba para planejar novas ações e métodos de pressão ao governo, para que chegue o ansiado cessar bilateral de hostilidades que tanto promovem os cúmplices desarmados das FARC, para permitir que os terroristas consolidem seus negócios de coca e armas, se armem melhor, se reequipem e quando estejam prontos voltem a atacar a Colômbia com maior intensidade.

É preciso ser muito ingênuo ou incrédulo frente à realidade para não deduzir que ante as baixas de cabeças que enchem Santos de tanta vaidade, as FARC não estiveram planejando e instruindo suas estruturas armadas para realizar ações tão espetaculares como estas e, por desgraça para a Colômbia, o aparente erro tático das tropas no Chocó conduziu ao seqüestro do general Alzate.

Não avaliar as capacidades de mais provável adoção do inimigo, é o mais grave erro da inteligência militar em todos os níveis. Obviamente é necessário esperar que a investigação esclareça quais foram os possíveis erros que desencadearam este grave fracasso tático com conotações político-estratégicas.

2.A zona pacífica é fundamental para o Plano Estratégico das FARC

A presença de Alfonso Cano na região do Pacífico colombiano não era gratuita, nem obedecia à perseguição que as tropas faziam sobre ele no Sul do Tolima e norte-oriente do Valle. Desde antes de Tirofijo morrer e graças à cumplicidade do governo equatoriano de Rafael Correa, as FARC concentraram esforços político-organizacionais em encher de milícias bolivarianas e seus partidos políticos semi-clandestinos, o litoral Pacífico colombiano desde e até as fronteiras com Equador e Panamá.

Nessa ordem de idéias, Cali, Popayán, Tumaco, Buenaventura, Quibdó e Bahía Solano são epicentros geo-estratégicos para concretizar o projeto narco-terrorista de traficar drogas, seres humanos, armas e consolidar a presença geo-política das estruturas armadas e políticas das FARC, com a finalidade de recrutar mais adeptos e a longo prazo liberar a zona.

Por essa razão, as FARC têm-se mantido ativas em todas as suas estruturas, para dizer ao país que estão vivos e que seus objetivos continuam incólumes, que não estão derrotados e que não são apenas 8.000 bandidos como dizem as fontes oficiais.

Não relacionar a inteligência estratégica que se deriva dos computadores e documentos apreendidos com as declarações dos desertores das FARC e os dados que cada unidade consegue em sua área de operações, fizeram com que se fale uma coisa em Havana, Santos diga outra, e os mudos de De la Calle venham à Colômbia para falar até pelos cotovelos em defesa de Santos, não do que convém à Colômbia.

A cacarejada lei de inteligência foi uma saudação à bandeira. O trabalho da Central Nacional de Inteligência que substituiu o desaparecido DAS, foi muito pobre a respeito. A inteligência operacional esteve no olho do furacão e os principais responsáveis de que isto funcione, chamados Presidente da República e Ministro da Defesa, não se dão por aludidos frente à miopia de inteligência estratégica e visão clara de quem e o que quer o inimigo, senão que sonham em acordo mútuo, um de se vangloriar de ser um sábio em estratégia contra as FARC e o outro em chamá-los bandidos e terroristas, como se presidente e ministro não fizessem parte do mesmo governo. E o mais grave é que as FARC já lhes “mediram o óleo”.

3.Pobreza estrutural do Congresso da República frente ao problema

Dá horror ouvir o camaleônico congressista Roy Barreras, cada vez que desanda a falar sandices acerca das barbaridades das FARC. Porém, este personagem nefasto e vergonhoso para a Colômbia não é a exceção, senão quase a regra dos legisladores em torno ao conflito, ao Plano Estratégico das FARC, à farsa das conversações em Cuba e à desgraça que padecem as tropas, utilizadas por Santos para seus fins pessoais, troféu de um Promotor ansioso de protagonismo, suporte da oposição do Centro Democrático contra os erros dos membros da equipe de Santos, e lenha de árvore caída para jornalistas ansiosos de prêmios do grêmio, sem que nenhum destes personagens analise que o mais prejudicado com tudo isto é o futuro do país, pois derrubadas as Forças Militares, cai o andaime.

E tudo isso pode acontecer porque os congressistas estão empenhados na marmelada, os ódios entre uribistas e santistas, as invejas, as intrigas, as fatias burocráticas, los interesses pessoais ou de grupelhos, e a nenhum lhe ocorreu fazer um controle político sério e profundo do que ocorre em Havana. Pelo contrário, Santos impõe o ritmo do que lhe convém e se inventa com os partidos, ordena Roy Barreras a dizer insensatez, se deixa montar pelo camarada Cepeda, etc. Porém, não importa. Todos felizes comem perdizes como na literatura infantil.

4. As FARC estão em guerra e a paz é mais um passo de sua guerra

Mesmo que haja incrédulos ou iludidos colombianos que acreditam que esta era a única oportunidade para a paz idealista, a realidade é outra. As FARC são o braço armado do Partido Comunista, portanto, são comunistas e estão convencidas até a medula que sua atividade é uma luta de classes para a tomada do poder e a consequente imposição de uma oprobriosa ditadura similar à de Cuba ou Coréia do Norte. Não importa que isso já não tenha deixado o trem da história. Esse é seu credo político e ponto.

Nesse sentido, paz para as FARC é tomada do poder e imposição de controles em zonas camponesas, controle absoluto do parlamento, partido único, masmorras para dissidentes, organização de comitês comunistas de apoio à revolução, supressão da propriedade privada, vinculação direta à trama cubana, etc.

Por esta razão sequestraram o general Alzate. Com este sequestro, planejado em Cuba durante um dos recessos dos mudos de De la Calle, as FARC querem forçar o cessar bilateral de hostilidades para ficar em plena liberdade de se mover no exterior com a mesa em Havana, onde unilateralmente impõem agenda, tempos, pontos, pausas, etapas e tudo o que lhes dá na telha, enquanto que na Colômbia suas frentes, redes de milicianos e cúmplices políticos se dedicam ao reforçamento do grupo terrorista em todos os campos, para lançar a ofensiva quando o momento político-estratégico lhes indicar.

A isto soma-se a cumplicidade de Santos com o governo venezuelano de Maduro e Cabello, que esconde os cabeças das FARC que até escritório têm no Fuerte Tiuna de Caracas, lhes facilita o fluxo logístico e de pessoal desde Maiquetía até Havana e vice-versa, evita que as Forças Militares colombianas os ataquem em suas guaridas instaladas na Venezuela, etc. Algo similar ocorre com Correa no Equador, porém todos agora são seus novos melhores amigos, mediadores do conflito e honoráveis mandatários. É o mundo ao revés.

Em síntese, pelas razões anteriores tão claras e simples, as FARC sequestraram o general Alzate, e o que é mais grave: se não se remediar a situação com decisões de fundo e ações radicais nacionais e internacionais, este não será o último dos atos publicitários e político-propagandísticos das FARC contra os generais e almirantes, como prêmio e resposta ao espaço político recebido, e a que em sua imensa estultícia vaidosa, Santos disse a Yamid Amat que tinha para anunciar esta semana outra vergonhosa concessão aos bandidos.

Por desgraça, é provável que logo Santos reverta a decisão de suspender a farsa de Havana, porque a vaidade do Prêmio Nobel da Paz o obnubila, porque sua pobre gestão governamental não lhe deixa muito o que mostrar além das casas presenteadas e porque primeiro estão seus interesse pessoais que os da Colômbia. Entretanto, as FARC voltarão a atentar contra os comandos militares com o argumento de que estão em guerra e, como disse um comunista caviar da Universidade Nacional muito próximo às três óperas bufas que esse centro educacional organizou com a ONU: o general não foi sequestrado. Ele mesmo chegou lá para prejudicar o processo. São duas forças iguais, e então as FARC também poderão parar as negociações quando lhes capturem ou matem um chefe.

Os bandidos armados e desarmados estão em todos os cenários que rodeiam a farsa de Havana, porém a inteligência estratégica e a difusão da informação estão em outros misteres e, claro, Santos e Pinzón estão pensando nas eleições de 2018. Enquanto isso, o general Alzate continuará sequestrado, quem sabe até quando. E os demais generais e almirantes calados pra que Santos não os despeça. 

Lea mas acerca de Reflexões político-estratégicas do seqüestro do general Rubén Darío Alzate em Chocó por Luis Alberto Villamarin Pulido

 
Nota DefesaNet

O General Rubén Darío Alzate é o comandante da Fuerza de Tarea Titán (Força Tarefa Titan),  unidade especial de luta contra a guerrilha, com mais de 2.500 soldados.

Desde que se graduou, em 1983, na Escuela Militar de Cadetes General José María Córdova, Alzate sempre se destacou.

Em 1996, quando tinha treze anos de serviço, no posto de Major foi honrado com a indicação d ser o primeiro Comandante da “Escuela de Policía Militar”.

Em dezembro de 2011, das próprias mãos juan Manuel Santos recebeu a promoção a General, em Janeiro de 2014 o Comando da Fuerza de Tarea Conjunta Titán.

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