VENEZUELA – EUA acredita na influência do Brasil

Os Estados Unidos não estão preocupados apenas com uma eleição presidencial limpa e transparente na Venezuela, mas também com a estabilidade do seu próximo governo, esteja ele nas mãos do bolivariano Nicolás Maduro ou do opositor Henrique Capriles. Um colaborador do presidente americano, Barack Obama, disse que o papel do Brasil é essencial na delicada transição política, especialmente se Capriles vencer a eleição.

"O Brasil tem importância fundamental na garantia de transparência do processo eleitoral e na estabilidade do governo a ser composto a partir da eleição de 14 de abril", afirmou o colaborador do governo americano, que não quis se identificar.

A Casa Branca e o Departamento de Estado estão conversando com Brasília sobre a transição venezuelana e já notaram a mesma preocupação brasileira com a legitimidade do processo eleitoral e com inevitável fragilidade de seu faturo governo.

Os EUA avaliam que os investimentos brasileiros na Venezuela e o elevado volume de negócios bilaterais tornam o País um interlocutor privilegiado com as autoridades atuais e futuras de Caracas.

Não se trata de interferência, acredita o assessor de Obama, que prevê uma nova onda de ataques do governo venezuelano e de Maduro aos EUA. De acordo com ele, trata-se da necessidade de afastar riscos desnecessários à já complicada transição na Venezuela – o quarto exportador de petróleo para o mercado americano e um dos principais destinos dos produtos dos EUA na América do Sul.

O sucessor de Hugo Chávez, morto no dia 5, terá diante de si uma economia debilitada, com baixa capacidade de atrair novos investimentos e sob pressão das promessas e de compromissos sociais do antigo governo. Recentemente, segundo a Casa Branca, a petrolífera estatal venezuelana PDVSA teve negado pela China um pedido de empréstimo.

Caracas dispõe hoje de fontes cada vez mais raras de financiamento. Além disso, mesmo vencendo a eleição, Maduro estará longe de unificar ás diferentes bandeiras do bolivarianismo, como Chávezfoi capaz. "Ele estará sempre exposto a riscos na dinâmica interna de seu governo e à perda de popularidade", avalia o colaborador de Obama. Nesse caso, os EUA não terão nada a fazer senão observar. "Maduro não é Chávez", afirmou.
Capriles terá um desafio ainda maior: governar com a máquina burocrática, a Assembleia Nacional, o Tribunal Supremo de Justiça, os sindicatos e os organismos mais ativos da sociedade civil fiéis ao ideal bolivariano. A des-montagem do aparato do governo não será fácil nem rápida; Em tomapaziguador, Capriles anunciou que manterá a ajuda financeira a Cuba. No entanto, concessões ainda mais contraditórias são esperadas.
"Se Capriles vencer a eleição, seu governo demandará muito mais apoio do Brasil, especialmente, e de Colômbia, Peru e Chile. Os EUA, claro, estarão prontos para ajudar", afirmou.

A normalização da relação dos EUA com a Venezuela é considerada em Washington apenas em caso de vitória da oposição. Ainda assim, de forma comedida e gradual. Com Maduro na presidência, a relação entre os dois países pode melhorar ao longo do tempo, mas sem chegar ao mesmo nível de antes. A tentativa de abrir o diálogo em temas secundários perdeu fôlego com as recentes declarações e iniciativas de Maduro como presidente interino do país.

Maduro acusou os EUA dè terem sido responsáveis pelo câncer de Chávez e expulsou dois adidos militares da Embaixada Americana em Caracas – ato que levou Washington a exigir, em reciprocidade, a saída imediata de dois diplomatas venezuelanos. Em novembro, Maduro conversou com a subsecretária de Estado para Américas, Roberta Jacobson, sobre a retomada do diálogo em algumas áreas secundárias de interesse comum.

Na ocasião, o governo americano pretendia firmar um acordo com as autoridades venezuelanas para facilitar a prisão de narcotraficantes que circulam entre os países andinos produtores de cocaína, a Venezuela e os EUA. "As nossas portas continuarão abertas para um diálogo . amplo e profundo com a Venezuela, mas não vamos dar o primeiro passo", afirmou o assessor de Obama.

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