Os 100 maiores produtores de armas, segundo o SIPRI, registram um aumento expressivo em suas receitas combinadas, à medida que os estados se apressam para modernizar e expandir seus arsenais.
Estocolmo, 1 de dezembro de 2025 – As receitas com a venda de armas e serviços militares pelas 100 maiores empresas produtoras de armamentos aumentaram 5,9% em 2024, atingindo o recorde de US$ 679 bilhões, de acordo com novos dados divulgados hoje pelo Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Stockholm International Peace Research Institute – SIPRI), disponíveis em www.sipri.org.
As receitas globais com armas aumentaram acentuadamente em 2024, impulsionadas pela demanda devido às guerras na Ucrânia e em Gaza, às tensões geopolíticas globais e regionais e aos gastos militares cada vez maiores. Pela primeira vez desde 2018, todas as cinco maiores empresas de armamentos aumentaram suas receitas.
Embora a maior parte do aumento global se deva a empresas sediadas na Europa e nos Estados Unidos, houve aumentos anuais em todas as regiões do mundo presentes no ranking das 100 maiores. A única exceção foi a Ásia e a Oceania, onde problemas na indústria armamentista chinesa reduziram o total regional.
O aumento nas receitas e nos novos pedidos levou muitas empresas de armamento a expandir linhas de produção, ampliar instalações, estabelecer novas subsidiárias ou realizar aquisições.
“No ano passado, as receitas globais com armamentos atingiram o nível mais alto já registrado pelo SIPRI, à medida que os produtores capitalizaram a alta demanda”, disse Lorenzo Scarazzato, pesquisador do Programa de Gastos Militares e Produção de Armamentos do SIPRI. “Embora as empresas tenham aumentado sua capacidade de produção, elas ainda enfrentam uma série de desafios que podem afetar os custos e os cronogramas de entrega.”
Global arms revenues rose sharply in 2024, as demand was boosted by the wars in #Ukraine and #Gaza, global and regional geopolitical tensions, and ever-higher military expenditure.
— SIPRI (@SIPRIorg) November 30, 2025
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Receitas com armamentos dos EUA crescem, mas atrasos e estouros de orçamento persistem
Em 2024, as receitas combinadas com armamentos das empresas americanas entre as 100 maiores cresceram 3,8%, atingindo US$ 334 bilhões, com 30 das 39 empresas americanas no ranking aumentando suas receitas com armamentos. Entre elas, grandes produtoras de armas como Lockheed Martin, Northrop Grumman e General Dynamics.
No entanto, atrasos generalizados e estouros de orçamento continuam a afetar o desenvolvimento e a produção de programas importantes liderados pelos EUA, como o caça F-35, o submarino da classe Columbia e o míssil balístico intercontinental (ICBM) Sentinel. Vários dos maiores fabricantes de armas dos EUA são afetados por estouros de orçamento, aumentando a incerteza sobre quando os principais novos sistemas de armas e as atualizações dos existentes poderão ser entregues e implantados.
“Os atrasos e o aumento dos custos inevitavelmente impactarão o planejamento militar e os gastos militares dos EUA”, disse Xiao Liang, pesquisador do Programa de Gastos Militares e Produção de Armas do SIPRI. “Isso pode ter efeitos indiretos nos esforços do governo dos EUA para cortar gastos militares excessivos e melhorar a eficiência orçamentária.”

Rearmamento em andamento na Europa, mas a ameaça de problemas na cadeia de suprimentos aumenta
Das 26 empresas de armamento entre as 100 maiores com sede na Europa (excluindo a Rússia), 23 registraram aumento na receita com armas. Sua receita agregada com armas cresceu 13%, para US$ 151 bilhões. Esse aumento foi ligado à demanda decorrente da guerra na Ucrânia e à ameaça percebida da Rússia. A empresa checa Czechoslovak Group registrou o maior aumento percentual na receita de armamentos entre as 100 maiores empresas em 2024: 193%, atingindo US$ 3,6 bilhões. A empresa atribui a maior parte de sua receita à Ucrânia. A Czechoslovak Group se beneficiou da Iniciativa de Munições Checas, um projeto liderado pelo governo para fornecer projéteis de artilharia para a Ucrânia. A própria JSC Ukrainian Defense Industry, da Ucrânia, aumentou sua receita de armamentos em 41%, para US$ 3 bilhões.
“As empresas europeias de armamentos estão investindo em nova capacidade de produção para atender à crescente demanda”, disse Jade Guiberteau Ricard, pesquisadora do Programa de Gastos Militares e Produção de Armamentos do SIPRI. “Mas o fornecimento de materiais pode representar um desafio crescente. Em particular, a dependência de minerais críticos provavelmente complicará os planos de rearme europeus.”
Como exemplo dos riscos dessa dependência, a empresa transeuropeia Airbus e a francesa Safran atenderam metade de suas necessidades de titânio antes de 2022 com importações russas e tiveram que encontrar novos fornecedores. Além disso, tendo em vista as restrições chinesas à exportação de minerais críticos, empresas como a francesa Thales e a alemã Rheinmetall alertaram, em 2024, para os potenciais altos custos de reestruturação de suas cadeias de suprimentos.
Receitas da indústria armamentista russa crescem apesar das sanções e da escassez de mão de obra qualificada
As duas maiores empresas de armamento russas, Rostec e United Shipbuilding Corporation, aumentaram suas receitas combinadas em 23%, para US$ 31,2 bilhões, apesar das sanções internacionais que levaram à escassez de componentes. A demanda interna foi suficiente para compensar amplamente as receitas perdidas devido à queda nas exportações de armas.
“Além das sanções, as empresas de armamento russas enfrentam uma escassez de mão de obra qualificada. Isso pode desacelerar a produção e limitar a inovação”, disse Diego Lopes da Silva, pesquisador sênior do Programa de Gastos Militares e Produção de Armamentos do SIPRI. “No entanto, precisamos ser cautelosos ao fazer tais previsões, já que a indústria armamentista russa provou ser resiliente durante a guerra na Ucrânia, contrariando as expectativas.”
Ásia e Oceania: problemas na indústria armamentista chinesa reduzem o total regional
A Ásia e a Oceania foram a única região do mundo a registrar um declínio geral nas receitas com armamentos entre as 100 maiores empresas em 2024, caindo para US$ 130 bilhões, 1,2% a menos do que em 2023. No entanto, o cenário foi bastante variado dentro da Ásia e da Oceania. A queda regional se deveu a um declínio combinado de 10% nas receitas com armamentos entre as oito empresas chinesas do setor entre as 100 maiores. O caso mais notório foi a queda de 31% nas receitas com armamentos da NORINCO, principal produtora chinesa de sistemas terrestres.
“Uma série de alegações de corrupção na aquisição de armamentos pela China levou ao adiamento ou cancelamento de grandes contratos de armamentos em 2024”, disse Nan Tian, diretor do Programa de Gastos Militares e Produção de Armamentos do SIPRI. “Isso aprofunda a incerteza em torno do status dos esforços de modernização militar da China e de quando novas capacidades se materializarão.”
Em contraste, as receitas com armamentos continuaram a crescer entre as empresas japonesas e sul-coreanas no Top 100, impulsionadas pela forte demanda europeia e doméstica. As cinco empresas japonesas aumentaram suas receitas combinadas com armamentos em 40%, para US$ 13,3 bilhões, enquanto os quatro produtores sul-coreanos aumentaram suas receitas com armamentos em 31%, para US$ 14,1 bilhões. A maior empresa de armamentos da Coreia do Sul, o Grupo Hanwha, registrou um aumento de 42% em suas receitas com armamentos em 2024, com mais da metade proveniente de exportações de armas.

Número recorde de empresas do Oriente Médio no Top 100
Pela primeira vez, nove das 100 maiores empresas de armamentos estavam sediadas no Oriente Médio, com receitas combinadas de US$ 31 bilhões. As receitas com armamentos na região cresceram 14% (veja “Para editores” abaixo). As três empresas israelenses de armamento presentes no ranking aumentaram suas receitas combinadas em 16%, para US$ 16,2 bilhões.
“A crescente reação negativa às ações de Israel em Gaza parece ter tido pouco impacto no interesse por armas israelenses”, disse Zubaida Karim, pesquisadora do Programa de Gastos Militares e Produção de Armas do SIPRI. “Muitos países continuaram a fazer novos pedidos a empresas israelenses em 2024.”

O ranking de 2024 inclui cinco empresas turcas de armamento (com receitas combinadas de US$ 10,1 bilhões, um aumento de 11% em relação ao ano anterior), após a MKE entrar no Top 100 pela primeira vez. O conglomerado estatal dos Emirados Árabes Unidos, EDGE Group, registrou receitas de US$ 4,7 bilhões em 2024.
Outros desenvolvimentos notáveis:
- As receitas combinadas das três empresas indianas no Top 100 aumentaram 8,2%, para US$ 7,5 bilhões, impulsionadas por pedidos domésticos.
- As quatro empresas alemãs no Top 100 viram suas receitas combinadas com armamentos aumentarem 36%, para US$ 14,9 bilhões, impulsionadas pelo aumento da demanda por sistemas de defesa aérea terrestres, munições e veículos blindados devido à percepção de ameaça da Rússia.
- A empresa americana SpaceX apareceu no Top 100 do SIPRI pela primeira vez, depois que suas receitas com armamentos mais que dobraram em comparação com 2023, atingindo US$ 1,8 bilhão.
- Pela primeira vez, uma empresa indonésia entrou no Top 100. A DEFEND ID relatou um aumento de 39% em suas receitas com armamentos, para US$ 1,1 bilhão, impulsionado pela consolidação do setor e pelo aumento das compras domésticas.

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