ASTROS 2020 – Mísseis e Foguetes

Atualização 13:00 05MAIO14 – Inclusao imagem

 

Um dos sete Programas Estratégicos do Exército (PEE) o ASTROS 2020 já implica em alterações administrativas e doutrinárias  no Exército.  A maior alteração anterior, foi a criação do 6º Grupo de Lançadores  Múltiplos de Foguetes  (GLMF), com a concentração de todos os vetores ASTROS II em uma única unidade.
 
O objetivo foi de aproveitar a sinergia pela integração das unidades, antes dispersas pelo país,  e ter o sistema de lançadores de foguetes ASTROS como um vetor estratégico do Exército, ao emprego do Comando de Operações Terrestres (COTER). Foi posicionado no Campo de Instrução de Formosa, com sede na cidade de Formosa, estado de Goiás.
 
A introdução do ASTROS 2020 com novas capacidades e armamentos traz o conceito do míssil. Assim, em 1º de Fevereiro de 2015, a unidade  passa a denominar-se  6º Grupo de Mísseis e Foguetes, permanecendo subordinado administrativamente ao Comando Militar do Planalto (CMP).
 
Em duas edições do Boletim do Exército foram publicadas  importantes documentos:
 
No Boletim BE 17/14 de 25 ABR14, os seguintes documentos:
 
– PORTARIA N º 309,  11 ABR 2014  – Transformar o 6º Grupo de Lançadores Múltiplos de Foguetes, em  6º Grupo de Mísseis e Foguetes;
– PORTARIA N º 310,  11 ABR 2014  – Cria e ativa a Base Administrativa e Campo de Instrução de Formosa;
– PORTARIA N º 311,  11 ABR 2014 – Cria a e ativa o Centro de Logística de Mísseis e Foguetes e dá outras providências,e a,.
PORTARIA N º 312,  11 ABR 2014, cria  e ativa o Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes.
 
No Boletim BE 18/14, de 02MAIO14 os documentos:
 
1 – Requisitos Técnicos Básicos – EB80-RT-76.004, 1ª Edição, 2013 do Foguete Guiado para o Sistema ASTROS (Baseado na munição SS40), e,
 
2 – Requisitos Técnicos Básicos – EB80-RT-76.005, 1ª Edição, 2013 do Sistema Míssil Tático de Cruzeiro para o Sistema ASTROS.

Vamos apresentar os RequisitosTécnicos Básicos Sistema Míssil Tático de Cruzeiro (AV-TM300)
 
Versões do ASTROS em Operação no Exército Brasileiro
 
– ASTROS MK3.Versão do Sistema lançador de foguetes ASTROS em uso pelo Exército Brasileiro (versão de 1990).Chassi Mercedes-Benz. Esta versão do ASTROS não pode utilizar o Foguete Guiado ou o Míssil Tático de Cruzeiro.

ASTROS MK6. Versão do Sistema lançador de foguetes ASTROS em uso pelo Exército Brasileiro (versão de 2010).Chassi Tatra. Esta versão do ASTROS, com algumas adaptações, pode utilizar o Foguete Guiado ou o Míssil Tático de Cruzeiro.

ASTROS versão MK3-M. Versão do Sistema lançador de foguetes MK3 modernizada. Esta versão, com algumas modificações, poderá lançar o Foguete Guiado e o Míssil AV-TM 300.

O Sistema Míssil Tático de Cruzeiro

Dados retirados dos Requisitos Técnicos Básicos – EB80-RT-76.005, 1ª Edição, 2013, do Sistema Míssil Tático de Cruzeiro para o Sistema ASTROS. Caso seja necessário convidamos ao leitor consultar o documento original.
 
A – O Projeto do Sistema Míssil Tático de Cruzeiro

Tem como objeto a pesquisa e o desenvolvimento de um Sistema Míssil Tático de Cruzeiro com uma faixa de alcance de 30 km (trinta quilômetros) a, pelo menos, 300 km (trezentos quilômetros), com capacidade de ser disparado a partir da plataforma do Sistema ASTROS em uso pelo Exército Brasileiro (EB), com as alterações que se fizerem necessárias neste Sistema, atendendo, ainda, aos demais requisitos do produto apresentados no Projeto Básico de P&D do Míssil Tático.
 
B. Configuração

O Sistema Míssil Tático de Cruzeiro é composto de Subsistemas que podem ser descritos de acordo com a arquitetura física a seguir. Os blocos na cor amarela são todos os componentes do Sistema que serão alterados e/ou desenvolvidos para lançar o Míssil Tático de Cruzeiro (clique na imagem para maior resolução)
 

Alguns Requisitos Básicos
 
Visando, no mínimo, atender ao especificado nos ROB nº 05/12 devem ser satisfeitas as seguintes exigências:
 
Requisitos Técnicos Absolutos:
 
A -Características
 
1) Atingir, quando lançado da AV-LMU (Unidade Lançadora Múltipla Universal), alcance de utilização na faixa entre 30 km e  300 km (trinta quilômetros e trezentos quilômetros), podendo o limite máximo superior ser maior.

2) Ser disparado a partir da Plataforma do Sistema ASTROS versão MK3-M e versão MK6, adaptadas com as modificações identificadas no projeto.

3) Dispersão definida por um CEP de, no máximo, 30 m .

4) Perfil de voo quando em voo de cruzeiro, dentro de uma faixa de altura entre 200 m (duzentos metros) e 1500 m (mil e quinhentos metros) acima do nível do solo.

5) Possuir sistema de propulsão que garanta, quando em voo de cruzeiro, uma velocidade horizontal igual ou superior a 0,7 M (zero vírgula sete Mach).

6) Ser capaz de se autodestruir, durante toda a sua trajetória, em caso de mau funcionamento.
 
B – Munição
 
 1) Possuir cabeça de guerra do tipo Alto Explosiva, que produza uma Área Eficazmente Batida (AEB) de, no mínimo, 80 m (oitenta metros) de raio
 
2) Possuir cabeça de guerra múltipla com submunições com capacidade de produzir uma Área Eficazmente Batida (AEB) de 0,078 km2 (zero vírgula zero setenta e oito quilômetros
quadrados) a uma altura mínima de ejeção de 400 m (quatrocentos metros)
 
C – Condições de Operação

1) Operar em todas as combinações de condições ambientais descritas a seguir:

a) Durante o dia e à noite; e
b) Na presença de um ou mais dos seguintes fenômenos meteorológicos: vento de até 7,7 m/s (sete vírgula sete metros por segundo), nuvens exceto Cumulus Nimbus ou chuva de até 10 mm/h (dez milímetros por hora).
 

D – Comando e Controle

1) Permitir a programação da trajetória do míssil por meio da entrada das coordenadas geográficas da trajetória desejada, bem como do alvo designado.

2) Permitir, após o disparo, a reprogramação de sua missão, em voo, modificando as coordenadas geográficas, inicialmente inseridas, da trajetória desejada e do alvo designado para outras pré programadas e dentro de condições adequadas de enlace de comunicação entre míssil e viatura, tais como: altura da antena, altura de voo, características do relevo e condições meteorológicas.
 
3) Ser capaz de garantir que o operador, por meio da AV-VCC (Viatura de Comando e Controle)e da AV-PCC (Viatura Posto de Comando e Controle), consiga realizar todas as operações de planejamento e gerenciamento da missão.

4) Possuir um sistema computacional para planejamento da missão que permita que o operador, devidamente treinado, planeje a missão em no máximo 2 h (duas horas).

5) Possuir ambiente de planejamento da missão que permita a realização de, no mínimo, as seguintes atividades:

a) Recebimento da missão (coordenadas do alvo, dimensão do alvo e nível de dano desejado), utilizando cartas digitalizadas ou imagens de satélites em formato compatível com o utilizado pelo EB;
b) Definição da quantidade e tipo de mísseis necessários;
c) Definição da quantidade e tipo de veículos participantes da missão;
d) Definição das áreas de lançamento e áreas de preparação e retirada;
e) Definição das rotas para chegar às áreas de lançamento e áreas de preparação e retirada;
f) Cálculo e indicação do local provável da queda do booster, fornecendo as coordenadas do ponto de impacto previsto e uma área dentro da qual cairá o booster, com 95% (noventa e cinco por cento) de probabilidade;
g) Cálculo do instante de lançamento; e
h) Definição dos seguintes dados para o míssil:

1. Rota para o alvo, incluindo “pontos de passagem”;
2. Altitude de cruzeiro;
3. Alvos alternativos;
4. Zonas de autodestruição;
5. Chave de criptografia do telecomando; e
6. Elevação e azimute de tiro.
 

6) Permitir a troca de informações entre o Sistema ASTROS e o Sistema de Comando e Controle em uso pelo EB.
 
7) Ser capaz de se autodestruir, após o disparo, de forma telecomandada, e dentro de condições adequadas de enlace de comunicação entre míssil e viatura, tais como: altura da antena, altura de voo, características do relevo e condições meteorológicas.
 
O Documento coloca como desejável:
 
1) Possuir guiamento terminal que permita melhorar a precisão do míssil na fase final de voo.

Análise

O desfio da equipe de projeto do ASTROS 2020, coordenada no Exército pelo General de Brigada R/1 José Júlio Dias Barreto é enorme.
 
Desenvolver a propulsão do Missil de Cruzeiro (atualmente a cargo da empresa de São José dos Campos, Polaris) e em especial o sistema de Comando e Controle é uma tarefa de engenharia que requer múltiplas capacidades.
 
Durante o Operação Laçador, foram simulados o lançamento de mais de 170 mísseis de cruzeiro, com as mais diferentes situações operacionais, ambientais e com variados graus de incerteza quanto aos resultados.
 
O resultado foi convincente, porém  ficou claro que requer uma extraordinária preparação. Estas novas demandas estão sendo introduzidas no Exército.
 

Atividades na Barreira do Inferno

 
O  Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), de Parnamirim (RN), informou, em nota,dia 30 ABR14,  a campanha ASTROS 2020 realizada pela empresa AVIBRAS em conjunto com o Exército Brasileiro. Foram lançados  31 foguetes em cinco dias (22-30ABR14).
 
Durante a Operação, foram lançados quatro tipos de foguetes de calibres diferentes – o SS09TS (subcalibre de treinamento), o SS30, SS40 e o SS80 – Ao todo, 247 pessoas participaram nas atividades – entre militares do CLBI e do Exército e servidores da AVIBRAS.
 
Segundo Ricardo de Oliveira Pinto, gerente do Departamento de Engenharia de Desempenho de Sistema da AVIBRAS, o trabalho realizado no CLBI foi bastante cooperativo: “os resultados alcançados foram suficientes para obtermos os dados necessários sobre o rastreio e a qualidade desse rastreio”.
Não foram informadas se atividades no CLBI estava relacionados às noavs munições.  sobre os projetos.

Nota DefesaNet

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