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Goldman Sachs – ‘Militares podem ser poder moderador’

Maria Luíza Filgueiras
 

Em um relatório enviado ontem a clientes internacionais do Goldman Sachs, a presidente do banco no Brasil, Maria Silvia Bastos, tenta tranquilizar os investidores sobre a nova ordem brasileira: a eleição de um presidente que ainda causa certo estranhamento aos estrangeiros e a nomeação de militares para compor o governo.

"Investidores não devem se preocupar muito com o futuro da democracia no Brasil", diz Maria Silvia, em uma pequena entrevista institucional no relatório, sobre perspectivas para a economia brasileira na nova administração. "Foi uma eleição contenciosa de um candidato controverso", admite a executiva, mas ressalta que "as instituições são fortes".

Maria Silvia destaca que o país passou por um "doloroso" processo de impeachment presidencial e varreu um esquema de propina e corrupção na operação Lava-Jato, mas a democracia continuou funcionando, tanto nas manifestações populares, quando no Congresso e no Supremo.

Ela pondera que a nova geração militar – "incluindo o general de quatro estrelas indicado como ministro de Defesa", em referência a Fernando Azevedo e Silva – não foi parte da ditadura no Brasil. "E podem até agir como um poder moderador dentro do governo", avalia. O governo do presidente Jair Bolsonaro já nomeou militares para quatro ministérios e duas estatais.

Maria Silvia ressalta que havia preocupações no setor corporativo brasileiro sobre o então candidato Bolsonaro durante a campanha. "Mas hoje muitos estão esperançosos que a nova administração irá acelerar concessões e privatizações, aprovar a necessária reforma da previdência e melhorar o ambiente de negócio com abertura da economia, implementandoreforma tributária e outras medidas microeconômicas necessárias para retomar um crescimento sustentável", diz a executiva. Ela lembra do papel de destaque do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesse governo, com a junção de três ministério sob seu comando.

Por outro lado, sua percepção após um "roadshow" recente nos Estados Unidos é que os investidores estrangeiros ainda querem saber mais sobre o novo governo brasileiro e demonstram "ceticismo cauteloso". Um dos pontos-chave, em sua avaliação, será o nível de sucesso do governo em obter apoio político no Congresso para aprovação das reformas.

Os estrangeiros tiraram capital da bolsa brasileira no ano passado, apesar do desempenho positivo dos papéis. Este ano, mesmo com recordes de pontuação, o fluxo positivo dos investidores internacionais ainda não foi retomado.

A perspectiva econômica para o país é positiva, na ótica da executiva e do banco. O Goldman Sachs espera crescimento acima de 2% do PIB em 2019, pela primeira vez desde 2013. "Esperamos que mais companhias abram capital ou emitam ADRs em bolsas estrangeiras em 2019. Vemos oportunidades de fusões e aquisições em infraestrutura e esperamos um  boom do setor de óleo e gás este ano.

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