ARMAS TAURUS – teve lucro líquido de R$ 152,8 milhões em 2023

Mesmo sem a regulamentação da legislação de armas no Brasil, Taurus encerra 2023 com receita líquida de R$ 1,8 bi e margem bruta de 35,4%

O ano de 2023 foi para o setor de armas um período de desafios. Um teste pelo qual a Taurus manteve sua estrutura sólida e com resultados e indicadores robustos, confirmando a agilidade e flexibilidade operacional e capacidade de adaptação a diferentes condições de mercado. Buscando oportunidades dentro da nova conjuntura de mercado que se apresentou em 2023, a Taurus realizou diversos lançamentos, participou dos principais eventos do setor no Brasil e no mundo e seguiu dedicada à pesquisa e inovação. Ao mesmo tempo, geriu custos e despesas com forte disciplina e realizou ajustes na operação.

A estrutura desenvolvida na Taurus nos últimos anos criou uma Companhia com sólidos fundamentos. A empresa registrou resultado positivo no ano, mesmo considerando uma conjuntura menos favorável do mercado, com as vendas no Brasil interrompidas em função da falta de regulamentação, o que se somou à inflação de 4,6% pressionando custos e despesas e à variação cambial, com valorização do real frente ao dólar impactando a receita, já que a Taurus é uma empresa fortemente exportadora. Também foi concedida férias coletivas de 30 dias para os colaboradores entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, o que impacta o Ebitda, visto a redução da produção.

Essa estrutura construída na Companhia permitiu encerrar o exercício com margem bruta superior à de empresas internacionais do setor, como tem ocorrido de forma recorrente. A Taurus fez margem bruta de 35,4% em 2023, frente a 24,6% na Ruger e na Smith & Wesson, considerando os últimos 12 meses encerrados em janeiro de 2024, de 27,5%. Na geração de caixa operacional medida pelo Ebitda ajustado apurou R$ 256,9 milhões e teve lucro líquido de R$ 152,8 milhões, mais de três vezes e meia superior (+252,1%) ao obtido em 2019, ano anterior à pandemia. Assim, a Companhia pagará dividendos aos acionistas pelo 3º ano consecutivo. O estatuto social prevê o pagamento de, no mínimo, 35% do lucro líquido ajustado que, esse ano, terá descontado o montante pago antecipadamente em agosto de 2023.

A indefinição jurídica com relação ao setor no Brasil permaneceu durante todo o ano de 2023. Apenas em dezembro foi publicada a regulamentação que definiu aspectos até então pendentes, a exemplo das autorizações de novas aquisições de armas pelos CACs (colecionadores, atiradores desportivos e caçadores) e a possibilidade de novos registros. Contudo, o processo de compras de armas de fogo, inclusive os calibres restritos por parte de Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ainda está sob revisão.

Ainda que a regulamentação hoje em vigor não seja a mais positiva para o setor, quase todos os aspectos estão definidos, o que permite que o mercado doméstico possa finalmente ser retomado. Já é verificada alguma movimentação no varejo, especialmente de itens parados em estoque por muito tempo. Assim, a expectativa é mais positiva para 2024, com o mercado brasileiro recuperando as condições e segurança jurídica para os consumidores voltarem a comprar. A Taurus deve sentir o reflexo dessa retomada a partir do 2º trimestre de 2024, após a volta da demanda do consumidor e das encomendas dos revendedores.

Nos EUA, a receita com a venda de armas & acessórios da Taurus foi de R$ 1,4 bilhão em 2023, superando em mais de 88% o valor registrado em 2019, no período pré-pandemia, percentual relevante mesmo considerando a desvalorização de 26,5% da cotação média anual do dólar no período. Com um mercado de trabalho forte e inflação em queda, o crescimento dos EUA surpreendeu, encerrando o ano de 2023 com aumento do PIB de 2,5%. A expectativa é de que a inflação continue desacelerando nos próximos meses, retornando à meta de 2% ao ano. Com isso, a taxa de juros começa a ser reduzida, depois de sair de quase zero para o maior nível em 22 anos.

O fato de 2024 ser ano de eleições presidenciais nos EUA pode ser mais um estímulo ao aumento da demanda por armas, já que, historicamente, há um aquecimento das vendas em razão da incerteza quanto à política a ser adotada para o setor. As vendas de fim de ano nos EUA contribuíram para que a cadeia de vendas ajustasse seus estoques de produtos a níveis mais baixos, de modo a aumentar o giro e se proteger do custo financeiro. Isso contribui para a retomada de novas encomendas. O efeito dessa adequação de estoques tende a continuar em 2024, com reflexos positivos para a Companhia. A Taurus também começou 2024 com estoques em patamar adequado, com volume estratégico capaz de suprir a demanda. Dado esses fatores, é possível considerar as expectativas de mercado nos EUA mais positivas para 2024.

Com relação às exportações para o resto do mundo, onde a Taurus atende principalmente forças militares e de defesa, várias licitações internacionais tiveram processos interrompidos em 2023, principalmente após o início do conflito da Ucrânia e Israel. Não foram concluídas grandes licitações internacionais durante o ano, mas a Companhia está continuamente monitorando as oportunidades e atuando para reforçar a posição de destaque na indústria mundial de armas. As exportações são sempre previamente autorizadas pelo Ministério das Relações Exteriores e Ministério da Defesa. No momento, por questões diplomáticas, autorizações de venda para a Ucrânia e Israel estão suspensas. Ainda assim, a situação de conflito nas duas regiões pode levar à maior movimentação no setor em geral e, caso ocorra aumento na demanda por parte de países para os quais tem autorização de exportação, a Taurus está preparada para atender.

Por meio da JD Taurus, a empresa está participando da maior licitação de fuzis já realizada no mundo, de 425 mil unidades, do Ministério de Defesa da Índia. Em março de 2024, foram enviadas as amostras das armas para as avaliações qualificatórias que envolvem rígido protocolo de testes.

Após receber as licenças necessárias, a operação da unidade industrial na Índia teve início também em março, com a fabricação, acompanhada por uma equipe de profissionais brasileiros da Taurus, de lotes-piloto de armas. Estão sendo avaliadas oportunidades nos mercados de segurança pública e militares da Índia, além de no imenso e quase inexplorado mercado civil. Com essa operação na Índia, uma das primeiras fábricas privadas criadas para fornecimento ao mercado civil no país, a Taurus marca sua posição de pioneira em transferência de tecnologia para a promissora área de defesa indiana, de acordo com o programa “Make in India”, que visa desenvolver a indústria local.

Na Arábia Saudita, após a celebração em junho de 2023 de Memorando de Entendimentos com a Scopa Military Industries, foi assinado em 28 de dezembro um Term Sheet, não vinculante, que estabelece as premissas iniciais para o estudo de viabilidade de uma joint venture no país. Essa JV, caso confirmada, terá por objetivo a fabricação de armas Taurus na Arábia Saudita e a comercialização em toda a região do “GCC” (Conselho de Cooperação do Golfo), fazendo parte do projeto de promoção do desenvolvimento econômico e social da região “Saudi Vision 2030”. A previsão é que o plano de negócios seja apresentado para avaliação da Taurus no 2º trimestre de 2024 e a decisão de participar da joint venture seja tomada no 3º trimestre, respeitando o cronograma das companhias e suas necessidades.

No decorrer de 2023, foi necessário a Taurus realizar ajustes para adequar a operação aos fatores externos impostos pela conjuntura do mercado. A Companhia seguiu com forte gestão de custos e despesas; alterou o mix de produtos ampliando para 40% a participação de revólveres no total da produção, de modo a atender a maior demanda do mercado norte-americano por esses produtos; e seguiu oferecendo novos produtos ao mercado, com o lançamento de 14 modelos de pistolas, 14 de revólveres, 2 de fuzis e 4 modelos de supressores durante o ano. A Taurus também realizou uma operação de reestruturação societária, aprovada em assembleia geral no dia 29 de dezembro de 2023, com o objetivo de reduzir em quase 100% os mútuos entre as empresas do grupo, melhoria da estrutura organizacional, melhorar a alocação de recursos, simplificar processos e reduzir custos.

O CITE – Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia Brasil/EUA segue conduzindo pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos, processos e materiais. Dentre os projetos, destaque para a tecnologia incremental do .38 TPC (Taurus Pistol Caliber), um calibre para pistola inédito no mundo desenvolvido pela Taurus, dentro do limite máximo de energia estabelecido pela legislação, de modo a se posicionar no espaço deixado pelo calibre 9mm, agora de uso restrito no Brasil, e com benefícios aos consumidores, uma vez que será uma pistola com valor mais acessível, inclusive na munição. As versões das pistolas G2c e GX4 .38 TPC estão prontas, aguardando as liberações para produção e comercialização.

Em linha com a estratégia de investimento em tecnologia de equipamento e em pesquisa e desenvolvimento de materiais, está previsto para o 2º trimestre de 2024 a chegada do novo forno elétrico contínuo de MIM. O equipamento proporcionará maior eficiência e produtividade, além da utilização de maior gama de ligas metálicas, levando à redução de custos. Com esse forno de última geração, que deverá começar a operar em agosto de 2024, a Taurus dobrará a capacidade instalada do M.I.M., o que permitirá ampliar a venda para terceiros em diferentes negócios e mercados, de forma global. Em paralelo, o CITE está desenvolvendo um composto, que é a matéria prima do M.I.M., próprio da Taurus, que irá mitigar a dependência de fornecedor externo e ampliar a autossuficiência da Companhia.

Os principais investimentos para a modernização fabril e aumento de capacidade instalada foram realizados nos últimos anos. Entre 2019 e 2022, a Taurus investiu R$ 537,9 milhões, integralmente financiados com recursos próprios, sendo 73,5% desse total concentrado em 2021 e 2022. Em 2023, com os principais projetos já concluídos e considerando também a menor geração de caixa no exercício, a empresa diminuiu o ritmo de investimentos. Foram R$ 116,1 milhões investidos no ano, sendo que 77,4% financiados com a linha de crédito para inovação obtida junto à Finep. O planejamento considera manter, agora, esse padrão de investimentos na Companhia, concentrado nos projetos que contam com financiamento da Finep.

Contando atualmente com uma posição financeira confortável, tendo alongado o perfil de vencimento da dívida bancária e consolidado baixo nível de alavancagem, a empresa retomou ao mercado de crédito, de modo a manter uma estrutura de capital adequada, buscando o melhor balanceamento entre o uso dos recursos próprios e de terceiros. Essa é a estratégia da Companhia em termos financeiros.

“O ano de 2023 pode não ter sido dos mais favoráveis, em função de questões de mercado externas à Companhia, mas comprovou que a Taurus está preparada para o futuro, se mantendo sólida seja qual for o cenário. Temos grande satisfação em olhar para traz e constatar tudo o que foi conquistado nos últimos anos, desde o início da nossa gestão na Companhia em 2018”, afirma Salesio Nuhs, CEO Global da Taurus.

Entre 2018 e 2023, a Taurus acumulou R$ 2,7 bilhões de caixa medido pelo Ebitda ajustado, R$ 1,6 bilhão de lucro líquido, reduziu o saldo da dívida líquida em R$ 555 milhões, passou de uma situação que sequer era possível medir a alavancagem financeira pelo indicador dívida líquida/Ebitda no encerramento de 2017, uma vez que o Ebitda naquele ano foi negativo, para o grau de alavancagem de 11,2 vezes ao final de 2018 e, em 2023, de apenas 1,3 vez. Ao mesmo tempo, foram realizados investimentos de R$ 671 milhões, voltados para desenvolvimento de produtos, processos, materiais, equipamentos e tecnologia.

A empresa emitiu em 2023 seu primeiro relatório baseado nos critérios de ESG. Realizou a internalização de fornecedores, inaugurou a fábrica de carregadores, duas lojas AMTT, em Brasília e em São Paulo, seguiu com a implantação da JD Taurus na Índia e iniciou estudos para outra joint venture, agora na Arábia Saudita.

Todas essas mudanças realizadas na Taurus no decorrer dos últimos anos foram acompanhadas pelo crescente interesse dos participantes do mercado na Companhia. Assim, o número de acionistas passou de 4,2 mil em 2018 para 114,1 mil ao final de 2023, ou seja, foi multiplicado em mais de 27 vezes desde que foi assumida a atual gestão da Companhia.

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