RJ – “Podem confiar no comando da corporação”

Gustavo Goulart

O coronel Sérgio Simões assumiu anteontem o comando-geral do Corpo de Bombeiros tentando apagar um incêndio que parece estar longe de ser controlado. Ele considerou gravíssimo o protesto dos bombeiros, que culminou na invasão do Quartel General da corporação, e, num tom conciliador, garantiu que está aberto ao diálogo. Após passar por uma série de reuniões, o oficial informou que vai remanejar bombeiros de setores administrativos para suprir a falta dos 439 amotinados presos. Esta semana, ele inicia uma peregrinação por todas as 108 unidades operacionais do estado para levar a mensagem de que o comandante quer convesar e ouvir a tropa.

O que o senhor pretende fazer, em caráter emergencial, para suprir a ausência de 439 bombeiros presos na invasão do Quartel Central?

CORONEL SÉRGIO SIMÕES: Faço parte de uma corporação de que tem cerca de 17 mil profissionais. Já determinei que sejam remanejados bombeiros administrativos para atuar no lugar dos que estão presos. Há guarda-vidas presos, e seus cargos precisam ser preenchidos.

O senhor passou o fim de semana em reuniões. O que ficou acertado? Com quem o senhor se reuniu?

CORONEL SIMÕES: Estive reunido pela manhã e, à tarde, com os comandantes de todas as unidades operacionais do estado. São 108 unidades no total. Quis passar aos comandantes uma mensagem de que é preciso ouvir a tropa, dizer-lhes que estou aberto ao diálogo. Que todas as reivindicações devem ser tratadas com o governo do estado. Não há outro interlocutor. Agora à noite (ontem à noite), vou me reunir com capitães. São 130 oficiais, entre comandantes e capitães.

E foi decidida alguma medida nas primeiras reuniões?

CORONEL SIMÕES: Ficou acertado que irei visitar todas as 108 unidades operacionais, começando pelos grupamentos marítimos. O objetivo é falar a toda a tropa, dizer que podem confiar no comando da corporação e no governo do estado. Vou tratar a tropa com todo o respeito, olhando dentro dos olhos de todos. Dizer-lhes que não precisam participar de reuniões na Alerj. Vou dizer aos bombeiros que estou aqui para ouvir e ser ouvido, para prestar todas as informações necessárias. Estou aberto ao diálogo, e a tropa precisa saber disso por seu comandante.

Por que começar as visitas pelo Grupamento Marítimo?

CORONEL SIMÕES: O foco do movimento é lá. Vou me reunir inicialmente com os cinco comandantes responsáveis pelas unidades: o comandante de área das unidades especiais e os quatro comandantes dos grupamentos marítimos de Botafogo, da Barra da Tijuca, de Copacabana e de Itaipu (Niterói).

O senhor já tentou uma aproximação com os manifestantes?

CORONEL SIMÕES: Hoje (ontem) fui a Campinho e conversei com um dos bombeiros militares que estava em reunião para que desse um recado a todos os manifestantes que estavam na porta da Alerj. Que eu aguardava a todos no Quartel General do Corpo de Bombeiros para dialogar. Infelizmente, eles não aceitaram.

O que se pretende fazer em relação às reivindicações dos bombeiros manifestantes?

CORONEL SIMÕES: Os governos passados não cuidaram adequadamente desse tema. De tal sorte que ficamos com grande defasagem. Mas o governo atual está gradativamente recuperando isso. Hoje, há um plano de reajuste salarial. Há, desde janeiro, um aumento de 1% ao mês, que no final da execução do plano, em dezembro de 2014, vai corresponder a um aumento de 70%. Mas também há benefícios que não são divulgados, como os 5% de aumento salarial a cada triênio, os cursos de carreira dos praças, que têm acréscimos de 30% ao final do curso.

Como o senhor avalia os acontecimentos da noite de sexta-feira, quando o Quartel General do Corpo de Bombeiros foi invadido?

CORONEL SIMÕES: Vivemos uma situação de agressão muito grave. Não é da nossa tradição nem da história da corporação atitude tão violenta como aquela. Magoa a todos nós que têm amor a nossa casa, a nossa profissão. A corporação fará 155 anos no próximo dia 2.

Quais as consequências do motim?

CORONEL SIMÕES: O mais grave foi a impossibilidade de atender a dois casos de transferência de neonatais (dois bebês precisaram ser levados da UPA de Santa Cruz ao Hospital Estadual Alberto Torres, o que ocorreu com atraso).

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