Edson Luiz
A segurança em torno do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi um dos principais testes para as Forças Armadas e as polícias do Brasil desde a realização dos Jogos Pan-Americanos, em julho de 2007, no Rio de Janeiro. No evento, o país colocou em prática pela primeira vez um esquema de trabalho conjunto entre as polícias estaduais e federais e a adoção de novas técnicas e equipamentos de segurança pública. No caso de Obama, a atuação dos brasileiros ficou no apoio ao serviço secreto norte-americano, o chamado “círculo de proteção”, que consistiu na manutenção da vigilância nos locais por onde o chefe de Estado passaria e os hotéis onde se hospedou, além de compor o comboio presidencial.
Para especialistas, tanto as polícias Federal, Civil e Militar, além das Forças Armadas, possuem hoje condições de atuar em qualquer tipo de evento de grande porte, como competições esportivas internacionais e a segurança de uma autoridade do quilate de Obama. Antes do Pan-Americano, o país se mobilizou para outro fato que exigia um forte esquema de segurança: a visita do papa Bento XVI, em maio de 2007. Mais de 10 mil agentes de todas as polícias e das Forças Armadas estiveram em ação — um efetivo pouco maior do que o usado na visita do presidente dos Estados Unidos. O forte aparato teve uma justificativa: o religioso passaria em carro aberto pelas ruas de São Paulo. Se Obama fizesse o mesmo em alguma cidade brasileira, segundo especialistas, os números da segurança duplicariam.
Segundo o especialista em segurança pública Daniel Sampaio, a partir de 2007, as instituições se capacitaram após receberem investimentos em novos equipamentos. “Isso ocorreu principalmente nas áreas de contraterror, detecção e destruição de materiais explosivos, além da inteligência, que é o essencial em ações de segurança”, explica Sampaio, criador do Comando de Operações Táticas (COT), o grupo de elite da Polícia Federal. Ele também foi um dos coordenadores do esquema de segurança do Pan do Rio. “Hoje, 90% do trabalho têm que ser de inteligência, pois gera a prevenção de incidentes. Sobra uma pequena parcela destinada à repressão, que é onde nunca queremos chegar.”
Daniel Sampaio avalia que as Forças Armadas também têm uma boa atuação na segurança de autoridades estrangeiras, mas a atuação direta nas ações pode representar um risco. “Muitos dos soldados que estão ali não possuem um preparo como o da polícia”, observa o especialista. Mesmo assim, ele avalia que a presença de Exército, Marinha e Aeronáutica em eventos como a segurança de Obama é fundamental pelo fato de também estarem bem equipadas para esse tipo de trabalho. No esquema montado para o presidente dos Estados Unidos, o Exército e as outras duas corporações militares ficaram de prontidão e atuaram em barreiras pelos trajetos do presidente, incluindo o monitoramento naval e do espaço aéreo.