Falta de controle nas fronteiras

Edson Luiz
Débora Álvares

A farta quantidade de projéteis utilizada por Wellington Menezes de Oliveira para matar 12 crianças trouxe à tona uma preocupação recorrente no combate à violência: o aumento do tráfico e a falta de controle de munição no país. Cartuchos fabricados no Brasil são exportados para o exterior, mas retornam ao país de forma clandestina. O destino final é a criminalidade, principalmente na Região Sudeste. Na última grande apreensão, ocorrida no mês passado na BR-277, no Paraná, a Receita Federal recolheu mais de 12 mil cartuchos de vários calibres.

Em dois anos e meio, o Brasil exportou US$ 900 milhões (R$ 1,4 bilhão) em armas, munição e peças. O maior cliente da indústria nacional são os Estados Unidos, para onde seguiram espingardas de caça, pistolas e acessórios para montagem das armas. Na década de 1990, a preocupação do governo era com o retorno do material enviado ao exterior, como revólveres, que eram revendidos a brasileiros na fronteira, principalmente com o Paraguai. O país adotou, porém, algumas medidas que restringiram o comércio, como aumentar as alíquotas sobre a venda de armas.

“Hoje já temos um controle das armas, mas persiste a falta de controle da munição”, afirma Antônio Rangel Bandeira, um dos coordenadores da ONG Viva Rio. Na Cidade Maravilhosa, a cada investida policial, além de droga, a polícia tem encontrado grande quantidade de projéteis de vários calibres. “A maior parte da munição que é usada pelos traficantes no Rio é de fabricação brasileira”, diz Rangel. Os cartuchos seguem para vários países, mas entram novamente em território nacional pelas fronteiras usadas também pelo tráfico de drogas (veja arte ao lado).

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