EUA trocam figuras-chave da área de segurança

WASHINGTON. A Casa Branca finalizou a costura na esperada mudança na cúpula de segurança nacional do governo. Quatro alterações importantes serão oficialmente anunciadas hoje pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Com a aposentadoria do secretário de Defesa, Robert Gates — que deverá se retirar de cena nos próximos meses —, assumirá o posto o atual diretor da CIA, a agência central de inteligência americana, Leon Panetta. Para dirigir a CIA, será designado o general David Petraeus, hoje comandante das operações militares no Afeganistão.

Petraeus, por sua vez, será substituído pelo general da Marinha John Allen, o segundo na hierarquia do comando militar americano na Ásia Central e no Oriente Médio. Para embaixador em Cabul, no lugar de Karl W. Eikenberry será nomeado Ryan Crocker, diplomata aposentado com passagens pelo Iraque, Paquistão, Líbano, Síria ou Kuwait. No horizonte também se configura, para mais tarde, a troca do atual chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, almirante Mike Mullen, pelo seu vice, o general James Cartwright.

Os movimentos nas principais peças do tabuleiro da segurança nacional ocorrem às vésperas de estratégicos e cruciais combates contras as forças talibãs no Afeganistão, próximo do prazo estipulado para o início da retirada de tropas americanas da região — o que poderá ser adiado —, e no ano do encerramento das operações militares no Iraque. Os novos responsáveis escolhidos por Obama terão de lidar ainda com as consequências das insurreições no mundo árabe e a guerra civil na Líbia.

Panetta terá que lidar com cortes no orçamento militar
Robert Gates estava no comando do Pentágono desde 2006, nomeado pelo presidente George W. Bush e mantido no cargo por Obama. Sua atuação foi fundamental no convencimento do presidente em fortalecer as ações militares no Afeganistão, em 2009. Sua cumplicidade com a secretária de Estado, Hillary Clinton, era bastante forte até a primeira importante divergência, provocada recentemente pela participação dos EUA no conflito na Líbia.

Leon Panetta, 72 anos, era o preferido de Gates para substituí-lo no posto, e se tornará o mais velho secretário de Defesa no cargo. Além de lidar com os intrincados dossiês de guerra, terá como um dos principais desafios aprofundar a redução do orçamento militar, inflado após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Há duas semanas, Obama fixou o objetivo de mais U$400 milhões em cortes nas contas da Defesa e de programas de segurança nos próximos 12 anos. Panetta possui experiência nessa área: foi diretor do Departamento de Administração e Orçamento da Casa Branca, durante o mandato de Bill Clinton, e colaborou nas negociações para a aprovação do Orçamento do governo, em 1993.

A CIA foi capitaneada pela última vez por um graduado militar no período 2006-2009, no mandato do general Michael Hayden. O general David Petraeus — que se aposentará do Exército e exercerá suas novas atividades sem uniforme — leva a vantagem de ter trabalhado em conjunto com a CIA nas operações militares americanas no Iraque e no Afeganistão, além de ter estabelecido próximas relações com governos estrangeiros.

Para Christopher Preble, diretor de Política Externa do Instituto Cato, de nada adiantará a troca de nomes da equipe se não forem alteradas políticas de segurança nacional.

— A CIA questionou algumas das previsões mais otimistas sobre um sucesso iminente no Afeganistão. De forma geral, Petraeus focou todas as suas energias nos últimos nove anos tentando aperfeiçoar a capacidade militar dos EUA em guerras às quais a maioria dos americanos se opõe. Ele parece comprometido com uma missão de longo prazo no Afeganistão, o que parece agradar a alguns — disse Preble.

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