Chefes dos Estados-Maiores Conjuntos do Brasil e EUA discutem cooperação bilateral em defesa

O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos, general Martin Dempsey, foi recebido na última sexta-feira (30) por seu contraparte brasileiro, general José Carlos De Nardi, em reunião na sede do Ministério da Defesa, em Brasília (DF). No encontro, os dois chefes militares discutiram o aprofundamento da cooperação na área de defesa entre os dois países.

O general norte-americano ofereceu o apoio de seu país e acenou com a possibilidade de repasse ao Brasil do conhecimento adquirido pelos militares dos EUA nas áreas de combate a organizações criminosas com atuação internacional, defesa cibernética, inteligência e operações de fronteira. “Os EUA e o Brasil têm objetivos comuns em várias áreas. Na defesa, queremos trabalhar em parceria com vocês”, afirmou o oficial.

O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas brasileiras ressaltou a importância do estreitamento das relações com os EUA no segmento de defesa. De Nardi lembrou que os dois países possuem uma tradição de cooperação na área castrense, e afirmou que a experiência dos Estados Unidos no setor industrial de equipamentos militar pode ser valiosa para o desenvolvimento da indústria brasileira de defesa.

Durante o encontro, o general De Nardi fez uma breve explanação ao oficial norte-americano e sua comitiva sobre as mudanças ocorridas na área militar brasileira a partir da edição da Estratégia Nacional de Defesa (END), em 2008. Ele falou sobre a reformulação do arranjo institucional da defesa, com criação, em 2010, do Estado-Maior Conjunto, organismo cujo titular tem o mesmo nível hierárquico dos comandantes das Forças Armadas e cuja atribuição central é coordenar a integração e o emprego conjunto da Marinha, Exército e Aeronáutica.

De Nardi explicou a distribuição de atribuições hoje existente no Brasil, que adotou modelo em que a tarefa de combate a crimes federais e transnacionais cabe a instituições vinculadas ao Ministério da Justiça, a exemplo da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança.

Segundo ele, embora haja repartição de competências, nos últimos tempos o Brasil vem estreitando a cooperação entre as Forças Armadas e as organizações responsáveis pelas ações de segurança interna. O exemplo mais evidente dessa nova dinâmica, afirmou ele, são as operações Ágata e Sentinela que vêm sendo realizadas desde o ano passado no âmbito do Plano Estratégico de Fronteiras. Nessas operações, militares, policiais e agentes ambientais atuam sob coordenação única na repressão a crimes transnacionais.

As observações do general brasileiro se deram em resposta a uma preocupação manifestada por Dempsey com a “escalada” de ações globais de organizações criminosas que detêm capacidade militar. “Estamos aprendendo com isso no Afeganistão e em outros lugares”, disse.

Além de falar sobre questões internas, o chefe militar brasileiro lembrou outros aspectos centrais da END, como o esforço de cooperação com os países sul-americanos, a atenção às operações de paz sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU) e a disposição do Brasil de somente adquirir equipamentos militares mediante a garantia de transferência tecnológica e capacitação nacional. “Estamos com capacidade de ser um país parceiro. Ficar sem o domínio do equipamento não nos interessa”, disse.

De Nardi falou também sobre o esforço que o governo brasileiro tem realizado para dotar o país de uma capacidade de defesa compatível com sua posição de sexta economia do mundo. Ele listou ao colega norte-americano alguns dos principais projetos estratégicos de defesa em curso no Brasil, a exemplo do Pró-Sub, programa da Marinha de construção de cinco submarinos: quatro convencionais da classe Scorpène e um a propulsão nuclear, de projeto nacional.

O general reiterou que o Brasil não pode e não quer desenvolver armamentos nucleares. Ele também falou da posição brasileira, contrária à qualquer interferência militar no Atlântico Sul.

Pouco antes da reunião com De Nardi, o general norte-americano teve um breve encontro com o ministro da Defesa brasileiro, Celso Amorim, que o recebeu em cortesia em seu gabinete. Está acertada para este mês uma visita oficial ao Brasil do secretário de Defesa dos EUA, Leon Edward Panetta.

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