Informe Otalvora – Choque Militar Venezuela x Colômbia?


Nota DefesaNet

Texto original em Diario las Americas:

Choque militar fronterizo temen Santos y la Iglesia Link

O editor
 

Edgar C. Otálvora
@ecotalvora
 

A possibilidade de um incidente militar na fronteira entre Venezuela e a Colômbia, causada pela mobilização militar e o estado de emergência sob o comando militar ordenado por Nicolas Maduro, foi avaliada na altas esferas  dos dois  países. No domingo  (30AGO15), o cardeal venezuelano, Jorge Urosa Savino, Arcebispo de Caracas, concelebrou missa no templo do complexo de Summit Curumo, comemorativo aos cinquenta anos da criação desta paróquia localizada em uma área habitada por classe média com forte presença de famílias de militares.

Em sua homilia e, em suas palavras de despedida, o cardeal referiu-se à expulsão em massa dos colombianos e o fechamento de passagens na fronteira entre o estado de Táchira e departamento de Norte de Santander, alegando que ele tinha provas de violações dos direitos humanos.

Urosa ficou indignado com o silencio dos meios de comunicação venezuelanos, a três documentos emitidos pela Igreja para a situação na fronteira. Ele falou contra o estado de emergência decretado por Nicolás Maduro, em dez municípios de Tachira: "estado de exceção e a suspensão das garantias constitucionais é muito grave."

Além disso, Urosa foi explícito ao se referir a seus temores de uma aventura beligerante na fronteira, que o governoMaduro poderia incentivar para fins políticos, implorando os paroquianos a rezar para que isso não aconteça. Mas não foi apenas o Arcebispo de Caracas, que teme esta perspectiva.

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Dois dias antes, 28AGO15, o presidente da Colombia Juan Manuel Santos, acompanhado de seu ministro do Interior cucuteño Juan Fernando Cristo e seu ministro das Relações Exteriores Maria Angela Holguin, recebeu os representantes presidenciais na Casa de Nariño de vários partidos políticos do governo e da oposição.

Os visitantes levavam uma declaração, assinada inclusive pelos partidos da oposição, incluindo Alvaro Uribe, em apoio da posição de Santos frente a Maduro.  Os partidos  tinham sido convidados para ver em primeira mão a situação de tensão entre os governos da Colômbia e Venezuela. O que inicialmente parecia um fechamento da fronteira por motivos de polícia, tornou-se um choque de Maduro e o governo colombiano em que o governante chavista da Venezuela busca reverter o declínio em sua imagem internacional, antes da expulsão em massa dos colombianos.

Poucas horas antes, Santos havia ordenado seu embaixador na Venezuela Ricardo Lozano, que naquele dia estava na área de fronteira e não voltar a Caracas como parte da escalada no confronto diplomático. Na reunião de Santos e os ministros avaliaram o desdobramento  da crise gerada por Maduro na fronteira.

De acordo com diversas fontes, incluindo um relatório da revista “Semana” de Bogotá, o governo colombiano advertiu aos representantes dos partidos que o fechamento da fronteira e as medidas de emergência adotadas pela Venezuela vão continuar por um longo período de tempo.

Igualmente foi mencionada a possibilidade de um confronto armado, liderado pela Venezuela, foi um dos cenários considerados pela Colômbia. Para o governo de Santos, as ações de  Maduro  têm motivação de natureza de política interna e um dos cenários possíveis seria um conflito armado na área da fronteira poderia melhorar a popularidade do Chavismo (hipótese Malvinas), antes das eleições legislativas ( 06DEZ15), ou mesmo de suspender estas eleições sob o pretexto de conflito externo.

Enquanto isso, no mesmo dia em Caracas, os principais líderes da oposição reunidos no MUD (Mesa de la Unidad Democrática), analisou a situação na fronteira e chegou à mesma conclusão que o governo colombiano. A crise fronteiriça com a mobilização de milhares de soldados, poderia provocar um incidente armado e ser o motivo para a suspensão das eleições na Venezuela.

Na quarta-feira ( 02SET15), o líder da oposição, Henrique Capriles falou e ressaltou que Maduro "tenta provocar o governo colombiano" e busca "um conflito para nos distrair." "Peço ao presidente Santos (…) para não atacar a dupla Maduro-Cabello ", disse Capriles em declarações curiosamente distorcidas por parte da imprensa de oposição venezuelana.

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A pressão política doméstica contra as imagens dramáticas de centenas de colombianos que atravessam a fronteira no rio Táchira com seus pertences nas costas, levou Santos para apostar em uma disputa diplomática direto com Maduro, abandonanado  sua linha de não confrontação pública. Santos chamou de "reunião sem resultados" a mantida  pelos ministros das Relações Exteriores, em Cartagena (26AGO15), após Maduro ter  desautorizado a visita do Procurador Geral (Defensor del Pueblo) ao lado venezuelano da da fronteira.
 
Era a determinação que Maduro não iria abrir a fronteira, e ao contrário ameaçou fechar novos segmentos desta. Na terça-feira ( 28AGO15), o presidente Santos anunciou que a Colômbia solicitou uma reunião de ministros das Relações Exteriores da OEA,  um desafio dem precedentes colocado pelo presidente colombiano ao regime chavista.

Até o momento, Santos tinha interesse em ter a presença da Venezuela no esquema de apoio com as negociações com as FARC, mas o preço na política interna de sua linha ante Maduro havia se tornado muito elevado. Santos teve que limitar-se a simplesmente solicitar uma reunião do Conselho Permanente da OEA, no qual sua Chanceler exporia as alegações contra a Venezuela, mas optou por solicitar a convocação de uma "Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores" para a qual o regime foi contra a Venezuela .

Esta convocação exige que o Conselho Permanente se reuna e aprove por maioria absoluta. Santos, que decidiu medir a sua influência internacional com Maduro, tinha certeza que os 18 votos necessários, mas as estimativas da sua Chanceler não tornou-se realista.

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A reunião do Conselho Permanente da OEA foi convocada para segunda-feira à tarde (31AGO15). Na sequência de intervenções dos representantes da Colômbia e Venezuela, Andres Gonzalez e Roy Chaderton, ficou claro que não houve consenso na convocação de uma reunião de ministros das Relações Exteriores a que teriam de decidir pelo voto a pedido da Colômbia foi nominal.
 
O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, no início da tarde, esperava reunir um mínimo de 19 votos a favor da sua proposta, tendo como certo que acompanharis Panamá e Haiti, especialmente no caso do Haiti, que também enfrenta um processo de expulsão de seus concidadãos a partir da República Dominicana. Prestes a iniciar a votação, os diplomatas colombianos tentaram em vão atrasá-la pedindo uma pausa, durante a qual o preisdente Santos entrou em contato com o presidente panamenho Juan Carlos Varela, que teria mudado as instruções de última hora para o seu representante na OEA.

Dependendo da versão do Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, a mudança de posição do Panamá e Haiti poucos minutos antes da votação deveu-se a telefonemas de emissários de Maduro. Refletindo a perda de património regional, especialmente no Caribe anglófono, a Venezuela havia cooptado apenas cinco votos, os seus associados políticos Nicarágua, Bolívia, Equador, Argentina e o seu próprio.

A Colômbia teve 17 votos a favor, mas abstiveram-se onze governos, incluindo o Brasil, aliado de Chávez, que escolheu uma posição equidistante que lhe permitiu tornar-se futuro interlocutor entre Maduro e Santos.

O pedido da Colômbia para uma reunião urgente dos ministros das Relações Exteriores da UNASUL também foi bloqueado pela Venezuela. A Chanceler venezuelana, Delsy Rodriguez alegou que ele não podia assistir a essa convocação dentro de duas semanas.

Com seu país em crise diplomática simultâne, com dois de seus vizinhos,no domingo (30AGO15), Maduro optou por começar uma viagem, que incluiu paradas em Roma, Vietnã, China, Qatar e Jamaica, em que a chanceler era parte da extensa comitiva.

O Presidente Santos falou à nação, na terça-feira (01SET15), em uma mensagem televisionada na qual ele disse que a decisão da OEA "foram mais fortes a ideologia e os interesses monetários que as razões humanitárias".  Ele também anunciou que estava desistindo da convocação de uma reunião da UNASUL.

Em seu discurso, Santos disse que o procurador-geral colombiano Eduardo Montealegre, "está pensando seriamente em apresentar uma queixa junto do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra os membros da liderança civil e militar do governo venezuelano, que podem ser responsáveis ??por crimes contra a humanidade."

Na quinta-feira (03AGO15), o procurador-geral da Colombia Alejandro Ordóñez, anunciou que iria ajudar ao Procurador do TPI, Fatou Bensouda, na solicitação de acusação acusação à Nicolás Maduro de violação dos direitos humanos.  Os anúncios de  Montealegre e Ordoñez, com quase nenhuma chance de sucesso, foram identificados por Maduro como manifestações de uma suposta guerra contra a Colômbia pela frente.

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Importantes círculos políticos colombianos, liberais e conservadores, questionaram a utilidade da UNASUL, e até mesmo alguns, como o ex-presidente César Gaviria Trujillo, solicitaram a saída da Colômbia deste organismo e censurou o papel pró chavista de seu secretário-geral, Ernesto Samper. Samper também recebeu ataques de Maduro, que na quinta-feira  (03SEP15, desde Pequim, acusou-o de "ser um homem surdo" frente à crescente pressão de Bogotá.

Em tom de recriminação, Maduro declarou: "Eu disse a ele publicamente que a Venezuela propôs uma Comissão Sul-Americana para ir ver a situação da fronteira",e que tal decisão dependia do secretário. Com Samper e a UNASUL virtualmente desqualificados para atuar entre os dois governos, a brasileira Dilma Rousseff enviou seu ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira (04SEP15), em uma turnê urgente à Bogotá e Caracas, tentando criar condições para uma reunião Maduro-Santos, que reduza a crise causada pela Venezuela.

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