Exclusivo – Venezuela – As relações com a Federação Russa a China e a República Islâmica do Irã

Exclusivo 

As relações com a Federação Russa a República Popular da China e a República Islâmica do Irã 

 Venezuela equipada com armas nucleares?

 

 

Canis Latrans

Analista de Defesa especial para DefesaNet

 

 

A República Bolivariana da Venezuela governada através das mãos de ferro e olhar atento do presidente de facto Nicolás Maduro, tem demonstrado nos últimos anos um aumento significante das suas capacidades para o desdobramento de ações ofensivas e defensivas no que se refere ao domínio das guerras de 4ª e 5ª geração, mas não de modo solo, e sim com a ajuda de parceiros que vão além das fronteiras do país sul-americano.

Desde a sua assunção ao poder em 5 de março de 2013, Nicolás Maduro sabia que não poderia ir muito além do seu projeto pessoal de poder sem a ajuda direta por meio de apoio técnico-militar e de inteligência da Federação Russa e da República Popular da China, bases essas estabelecidas desde 1999 por seu antecessor e mentor Hugo Chávez.

As ações que vieram a ser tomadas de maneira primária foram as aquisições e doutrinas para a negação do espaço aéreo venezuelano, transferidas através de técnicos militares russos da RVSN (Força Estratégica de Misseis, na sigla em russo) e das Forças de Defesa Aeroespacial (VVKO, sigla em russo) ao Comando de Defensa Aeroespacial Integral (CODAI), sendo esse último subordinado diretamente ao Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (CEOFANB).

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Maduro recebe briefing sobre sistema de mísseis antiaéreos

Com a assessoria e concepção russa, a Venezuela veio a adquirir sistemas de defesa antiaéreas de curto, médio e longo alcance com capacidades ímpares na América Latina, como os sistemas IGLA-S, BUK-M2, Pechora-2M e S-300 VM. Transformado em termos literais parte norte da América do Sul em uma região intransponível através dos atuais meios aéreos das Forças Aéreas dos países vizinhos, e isso inclui o Brasil e todos os seus atuais vetores em operação na Força Aérea Brasileira.

As aquisições não ficaram somente limitadas e relacionada as baterias e seus sistemas, mas também com a aquisição através da República Popular da China de modernos radares 3D de sistema de alerta de longo alcance JY-27A, desenvolvidos para fornecer informações de alerta antecipado e detectar alvos aéreos de baixa observância em um raio de até 500km, com a Venezuela dispondo extraoficialmente de 22 unidades. Além dos mesmos possuírem a capacidade de fornece informações de alerta antecipado para os sistemas de Defesa Antiaérea, em particular os S-300 VM.

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Sistema de radar chinês 3D de sistema de alerta de longo alcance JY-27A.

Com essas tamanhas capacidades o Comando de Defensa Aeroespacial Integral (CODAI) não fica somente reservado a vigiar as atividades aeroespaciais dentro do espaço aéreo venezuelano, mas também conseguindo rastrear e/ou engajar em tempo real todos os voos civis e militares dentro dos espaços aéreos dos países vizinhos, como a Colômbia e Guiana, assim como porções do Brasil nas Unidades Federativas de Roraima e Amazonas possuindo porções dos seus espaços aéreos intimamente monitorados 24 horas pelo CODAI.

Não o bastante, a Federação Russa também realizou de maneira secreta o envio de militares e técnicos das Organizações Militares do 27º Exército de Foguetes de Guardas (27 Gvardejskaja Vitebskaja Krasnoznamënnaja raketnaja armija) e do 33º Exército de Mísseis (33-ja gvardejskaja raketnaja armija) com contingentes rotativos estabelecendo-se no país por períodos médios de 10 meses, desde meados de 2018.

 

O fato curioso e que precisa ser destacado é que a 27º e 33º não são unidades focadas em misseis convencionais, mas sim em intercontinentais e com capacidade nuclear, dispondo de modelos de sistema como o RT-2PM, com esses sistemas com capacidade de transportar misseis com ogivas de até 550 quilotons.

Nota DefesaNet Para comemorar um ano da interceptação da invasão da Venezuela por Forças Mercenárias, o Ministro da Defesa Vladimir Padrino publicou um estranho tuíte.  Observe no minuto 1´24. Mostra um sistema lançador nuclear YARS. Um erro de edição ou mensagem?

Por um estranho motivo muitas vezes o vídeo roda só até 3 segundos. Abaixo o vídeo original capturado por DefesaNet.

O estranhamento sobre as atividades é maior e vão de encontro aos relatórios da Dirección Nacional de Inteligencia da República da Colômbia que afirmou a necessidade de Nicolás Maduro em adquirir sistemas de misseis de origem iraniana de médio e longo alcance. Nos quais podemos exemplificar dentre os modelos do arsenal iraniano o Shahab-3C, com alcance de 2.100 km, Sejjil-2 com alcance de 2.500 km, e o desconhecido e temido Míssil de Reentrada Múltipla Independentemente Direcionada Fajr-3.

O que implica que a Venezuela está tornando-se de maneira lenta e gradual através do Know-How de como operar tais meios através da escola russa, e com a colaboração irrestrita de Teerã para o fornecimento dos projétis lançadores. Tornando a Venezuela um provável Estado com meios nucleares de baixa potência à disposição, mas sem o domínio tecnológico para projetar e desenvolver do zero tais meios dissuasórios, com as capacidades sendo limitadas a manter e operar, quando houver a necessidade para o uso.

Técnicos e militares iranianos ligados à Força Aeroespacial do Corpo de Guarda Revolucionária Islâmica estão a trabalhar em soluções conjuntas com técnicos civis russos da empresa estatal Votkinsk Machine Building Plant, na Base Aérea Militar Capitão Manuel Ríos (BAMARI) na cidade de El Sombrero, localizada a cerca de 122 quilômetros ao sul da capital venezuelana de Caracas, no complexo petroquímico Hugo Chaves e na Planta de Esterilização por Raios Gama, em Altos de Pipe nos Altos Mirandinos no estado de Miranda, que estão com partes de suas plantas e atividades convertidas para fins militares sob gestão russo-venezuelana.

Além de visitas e conversas ainda não esclarecidas a Venezolana de Industria Tecnológica, uma empresa binacional sino-venezuelana, focada em Sistemas Operacionais (SO), servidores e computadores, com o governo chinês através de uma empresa fantoche sendo responsável por 49% de sua posse. Empresa essa que nos últimos meses recebeu em suas instalações técnicos e engenheiros de comunicação ligados à Huawei, para a ajuda técnica em um projeto carregado em secretismo denominado ´´Intersección VIII´´ cujo o escopo inicial seria para a locomoção e levitação de objetos através de ondas sonoras para fins científicos.

Porém, o denominado projeto mostrou-se muito mais promissor e útil também ao campo militar, com nesse momento Vladimir Padrino López e seus assessores mais próximos ordenando que técnicos da Universidad Nacional Experimental Politécnica de la Fuerza Armada Nacional Bolivariana (UNEFA) converta os ensinamentos repassados para a aplicação no uso militar.

Devemos relembrar a chegada na Venezuela em maio de 2020 de navios-tanques de bandeira iraniana, que usaram como história de cobertura o transporte de combustível para ajudar a escassez de gasolina ao país sul-americano, com 2 desses navios, Fortune e Forest, transportando além do combustível, material militar sensível tecnológico, armamentos de origem chinesa, em especial fuzis Type 56, lançadores de granada Type 69 e toneladas de munições 7.62×39mm para equipar unidades da Milícia Nacional Bolivariana. Enquanto os demais navios transportando unicamente combustível para servir como iscas para o Governo Estadunidense, à época administrado por Donald Trump.

O fato é que a Venezuela, através de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, descobriu por uma necessidade interna e aprovou como modus operandi que a melhor forma de evitar ou ao menos retardar uma possível frente internacional para a desmembramento dos seus poderes seria bloqueando o acesso de forças inimigas pelo ar através de seus modernos Sistemas de Defesa Antiaérea, e agora aprovarão e irão demonstrar para o mundo em pouco espaço de tempo o modus operandi para quando esse inimigo conseguir adentrar e colocar em risco a vida da alta cúpula de Caracas e desestabilizar o monopólio do seu poder.

Com a lentidão das ações a serem tomadas sobre o futuro do regime de Maduro, os Estados Unidos, Brasil, Colômbia e seus aliados regionais deverão pensar em melhores formas de conversar com Caracas quando a mesma anunciar publicamente ao mundo que possui em seu inventário misseis balísticos com capacidades nucleares ou não, de atingir cidades como Miami, Bogotá, San Juan, Manaus, Belém e Porto Velho.

A situação será semelhante a encontrada na península da Coreia, com um Estado economicamente frágil, com meios militares relativamente defasados e governado por um líder político que não tem nada a perder para defender o seu projeto de poder e continuidade à frente da nação. Não ousando em retaliar cidades como Seul e Tóquio, caso Washington inicie quaisquer movimentações militares ofensivas, mesmo sabendo que após o lançamento de tais meios dissuasórios a sua nação será saturada escorraçada de maneira impiedosa.

Serviço de inteligência Venezuelano

No campo da inteligência, outro conceito importado da Rússia e implementado com sucesso ao país sul-americano foi o modo de conduzir as tarefas relacionadas a produção de conhecimento, com o Servicio Bolivariano de Inteligencia Nacional (SEBIN) recebendo a doutrina dos dois grandes órgãos de inteligência da Federação Russa, sendo eles; o Serviço Federal de Segurança e o Serviço de Inteligência Estrangeiro para a formação de sua estrutura e modo de operacionalidade, que teve a estreita observação do desenvolvimento assim como a restruturação por Hugo Chavez quando o referido órgão ainda era denominado Dirección de los Servicios de Inteligencia y Prevención.

Atualmente o SEBIN possui em sua estrutura militares da ativa e da reserva oriundos das Forças de Operações Especiais das Forças Armadas Bolivarianas, com esses agentes possuindo capacidades de planejar e executar Ações Diretas e de Reconhecimento Especializado em território nacional ou estrangeiro, muito contribuído e norteado pela unidade especial do Serviço de Inteligência Estrangeiro da Federação Russa, denominada Zaslon (barreira, em russo) que também faz o uso de militares de diversas unidades Spetsnaz dos mais variados ramos das Forças Armadas russas em seu contingente.

"Forças de Operações Especiais do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) patrulham Caracas, em 15 de janeiro de 2018 – AFP/Arquivos"

 

Com muito desses agentes do SEBIN sendo inseridos em países da América do Sul, mais precisamente na Colômbia e Brasil, para missões de longos meses, para o levantamento de dados e realizar a desestabilização da ordem e segurança das cidades. No Brasil, normalmente adentram através da Operação Acolhida, e outras de caráter humanitário privadas realizadas por ONGs. Com esses agentes passando-se por imigrantes a procura de oportunidades e melhores condições de vida, enquanto na verdade realizam motins através do recrutamento de terceiros, sabotagens nos serviços de logística e reconhecimento por meio de foto, vídeo e áudio que são transferidos em tempo quase real para Caracas.

Algumas operações do SEBIN incluem a abertura de empresas e escritórios, totalmente legalizados, em Bogotá, Barranquilla, Manaus e Boa Vista, assim como a aquisição parcial ou total de empresas de logística e comunicação, para servirem de bases de apoio aos agentes infiltrados em território brasileiro e colombiano.

Os demais órgãos do SEBIN, diferentemente como ocorre no Brasil com a ABIN, não são formados por paisanos que tomaram a assunção dos cargos e funções através de um concurso público, e sim por também militares das Forças Armadas Bolivarianas que estão na ativa ou reserva, e dominam diversas áreas do conhecimento, como; Guerra Acústica e Eletrônica, Operações com VANTs, Gestão Administrativa, Planejamento e Orçamento, Estudos de Inteligência, Análise Estratégica, Operações Especiais etc.

A atividade sensorial humana do SEBIN alcançou níveis invejáveis até as mais modernas e desenvolvidas agências de inteligência do mundo, conseguindo a agência venezuelana em um trabalho sobre-humano de multiplicação de forças converter todos os integrantes da Milicia Nacional Bolivariana, políticos e filiados políticos do PSUV, partidos agregados e membros das Forças Armadas e Policiais, como olhos e ouvidos de Nicolás Maduro.

Hoje na Venezuela não existem casas, ruas, becos, telhados, quartos ou pontos do país que não tenham homens e mulheres de todas as faixas etárias e funções empregatícias que não sejam coniventes direta ou indiretamente com integrantes do SEBIN, um número que passa a casa dos 7 milhões de pessoas se levarmos em consideração somente aos filiados ao PSUV.

Tornando internamente a Venezuela um ambiente altamente hostil para quaisquer tipos de aventuras militares que tenham por objetivo a prisão e/ou morte de Nicolás Maduro e membros do alto escalão do seu governo.Com essa capacidade sendo posta em prática quando operadores de uma Companhia Militar Privada estadunidense denominada Silvercorp foram capturados por órgãos de segurança venezuelanos, após terem sido denunciados por pescadores e crianças que repassaram as informações sobre a localização dos mesmos ao SEBIN.

O regime de Nicolás Maduro conta com o fornecimento de informações privilegiadas extraterritoriais, assim como mão de obra para desestabilizações, e exemplos não faltam, um dos mais notórios talvez seja a estreita simbiose com o Partido dos Trabalhadores do Brasil (PT) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que através de seus membros políticos e revolucionários possuem uma intima relação com Caracas, como por exemplo a Senadora Gleise Hofmann e João Pedro Agustini Stedile;

 

 

Moscou irá pôr fim seu apoio ao regime de Maduro?

 

Por mais que os mais ufanistas ainda tentem manter na memória que a Federação Russa seja um Estado comunista por conta do seu passado soviético, hoje a realidade é outra, a Rússia de Putin organiza suas ações a nível global não olhando pelo viés ideológico, mas sim através da Real Politk, buscando unicamente interesses e a projeção para o seu país e povo independentemente da nação ou líder governamental a quem esteja realizando as tratativas.

Com a Venezuela não é diferente, Vladmir Putin irá fornecer todo o apoio técnico e militar necessário ao regime de Nicolás Maduro enquanto os Estados Unidos e a OTAN continuarem a avançar e interferir no seu espaço de domínio geoestratégico, para ser mais exato, a Ucrânia, Báltico e países do escopo da Ásia Central e Cáucaso. Com Putin literalmente como quisesse falar “Ok, vocês vieram me perturbar aqui, então também irei retirar a tranquilidade de vocês!”.

A realidade é que a ajuda de Moscou não está saindo de graça ou por uma mera retaliação de Putin, mas com o governo venezuelano pagando ao Kremlin pelo suporte técnico-militar e de inteligência com o fornecimento de pagamentos sendo realizados em ouro e diamantes, permitindo inclusive que Companhias Militares Privadas russas(PMC) dominem a gestão de garimpos para a extração de diamante e ouro em meio a floresta amazônica, com quilos de diamantes e pedras preciosas das mais variadas qualidades, pesos, tipos e tamanhos e ouro sendo extraídos diariamente, na região chamada Arco Minero, e transportados em voos privados para o tesouro russo através de pequenos jatos e empresas de logística e transporte sediadas na Rússia.

Companhias Militares Privadas como o Grupo Wagner, chefiada por Dmitriy Valeryevich, e uma segunda ainda desconhecida que possui a frente nas operações um ex-membro do Serviço de Inteligência Estrangeiro da Federação Russa de possível nacionalidade brasileira ou israelense conhecido localmente como Sanctions Buster estão dominando porções de áreas quilometrais que inclusive aproximam-se das regiões da fronteira com o Brasil e Guiana, com relatos da presença de garimpeiros roraimenses trabalhando nesses campos vigiados e demarcados por paramilitares fortemente armados com fuzis, metralhadoras e morteiros.

Nota DefesaNet

Enquanto preparávamos esta matéria a inteligência americana monitorava dois navios  iranianos, que cruzaram o Cabo da Boa Esperança, na sexta-feira 04JUN2021.

https://d1a5vuhmdbnak9.cloudfront.net/defesanet/site/upload/media/1622841293_53641.jpg?rand=9

Acima o navio I.R.I.N.S 441 MAKRAN que é acompanhado por um navio tanque. Fotografado por satélite foi identificada a carga de sete lanchas de ataque rápidas no convés.

 

https://d1a5vuhmdbnak9.cloudfront.net/defesanet/site/upload/media/1622841272_97289.jpg?rand=9

Foto fornecida pelo satélite MAXAR e publicada pelo US Naval Institute https://news.usni.org/2021/06/01/iranian-warship-thought-to-be-headed-to-venezuela-left-port-with-7-high-speed-missile-boats-aboard

 

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