Navio de pesquisas da Marinha que pode redefinir as fronteiras do Brasil atraca em Belém (PA)

“Novos Bandeirantes”: tripulação do Navio Hidroceanográfico “Cruzeiro do Sul” realiza pesquisas para subsidiar demanda do Brasil para aumentar a área marítima em que o País pode exercer soberania

Por Segundo-Tenente (RM2-T) Augusto Rodrigues – Belém, PA

O Navio Hidroceanográfico (NHo) “Cruzeiro do Sul”, operado pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, atracou, nesta sexta-feira (10), no Porto de Belém (PA). Esta é uma parada estratégica para o Navio, que realiza pesquisas em apoio ao Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC), programa de Estado que tem o propósito de determinar a área marítima, além do limite de 200 milhas náuticas, na qual o Brasil pode exercer direitos de soberania para a exploração dos recursos naturais do leito e do subsolo marinho.

Nesta comissão, o Navio tem como tarefas coletar dados de batimetria (medição de profundidade de massas de água) e de sísmica rasa (caracterização de feições de fundo e sub-fundo marinho), a fim de reforçar a identificação da base do talude (região oceânica de inclinação acentuada), em especial nas regiões do Mega Deslizamento Pará-Maranhão e na Cadeia Norte Brasileira.

“Nessa etapa, nós fizemos, em cerca de 1.600 milhas náuticas [aproximadamente 2.900 quilômetros], esse trabalho de coleta de dados de batimetria, utilizando o ecobatímetro multifeixe EM-122, e de sísmica rasa, utilizando o perfilador de sub-fundo SBP-120, de modo a contribuir com a identificação da base do talude, de forma a auxiliar os pleitos do LEPLAC junto à Comissão de Limites da Plataforma Continental, na ONU. O Navio fez esses trabalhos na margem equatorial brasileira, basicamente na região oceânica adjacente aos estados do Ceará, Maranhão e Pará”, explica o Comandante do NHo “Cruzeiro do Sul”, Capitão de Fragata Claudio Luiz Pereira Batista.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar define que a plataforma continental de um Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma distância de 200 milhas marítimas.

A ONU permite que os países ampliem seus limites marítimos, desde que apresentem estudos que comprovem a extensão da sua plataforma continental. A regra consiste em determinar, a partir da definição da profundidade do mar e da espessura de sedimento, até onde existe o prolongamento natural da massa continental submersa.

“Assim como os Bandeirantes, antigamente, fizeram a expansão para o oeste, em busca de riquezas, e definiram as fronteiras a oeste do Brasil, nós estamos em uma fase de determinação do limite exterior da nossa última fronteira, a leste do Brasil, além das 200 milhas náuticas. Isso vai ser um legado para as gerações futuras, já que o Brasil vai ter a oportunidade do direito à soberania e exploração das riquezas minerais do leito e do solo e subsolo marinhos”, explica o Comandante Claudio.

Rota
O “Cruzeiro do Sul” suspendeu no dia 6 de fevereiro, do Píer Paulo Irineu Roxo Freitas, localizado na Base de Hidrografia da Marinha em Niterói (RJ). A primeira parada foi no Porto de Fortaleza (CE), onde a embarcação permaneceu entre 17 e 22 de fevereiro. O Navio Hidroceanográfico permanece na capital paraense até o dia 14 de março, quando partirá para nova escala em Fortaleza, Natal (RN), até o retorno à Base, em Niterói, no dia 20 de abril.

Navio Hidroceanográfico “Cruzeiro do Sul”
Com tripulação de 66 militares, composta por 11 Oficiais e 55 Praças, o Navio tem a capacidade de receber 16 pesquisadores, os quais contribuem para o desenvolvimento das atividades de pesquisa no mar.

O “Cruzeiro do Sul” tem 65,7m de comprimento, boca (largura) de 11m e calado (toda a parte da embarcação que fica submersa) de 6,5m. Desloca-se à velocidade máxima de 9 nós (16,6 km/h). A embarcação é equipada com dois guinchos oceanográficos para águas profundas, dois ecobatímetros, além de estação meteorológica.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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